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É fato que distrações em nossas vidas sempre irão existir, em qualquer ramo de atuação, seja no trabalho, vida pessoal, em metais individuais e também nos investimentos! Dito isso, gostaria de utilizar uma frase do John Bogle, Fundador, ex-CEO do The Vanguard Group e escritor do livro “ O Investidor de Bom Senso”, um best seller no mundo dos investimentos.
A frase que irei utilizar como referência e trazer exemplificações para a vida real é; “O mercado de ações é uma grande distração para o ato de investir”.
Quando começamos a olhar para o mercado e ver as distorções entre valor e preço nos ativos, conseguimos ver o quão certeira é essa frase. Lembrando que preço é o que você paga e o valor é o que você leva.
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O verdadeiro cerne dos investimentos é olharmos para empresas no mundo real e entender de fato quanto que aquele negócio em específico vale e o quanto ele pode te retornar de dinheiro através do seu fluxo de caixa, e dessa maneira achar distorções entre o preço e valor. Com o vai e vem que a Bolsa acaba causando, o mercado simplesmente esquece que atrás daquele ticker (código) e daquela cotação, tem uma operação inteira de pessoas trabalhando para que aquele negócio continue girando e gerando resultados aos seus shareholders e stakeholders.
Fazendo uma analogia, vamos supor que operamos um restaurante com um bom movimento e ótimos resultados. Provavelmente teríamos o sentimento real de dono e nem daríamos importância para o seu valuation. Isto é, não entrariam em desespero se uma pessoa batesse na porta do restaurante e dissesse que ele vale menos a cada dia que passa. Apenas iríamos ignorá-la.
Estaríamos unicamente preocupados com a operação da empresa e sua própria capacidade de gerar resultado e muitas vezes se tivermos ruídos externos específicos, serão ínfimos os casos de depreciação da empresa, seja em uma geração de caixa futura ou algo do tipo, principalmente se estamos falando de um bom ativo.
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Dessa maneira, o mercado de ações acaba sendo uma distração para o cerne do ato de investir, que seria olhar a empresa no mundo real e não uma cotação que fica variando dia a dia, sem fundamento específico (no curto prazo), refletindo apenas especulações. Se algum político fala algo específico que o mercado não goste muito e de um dia para outro uma empresa que está na Bolsa cai 5%, por exemplo, quais as chances da empresa ter perdido os mesmos 5% da capacidade de geração de dinheiro dela de um dia para o outro, somente por uma fala de um político? Praticamente nenhuma!
Se formos nos parametrizar pelos grandes investidores que nesse mundo viveram e muitos vivem ainda, conseguimos enxergar que o principal ponto de destaque para eles, não é onde a empresa está inserida, quem é presidente do país em que ela está, qual a conjuntura econômica mundial e daquele país em específico. Ele está preocupado única e exclusivamente com a empresa, se ela possui uma qualidade intrínseca, está sendo negociada a um valor atrativo, comparado a capacidade que ela tem de gerar dinheiro para seus acionistas e ponto.
Sendo assim, precisamos nos descorrelacionar muitas vezes de informações que mais irão fazer com que a gente se distraia do verdadeiro cerne dos investimentos, do que com informações que realmente impactam positiva ou negativamente a operação em si do ativo em que estamos depositando nossos recursos.
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No curto prazo o mercado é totalmente incerto e não reflete de fato a capacidade que as empresas possuem de remunerar seus acionistas, mas no longo prazo é muito difícil que uma geração de caixa passe despercebido por muito tempo. Por isso, precisamos evitar distrações do mercado, focar no que realmente importa para o investidor e assim conseguir prosperar financeiramente no longo prazo.
Complementando com um pouco de história, desde a formação do primeiro mercado acionário, cerca de 400 anos atrás no período das grandes navegações, as pessoas já encaravam esse mercado como um cassino, ou seja, como um local onde havia a possibilidade de enriquecimento rápido. A sociedade herdou essa mentalidade, que ainda está muito presente atualmente. Portanto, ressalto a relevância de internalizar esses ensinamentos ditos acima, para não sermos influenciados por emoções indesejadas que facilmente sentimos como o medo e a ganância.
O valor intrínseco de uma companhia é reconhecido no longo prazo. Algumas pessoas podem pensar que isso não é favorável para seus investimentos, pois pode demorar muito tempo até obterem algum retorno. No entanto, caso a empresa esteja entregando resultados e aumentando seu valor intrínseco a uma taxa satisfatória, o reconhecimento tardio do mercado estará, na verdade, proporcionando uma grande vantagem: ações a preços descontados por mais tempo.
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Claro que quando estudamos e vemos o passado, fica muito mais fácil, quando trazemos para a realidade, acaba ficando mais difícil de vivenciar dia a dia isso, se abster de todos os ruídos externos e dessa maneira manter o foco no que importa. Um bom exercício é sempre ter um texto, um vídeo, uma citação que te relembre o verdadeiro cerne dos investimentos, pois dessa maneira será muito mais fácil de manter as raízes pregadas onde realmente irá fazer a diferença para você no longo prazo.
Lembre-se, a bolsa de valores não gera riqueza de forma apartada, o que gera riqueza é o seu trabalho, sua capacidade de poupança, resiliência e disciplina. A Bolsa seria apenas um potencializador disso tudo, que impulsionaria sua riqueza. Então muitas vezes é melhor focarmos em como aumentar renda, se aprimorar em nosso trabalho, gerar valor para outras pessoas, do que necessariamente ficar extremamente “bitolado” com o mercado de ações, isso muito provavelmente irá levá-lo a um ambiente hostil e inóspito. Foco no longo prazo, aporte, disciplina e diligência, o restante virá automaticamente ao decorrer do tempo.