Quem investe em ações, sabe que acompanhar os movimentos da economia e utilizar indicadores da análise fundamentalista são coisas essenciais na hora de escolher bons papéis para a carteira. Além disso, é preciso também conhecer os principais índices da bolsa, e um dos mais importantes é o de Small Cap (SMLL), que representa ações de empresas com grande potencial de crescimento.

Essas companhias podem ser uma boa alternativa de diversificação para quem busca alavancar os ganhos com ações. A seguir, mostraremos as características das small caps e como funciona o índice de referência dessas empresas na bolsa. Continue a leitura e confira.

Entenda como funciona o mercado de ações e a bolsa de valores

O que são small caps?

Apesar do nome, as small caps nada têm de pequenas, inclusive muitas delas são referência em seus setores de atuação, conforme veremos mais adiante. A nomenclatura se refere à capitalização de mercado dessas empresas, que é menor do que a das gigantes da bolsa – também conhecidas como blue chips, que estão entre as mais negociadas do Ibovespa.

Por sua vez, a capitalização de mercado (ou valor de mercado) corresponde ao total de ações da companhia multiplicado pela sua cotação no pregão. Essa é uma das métricas de avaliação das empresas em relação a outras listadas na bolsa.

Não existe um padrão único em relação ao valor de mercado para determinar se uma empresa é ou não uma small cap. Dependendo da análise de cada instituição financeira, a faixa de classificação pode considerar valores entre algumas centenas de milhões até R$ 6 bilhões ou mais.

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Já a ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) considera small caps as companhias que não estejam entre as 25 maiores participações do IBr-X.

Por não haver um consenso sobre a classificação, outros critérios costumam ser utilizados em conjunto à capitalização de mercado para identificar uma small cap, como:

  • Empresas novatas ou que atuam em setores em expansão: na prática, normalmente as small caps apresentam essas duas características juntas.
  • Menor liquidez no pregão: como são menos conhecidas do que as blue chips, seus títulos não têm o mesmo volume de negociação que as gigantes. Isso também faz com que tenham mais volatilidade e, consequentemente, mais risco.
  • Dividendos menores ou menos regulares: as small caps necessitam de reinvestimentos mais constantes no negócio. Por isso, costumam pagar menos dividendos do que empresas mais consolidadas.

O que é o índice Small Cap (SMLL)?

O índice Small Cap representa uma carteira teórica formada por ações e units de empresas que fazem parte desse segmento. Assim como o Ibovespa representa a performance das companhias mais importantes da bolsa, o mesmo acontece com esse índice, porém o seu foco é nas empresas de menor capitalização.

O SMLL é um índice de retorno total, da mesma forma que o principal índice da bolsa brasileira. Isso significa que ele reflete não somente as variações nos preços dos ativos que o integram, mas também o impacto que a distribuição de proventos por parte das emissoras teriam no seu retorno.

Ficam de fora da constituição do índice os BDRs (Brazilian Depositary Receipts) e as ações de companhias em recuperação judicial ou extrajudicial, em regime de administração temporária, intervenção ou que sejam negociadas em alguma outra situação especial de listagem.

Como o SMLL é formado?

Quem determina a formação do SMLL é a própria B3. Segundo as regras, para que possam compor o índice, as ações e as units precisam atender a todos os quatro critérios a seguir:

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  • Presença em 95% dos pregões no período de vigência das três carteiras anteriores;
  • Estar fora da lista dos ativos que representam 85% do valor de mercado das empresas listadas na B3;
  • O seu somatório deve representar 99% do Índice de Negociabilidade nas três carteiras anteriores;
  • A ação ou unit não deve ser uma penny stock (valer menos de um real).

A cada quatro meses, é feita uma revisão no índice, para avaliar a necessidade de se fazer modificações caso as atuais empresas deixem de cumprir os critérios vistos acima. Se isso acontecer, os ativos que estiverem em desacordo com as regras serão substituídos.

