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Caros leitores, digníssimas leitoras,
Acreditamos que os dois principais sonhos de consumo do brasileiro médio são a tão aclamada casa própria e o carro próprio.
No setor automotivo, temos uma indústria que movimenta algumas centenas de bilhões de reais e emprega mais algumas centenas de milhares de pessoas.
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Tanto que existe uma grande quantidade de benesses que os governos (sejam federal, estaduais ou municipais) sempre dão para os fabricantes de veículos de quatro rodas, nem sempre com a obrigatoriedade de qualquer tipo de contrapartida.
Basta ver o último incentivo federal: quando ele mal começou, já acabou!
Pois bem. Apesar da importância que as montadoras de automóveis têm para o país, eis que, neste ano, o principal veículo que será adquirido pelos consumidores brasileiros será uma motocicleta!
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Sim, caros leitores. Assim como Vital, muitos brasileiros estão comprando sua motocicleta, se sentindo total e realizando o seu sonho de metal! (Se você é muito novo para entender a referência, veja aqui).
O que a gente analisou?
Pegamos as vendas de motocicletas e comparamos elas com as de automóveis. Mas aqui, só automóveis. A gente não considerou os comerciais leves, que são, como o nome diz, veículos comerciais e de cargas, como esses exemplos:
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Feitas as devidas exclusões de todos os comerciais leves, o que encontramos?
Já neste ano, as vendas de motocicletas estavam sendo bem superiores às de automóveis. Se a gente desconsiderar as vendas de junho, que foram infladas pelo subsídio do governo federal, as vendas de motocicletas estavam 7% acima das de automóveis.
Mesmo assim, com a ajuda do governo, neste primeiro semestre as vendas de motocicletas e automóveis ficaram “pau-a-pau”:
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Mas o que vem acontecendo para termos essa reviravolta?
Vários fatores! Vamos elencá-los:
O processo pandêmico de 2020, além das vidas ceifadas, veio para mudar todo o status quo dos processos produtivos, em todos os setores da economia.
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Na questão dos automóveis, devido à grande quantidade de tecnologia embarcada, tivemos a “crise dos chips”, que afetou (e encareceu) as mais diversas indústrias.
O ponto aqui é que as vendas de automóveis, que estavam numa média de 180~185 mil carros/mês antes da pandemia, caíram para um volume de 130~135 mil carros/mês e assim ficou nos últimos três anos.
O ponto é que os preços dos carros dispararam, o crédito sumiu, a economia estagnou e o índice de confiança do consumidor vem caindo mais que o Vasco – a situação é “bem complexa” para os próximos anos. Existe um prognostico de evolução nas vendas, mas ainda demorará uns 2-3 anos para voltar a média de 180~185 mil automóveis/mês.
Já no mercado de motocicletas aconteceu o inverso.
A pandemia também pegou o pessoal das motos. Mas, diferente do pessoal de quatro rodas, o mercado de duas rodas não estacionou no fundo do poço: ao contrário, as vendas explodiram!
Elas saíram de um volume médio de 90 mil motos/mês antes da pandemia, caíram para 70 mil/motos mês no ano pandêmico e agora estão com volume médio na ordem de 135 mil motos/mês.
Outro ponto que fez este “estagiário agoureiro” ficar mais otimista com o setor é que, diferente do mercado de autos, que vem andando de lado nos últimos 2-3 anos e andará por mais 1-2 anos, o de motocicletas se encontra em franca expansão.
O mercado de motos fechará o ano com quase 1,6 milhão de motos comercializadas. O pico de vendas foi em 2011, com 1,94 milhões de motos vendidas. A tendência é de chegar (e ultrapassar) o pico de vendas num período de 3-4 anos (salvo que aconteçam processos pandêmicos, hecatombes nucleares e afins).
O lado “positivo” da pandemia é que muitos consumidores foram atrás do seu meio de transporte individual para fugir de ônibu,s, metrô ou trem, além da economia de tempo.
Além disso, da mesma forma que a economia vem se retraindo/andando de lado, novas fontes de trabalho (necessidade) surgiram, principalmente na parte de delivery.
E se o crédito é um problema para automóveis, nas motocicletas também! Mas a diferença é que mais de 1/3 dos clientes de motos optaram por adquirir a sua moto pelo Sistema de Consórcio (adorado por vários e odiado por muitos) que, independentemente da minha/sua opinião, funciona bem pra caramba para o setor!
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