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SÃO PAULO – Depois de México, Chile e Costa Rica, um quatro país latino começa a imunizar sua população. A Argentina iniciou nesta terça-feira (29), por volta das 9h da manhã no horário local, a campanha de vacinação da sua população contra a Covid-19.
Alberto Fernández, presidente argentino, já havia declarado anteriormente que a vacinação no país começaria nesta semana. O país usa a Sputnik V, vacina desenvolvida pelo laboratório russo Gamaleya.
Na primeira fase, a vacinação será destinada a 23,1 mil profissionais de saúde em todas as províncias do país. Trabalhadores de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), dos laboratórios que manuseiam amostras de Covid-19 e socorristas também estão autorizados a receberem essa primeira dose.
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“Recebemos as primeiras 300 mil doses para iniciar este grande desafio, que é a campanha de vacinação mais importante da história da Argentina”, disse Carla Vizzotti, secretária no Ministério da Saúde da Argentina e parte da delegação que viajou à Rússia para receber informações técnicas sobre a Sputnik V. Carla voltou no mesmo avião que transportou as primeiras doses e deu a declaração para o programa de rádio Con Vos.
A vacinação está sendo realizada em 110 hospitais em toda província de Buenos Aires. Apenas na cidade autônoma, são 37 instituições de saúde aplicando o imunizante. Pela divisão realizada pelo governo, a província de Buenos Aires deve receber 123 mil doses nesta primeira etapa, ou quase metade do primeiro carregamento.
Embora seja o começo da campanha de vacinação, o primeiro número de doses é muito insuficiente para a população argentina, de 45 milhões de habitantes. Essas 300 mil doses dizem respeito apenas à primeira aplicação. Depois de 21 dias, é indicada uma segunda aplicação do imunizante.
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Fernán Quirós, ministro da Saúde da Cidade de Buenos Aires, disse em coletiva com a imprensa argentina que é preciso “ter informações técnicas antes da próxima entrega” das vacinas Sputnik V, segundo o periódico argentino La Nación.
Também segundo informações da imprensa local, essa primeira etapa da vacinação deve servir como um piloto para as próximas fases da campanha. O coordenador do setor de logística no Ministério da Saúde da Argentina, Juan Pablo Saulle, afirmou que “todo o calendário foi elaborado para fazer a entrega em cada ponto de cada província, para [a vacina] chegar com uma diferença de apenas 3 a 4 horas.”
A expectativa do governo é ter imunizado 10 milhões de argentinos até fevereiro. Caso cumpra a meta, o país abarcaria mais de três quartos das pessoas que integram os grupos de maior risco para a doença, segundo a agência de notícias Reuters.
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O presidente argentino afirmou, em uma entrevista ao canal Televisión Pública Argentina, que o inicio da vacinação no país é “simbólico”. Fernández disse que não haverá nenhuma província ou pessoa que será vacinada primeiro no país e que a intenção é que haja uma imunização pulverizada.
“Na Argentina, se começa a vacinar às nove horas da manhã, em todos os lugares. Não queremos que haja um primeiro em algum lugar”, disse. “Argentinos e argentinas poderão ter acesso à vacina em qualquer rincão da Argentina. Isso é simbólico, eu quero que seja assim.”
Dúvidas sobre a Sputnik V
A Administración Nacional de Medicamentos, Alimentos y Tecnología Médica (Anmat), espécie de Anvisa argentina, aprovou o uso do imunizante Sputnik V em caráter emergencial no dia 23 de dezembro. Autoridades russas estimam uma eficácia de 91,4% para a vacina.
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Segundo o La Nación, a Anmat não recomendou a aplicação da vacina em maiores de 60 anos de idade, porque não houve um nível aceitável de significância estatística na amostra analisada de voluntários. O grupo seria o próximo a ser vacinado na Argentina, após o de profissionais de saúde.
Vale lembrar que Vladimir Putin, presidente da Rússia, afirmou em 18 de dezembro que esperaria para tomar a Sputnik V contra o coronavírus devido à sua idade. No dia 26 de dezembro, porém, o Ministério da Saúde da Rússia aprovou o uso da Sputnik V em idosos. Putin voltou atrás e disse que apenas aguardaria que “as formalidades fossem resolvidas” para receber o imunizante.
De acordo com o La Nación, a comunidade médica argentina tem dúvidas sobre a vacina russa. A Sputnik V ainda não publicou em uma revista cientifica os resultados de eficácia da fase 3 de estudos clínicos. Já segundo o periódico argentino Clarín, o Fundo Russo de Investimentos Diretos afirmou que essa publicação acontecerá no começo de janeiro de 2021.
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Outra preocupação da comunidade médica argentina é com efeitos adversos. Ao La Nación, o Gamaleya informou que 12 adultos voluntários da fase 3 da Sputnik V tiveram efeitos adversos sérios. Entre esses efeitos estavam cólica renal, trombose venosa profundo e abscesso em um membro. O laboratório russo disse que os efeitos não estavam relacionados com a vacina, mas sim eram “baseados em enfermidades pré-existentes e documentadas antes do início do ensaio clínico.”
Norberto Hernández, secretário executivo da Federação Médica da Província de Buenos Aires (Femeba, na sigla original), afirmou ao La Nación que houve um aumento de casos antes do Natal. A dinâmica de contágios durante o verão também seria um ponto de preocupação.
“Sabemos que a vacina é o começo de uma solução para a pandemia”, disse Hernández. “Mas também estamos ávidos por receber mais informação e seguimos atentos ao que as autoridades médicas argentinas dizem a respeito [da vacina]”. O secretário lembrou que a vacinação será voluntária e que qualquer médico pode esperar por mais informações.
Ricardo Solari, secretário geral da Associação de Médicos Municipais da Cidade de Buenos Aires, afirmou que ainda não se sabe o nível de imunidade que será gerado com a vacinação. “Mas a sensação no ambiente médico é de que ela nos dará certa tranquilidade.”
Segundo Quirós, o ministro da Saúde da Cidade de Buenos Aires, cada pessoa que recebeu a primeira dose da vacina será acompanhada com ligações telefônicas. O objetivo é dar alertas precoces de efeitos secundários.
Ainda segundo Quirós, a média diária de infectados passou de 300 casos para 600 casos nos últimos 15 dias. A capital argentina tem 171.097 infectados, com 5.850 óbitos. Apenas nas últimas 24 horas, foram registrados 872 novos casos e 21 mortes. Na Argentina como um todo, são quase 1,6 milhão de casos e 42.868 óbitos, segundo o Instituto John Hopkins.
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