Por fim, a representatividade de cada ativo no índice será definida pelo respectivo free float (ações que estão em circulação).

O índice Small Cap caminha junto com o Ibovespa?

Como ambos refletem as oscilações do mercado acionário brasileiro, acabam se movimentando na mesma direção, porém não com a mesma intensidade. No gráfico abaixo, você pode observar a trajetória do SMLL e do IBOV desde agosto de 2018:

Perceba que, apesar de mantida a mesma direção, a trajetória de ambos se descola em alguns momentos. Essas oscilações acontecem porque small caps e blue chips (ações representadas pelo Ibovespa) reagem de forma diferente a determinadas variáveis que agem sobre a economia.

Um dos motivos dessas diferenças é o próprio mercado de atuação. Ao contrário das gigantes da bolsa, que são exportadoras em sua maioria, as empresas de média capitalização estão bem mais concentradas no mercado interno, em setores como varejo, construção civil ou tecnologia, por exemplo.

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Logo, são muito mais vulneráveis ao contexto econômico doméstico do que as companhias que têm parte dos seus resultados vinculados ao dólar, ao euro ou a outra moeda forte. 

Em outras palavras, a exposição ao mercado internacional consegue compensar eventuais momentos de turbulência interna.

Assim, se a economia estiver mais retraída no país do que no exterior, a performance das exportadoras acaba sendo menos afetada do que a de empresas que só dependem do poder de consumo local. Em situações como essa, a tendência natural é de que o IBOV supere o SMLL.

Por outro lado, quando o cenário interno é de prosperidade e há mais disposição para o consumo, as empresas da nova economia ganham destaque.

Em momentos assim, as small caps podem proporcionar ganhos bem acima do Ibovespa, principalmente as ações menos conhecidas, pois seus títulos ainda estão descontados.

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Outro fator que mexe com o desempenho dessas ações é a menor previsibilidade de resultados, o que é natural entre empresas ainda não maduras.

Em tempos de economia mais instável ou retraída, é normal que os investidores da bolsa busquem portos mais seguros e prefiram a constância das gigantes, mesmo que o potencial de ganho possa não ser o mesmo.  

Ações que formam o SMLL

A quantidade de empresas que formam o índice Small Cap pode variar a cada revisão, sendo que, normalmente, ficam próximas a 100. Diferentemente do Ibovespa, que tem forte concentração em commodities e no setor financeiro, o SMLL abrange diversos setores em proporções semelhantes.

Nomes como Embraer (EMBR3), Aliansce Sonae (ALSO3), Gol (GOLL4), Taesa (TAEE11), 3R Petroleum (RRRP3), GPA (PCAR3), Petrorecôncavo (RECV3), Fleury (FLRY3), Usiminas (USIM5), Marcopolo (POMO4), Arezzo (ARZZ3), AES Brasil (AESB3) e Copasa (CSMG3) costumam aparecer na com frequência no índice.

No site da B3, você pode acompanhar a carteira atualizada do SMLL.

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Qual o melhor momento para investir em small caps?

Como vimos, as small caps tendem a apresentar mais volatilidade do que as gigantes da bolsa, ou seja, sofrem mais em ciclos macroeconômicos ruins e se valorizam mais em momentos de alta. Por isso, o melhor é investir nesse tipo de empresa em períodos de expansão econômica.

Ivan Barboza, sócio-gestor do Ártica Asset Management, observa que épocas de cortes de juros podem sinalizar um bom momento para as small caps. 

“No entanto, é importante saber que essa categoria é bastante heterogênea. Existem hoje small caps de alta qualidade e que estão sendo negociadas a preços atrativos na bolsa, mas também há empresas que já estão caras ou atuam em segmentos de negócios mais frágeis. Por isso, é essencial analisar os fundamentos de cada oportunidade para selecionar onde vale a pena investir”, indica o gestor.