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SÃO PAULO – Em um cenário previsto de vacinação global em massa ao longo do primeiro semestre de 2021 e de melhora das economias, o Brasil deverá acompanhar a retomada, mas em um ritmo ainda “cauteloso”.
Na visão do Santander, o PIB brasileiro deverá ter queda de 4,8% em 2020, mas voltar a crescer 3,4%, no próximo ano, bem abaixo do esperado no início da crise, mas em razão de efeito estatístico.
Segundo Ana Paula Vescovi, economista-chefe do banco, há uma recuperação cíclica contratada, principalmente depois de uma injeção de estímulos importante para o país na crise, que deve levar a atividade a crescer 9% no terceiro trimestre deste ano.
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Os próximos passos do governo, contudo, serão determinantes para o rumo do país, especialmente no que tange à contenção das despesas.
“Em 2021, vamos ter fortes emoções”, disse Ana Paula, durante a 4º edição do Simpósio de Gestores, promovida na manhã desta terça-feira (24) pela Santander Asset Management.
Com a necessidade de rolagem de R$ 600 bilhões da dívida no próximo semestre, as reformas fiscais serão imprescindíveis, defendeu a ex-secretária do Tesouro Nacional. “O caixa do Tesouro dá um pouco mais de espaço estratégico para a gestão da crise, mas não resolve a crise”, disse a economista. “Precisamos continuar na trajetória de conter despesas primárias.”
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Os próximos passos do governo serão decisivos também para o rumo do câmbio, com prêmios de risco atualmente bastante refletidos na taxa, destacou a economista.
Se o governo seguir a trajetória de afirmar a responsabilidade fiscal e a macroeconômica, há espaço para apreciação da moeda brasileira, com o dólar podendo cair a R$ 4,60. Por outro lado, se o governo não conseguir dar uma demonstração clara sobre como vai endereçar a questão da dívida pública, a moeda americana poderá atingir a cotação de R$ 6,70.
“São cenários binários, muito dependentes dos próximos eventos”, disse Ana Paula.
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Além do fiscal, estão em pauta as reformas tributária e administrativa, e a continuação de marcos regulatórios de infraestrutura.
Considerando o melhor cenário, de compromisso do governo com as reformas, o Banco Central teria mais tempo para sustentar a taxa Selic a 2% ao ano, com alterações apenas em 2022, indicou a economista.
Maior apetite de risco
Apesar das incertezas no horizonte, a economista-chefe do Santander acredita em uma maior tomada de risco pelo investidor na virada do ano e no início de 2021, especialmente passadas as eleições presidenciais americanas, o que abre oportunidade para mercados emergentes.
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A própria eleição do candidato democrata Joe Biden à presidência americana tende a favorecer um movimento de integração global, também positivo para os emergentes. “Temos uma avenida de oportunidades.”
Tido como um dos temas mais preocupantes do momento, o aumento do desemprego, com efeito na maior desigualdade brasileira, está no radar do Santander, com a possibilidade de o país atingir o pico de 17 milhões de pessoas desempregadas.
Mais uma vez, a reforma tributária é tida como uma medida transformadora para a economia reagir e o ambiente de negócios, melhorar. “Os incentivos foram importantes na pandemia, mas, saindo dela, precisamos voltar ao terreno de dar sustentação ao nosso cenário, investir no nosso ambiente de negócios”, ressaltou Ana Paula.
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