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As empresas brasileiras ficaram mais otimistas com as perspectivas de produção para o período de 12 meses à frente, segundo pesquisa global de perspectivas de negócios realizada pela S&P. De 12 países para os quais existem dados comparáveis, o Brasil ficou em segundo lugar no ranking de perspectivas de produção no mês, atrás apenas da Irlanda.
Segundo a S&P Global, o otimismo veio principalmente das previsões de taxas de juros mais baixas nos próximos meses e pela percepção de melhores condições de demanda. No entanto, as projeções de inflação de custos não relacionados à folha pessoal aumentaram, refletindo em grande parte uma revisão para cima no setor de serviços.
Mas o saldo líquido de empresas que preveem preços de insumos mais altos caiu para uma mínima de seis anos, de acordo com a pesquisa. Ao mesmo tempo, houve revisões em baixa nas intenções de contratação, nos planos de investimentos e nas expectativas de custo de pessoal no setor privado.
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O saldo líquido da atividade de negócios da S&P Global no Brasil subiu da mínima de dois anos e meio captada em fevereiro, de +37% para +41% em junho. As leituras para a área de manufatura cresceram de +46% para +49% na mesma comparação, enquanto as de serviços avançaram de + 34% para +38%.
Os empresários acreditam que o abrandamento das medidas oficiais de inflação deve sustentar reduções nas taxas de juros, apoiando tanto o consumo como o investimento. As empresas também disseram na pesquisa esperar a reforma tributária, o crescimento do uso de inteligência artificial e o surgimento de novos nichos de mercado para sustentar a economia.
Os preços dos alimentos, maiores custos de empréstimos e movimentos da taxa de câmbio foram as principais preocupações citadas pelos entrevistados. Essas preocupações fizeram com que um maior saldo líquido das empresas pretendesse aumentar seus encargos.
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As previsões de preço para custos não relacionados a pessoal e encargos de produção aumentaram no nível agregado, para máximas de um ano de +41% e +38%. As estimativas de inflação para custos com pessoal caíram para +36%, a menor desde fevereiro de 2021.
Juros afetam investimentos
As empresas do setor privado no Brasil rebaixaram seus planos de investimento para o próximo ano. O saldo líquido das empresas que pretendem aumentar o capex caiu de +18% em fevereiro para uma baixa de um ano de +14% em junho.
A queda foi centrada em serviços, enquanto o sentimento dos produtores de bens se recuperou da mínima de dois anos e meio em fevereiro.
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Da mesma forma, uma revisão para baixo nos planos de gastos com P&D em provedores de serviços mais do que compensou uma melhora nos fabricantes, levando a um declínio no saldo líquido composto (de +12% em fevereiro para +8% em junho).
As considerações sobre s restringiram os planos de contratação, com um saldo líquido menor de empresas do setor privado planejando contratar pessoal extra do que no início de 2023. O saldo líquido de empregos caiu para a mínima de três anos de +16%, com quedas observadas em ambos os setores de manufatura (+11%) e serviços (+18%).
Pollyanna De Lima, diretora associada de Economia da S&P Global Market Intelligence, comentou em nota que as empresas brasileiras ficaram mais otimistas em relação às perspectivas para a atividade empresarial, já que a inflação mais branda parece apoiar os cortes nas taxas de juros, ajudando os gastos do consumidor e o investimento do setor privado.
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“No entanto, a perspectiva positiva para a produção foi insuficiente para aumentar os orçamentos de capex e P&D, pois as empresas continuaram preocupadas com os encargos financeiros elevados em meio às expectativas de que qualquer redução das taxas de juros será gradual”, ponderou.
Ele destacou ainda que, embora os participantes da pesquisa desejem aumentar suas capacidades para atender às crescentes necessidades de demanda, os obstáculos financeiros e as avaliações de custos levaram à redução dos planos de contratação.
“Os resultados de junho apontaram trajetórias contrastantes para as expectativas de inflação entre fabricantes e prestadores de serviços, refletindo a natureza distinta desses setores.”
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A visão brasileira destoou um pouco da verificada em outras economia que participaram da pesquisa. As economias europeias para as quais os dados combinados de manufatura e serviços estão disponíveis tiveram uma queda na confiança desde a pesquisa de perspectivas de fevereiro. E um ligeiro retrocesso no sentimento também foi visto nos EUA.
Enquanto isso, o otimismo na China continental diminuiu após o salto no sentimento após a remoção das restrições relacionadas à pandemia na virada do ano. Em outros lugares, houve melhorias na confiança em relação à atividade empresarial. Além do Brasil, Índia, Japão e Rússia melhoram em comparação com a pesquisa de fevereiro.
A S&P Global Business Outlook Survey foi feita com base nas respostas de um painel de 12.000 empresas ouvidas entre 12 e 28 de junho.