Ação da Petrobras encosta de novo em R$ 29: o que esperar para o papel segundo gráficos e fundamentos?

Petróleo em alta, autoridades negando pressão na política de preços e mais fatores que trazem otimismo

Ricardo Bomfim

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SÃO PAULO – Enquanto o Ibovespa caiu mais de 2% nesta segunda-feira (4), as ações da Petrobras (PETR3; PETR4), um dos papéis mais pesados do índice, registraram ganhos em torno de 2,5%. A ação preferencial PETR4 chegou a R$ 28,79 (+2,8%) e a ordinária PETR3 encerrou em R$ 29,38 (+2,4%), superando, portanto, os R$ 29,00, algo que não acontecia desde 27 de agosto, quando a ação fechou em R$ 29,08.

Um dos fatores que levou a petroleira a ter um desempenho muito melhor do que o benchmark foi o avanço das cotações do petróleo no mercado internacional. Hoje, o barril do Brent se valorizou em 2,5% a US$ 81,26, depois da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e Aliados (Opep+) concordar em manter o ritmo de aumento na produção do petróleo em 400 mil barris por dia para o mês de novembro.

Alguns dos maiores clientes da Opep como os Estados Unidos e a Índia estavam pressionando o cartel a acelerar o ritmo de incremento na produção do combustível.

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Bruno Komura, estrategista da Ouro Preto Investimentos, explica que as ações de empresas ligadas ao petróleo globalmente operam na contramão das bolsas, uma vez que as incertezas em relação à possibilidade da incorporadora chinesa Evergrande conseguir pagar suas obrigações continua depois da empresa ter a negociação de suas ações suspensa em Hong Kong.

“Soma-se a isso a não resolução no Congresso dos Estados Unidos do problema do teto da dívida”, diz Komura, referindo-se à possibilidade de paralisação (shutdown) do governo americano se o Legislativo não aprovar um aumento nos gastos que o Executivo pode ter este ano.

Para explicar os ganhos de hoje, procuramos analistas técnicos e fundamentalistas, que também traçaram perspectivas para os papéis da principal estatal brasileira. Leia abaixo.

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Análise Fundamentalista

Para Enrico Cozzolino, analista da Levante Ideias de Investimentos, a Petrobras repercute não só a resistência da Opep+ em acelerar a produção de petróleo, como também fez bons anúncios.

A companhia comunicou ao mercado que concluiu as obrigações previstas em acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ), acerca das perdas de investidores por conta da corrupção descoberta pela Operação Lava Jato.

“O assunto agora está encerrado, virando uma última página de uma história ruim para a empresa”, destaca Cozzolino.

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Fora isso, o analista da Levante ressalta que foi bem recebida no mercado a declaração de Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, dizendo que foi mal interpretado quando disse que os preços da Petrobras mudam mais rápido do que o repasse de combustíveis no exterior. “Isso era num sentido positivo, de dizer que nós somos mais economia de mercado”, justificou-se.

Completando as notícias positivas para os fundamentos da empresa, Cozzolino lembra que a estatal anunciou a venda da participação de 20% que detém, via Petrobras America Inc., na MP Gulf of Mexico, petroleira que possui campos offshore no Golfo do México. “Reafirmando que segue sua politica de preços e de desinvestimento de forma independente”, comenta o analista.

Por outro lado, Bruno Komura aponta que não considera como ideal o posicionamento em Petrobras para exposição ao cenário de valorização dos preços do petróleo.

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Na opinião do estrategista da Ouro Preto, ações como as da PetroRio (PRIO3) e da 3R (RRRP3) são melhores para investimento apostando em um ciclo de alta da commodity. Isso porque as duas, segundo ele, não correm os mesmos riscos de ingerência/intervenção política que a Petrobras.

“Vale lembrar que a crescente alta do petróleo deve pressionar a inflação”, argumenta o estrategista.

De acordo com dados compilados pela Refinitiv, as ações ordinárias PETR3 da Petrobras acumulam cinco recomendações de compra e duas neutras entre bancos, corretoras e casas de análise que cobrem esses papéis. O preço-alvo médio estimado para a ação é de R$ 34,03, o que representa uma variação de 15,83% sobre o nível de fechamento desses papéis nesta segunda-feira.

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Já as ações preferenciais PETR4 têm 10 recomendações de compra e duas neutras, com preço-alvo médio projetado de R$ 33,30, o que equivale a uma valorização de 15,67% sobre o fechamento de hoje.

Análise técnica

Segundo Gilberto Coelho, analista técnico da XP, a Petrobras PN está em tendência de alta no gráfico semanal por médias móveis e está perto de romper um topo triplo nos R$ 29,00, o que abriria caminho para o teste das projeções de Fibonacci nos R$ 33,00 ou R$ 37,00.

Já os suportes do papel, pontos abaixo do preço atual nos quais a ação costuma encontrar muitos investidores dispostos a comprar, mais próximos são os R$ 26,50 e os R$ 23,79. Giba comenta que esses níveis ainda estão dentro da tendência principal de alta, de modo que mesmo se a ação caia até eles poderá ser considerado apenas correção dentro da tendência. Ou seja, não há necessidade de vender quando os suportes forem atingidos.

“Somente teria sinal de reversão para baixa em caso de fechamento abaixo dos R$ 18,70”, completa o analista.

Gráfico semanal das ações preferenciais da Petrobras

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Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.