A Tesla já captou US$ 10 bilhões em 7 anos – e isso vai se repetir até ela declarar falência

Na última semana, a empresa de Elon Musk emitiu dívidas mais uma vez, o que em 2012 ele disse que nunca mais seria preciso fazer

Marcelo López

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Há pouco mais de uma semana, ocorreu o inevitável, algo que eu já havia dito que ocorreria em várias ocasiões e não porque sou um visionário, mas porque tenho bom senso: a Tesla fez mais uma emissão de ações e bonds conversíveis, diluindo novamente seus acionistas.

Essa é a segunda previsão mais fácil de se fazer todos os anos: a de que a Tesla vai precisar de levantar capital. A primeira é que todos os analistas e economistas errarão as previsões para o ano.

A Tesla, empresa mais famosa por vender hype do que carros, terá que fazer mais emissões de dívida e equity – e será assim até o seu inevitável e derradeiro encontro com o Chapter 11, a lei da falência. Desde que Musk disse que a empresa não precisaria mais levantar capital, em 2012, já foram pelo menos 8 captações, num volume total superior a US$ 10 bilhões. Então, para manter sua reputação, pelo menos com as pessoas que estão prestando atenção, ele veio com mais um hype: robotáxis!

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Antes, a Tesla iria fabricar os carros mais bacanas do mundo, depois baterias, depois telhas com células fotovoltaicas, depois um carro elétrico popular, agora são os robotáxis. Ele conseguiu levantar US$ 2,7 bilhões (US$ 1,84 bilhão em dívida conversível e 860 milhões em ações) dessa vez dizendo que os carros da empresa se valorizariam, ao contrário do que acontece com todos os outros carros no mundo. Acreditar em Musk está ficando cada vez mais difícil – e olha que o sarrafo já estava alto.

Robotáxis definitivamente podem aparecer, mas não agora – a tecnologia ainda não comporta esse tipo de desenvolvimento e os fanáticos torcedores parecem não se importar (ou perceber). Rapidamente se esquecem de todas as promessas não cumpridas do seu CEO (e a lista é grande) e começam a vibrar com mais um hype. 

E o custo dessa emissão? Bom, para captar esses US$ 2,7 bilhões (que desaparecerão até meados do próximo ano), a Tesla pagou mais de US$ 500 milhões! Isso mesmo, mais de US$ 500 milhões para poder levantar esses recursos. Isso mostra o quão desesperada a empresa está. Também, deixaram um CFO de primeira viagem e apenas 34 anos negociar com os executivos seniores da Goldman Sachs, o que poderiam esperar?

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Importante dizer que no prospecto enviado à SEC para registro da emissão, não havia uma só menção aos robotáxis, ou seja, ele está falando uma coisa para o mercado e outra para a SEC. É a primeira vez que vejo isso em mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro.

Realmente, se há uma coisa boa em Musk é a sua capacidade de controlar a narrativa. Durante a conferência de resultados da empresa, há cerca de duas semanas, em que mais um prejuízo foi divulgado – apesar dos benefícios fiscais – a situação dele começou a ficar insustentável.

Ele alega que os carros que a Tesla fabrica são os mais seguros (cof cof) e um analista perguntou se ele não pensaria em segurar os carros da empresa, ou seja, abrir uma seguradora para prestar serviço a quem comprasse um Tesla. Musk, sem titubear, disse que sim e conseguiu desviar o foco dos péssimos números da companhia e começar a discutir um outro assunto, para o qual ninguém estava preparado.

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Não foi suficiente para evitar mais uma queda no preço das ações, mas desviou a atenção momentaneamente.

Infelizmente, para ele, a realidade sempre prevalece. Na minha opinião, a Tesla é uma empresa fadada ao colapso e os torcedores que estão comprando agora, ou compraram quando a ação estava US$ 380, no dia em que Musk mentiu sobre fechar o capital da empresa a US$ 420 – vão pagar a conta. Investimento é uma coisa séria e deve ser pensado criteriosamente antes de ser feito. O Eike Batista sul-africano vai acabar prestando um desserviço ao mercado de capitais. Os avisos estão aí, ignorância não é desculpa.

Esse texto reflete a opinião do autor e não constitui uma sugestão, recomendação, indicação e/ou aconselhamento de investimento. Nenhuma decisão de investimento deve ser tomada com base nas informações ora apresentadas, cabendo unicamente ao investidor a responsabilidade sobre qualquer decisão que venha a tomar.

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O autor reconhece existirem riscos associados ao ativo abordado, inclusive de perda do capital, de maneira que pode não ser adequado a todos os perfis de investidores.

As opiniões expressas nesta publicação são baseadas em julgamentos e estimativas, estando, portanto, sujeitas a mudança, sem, contudo, implicar na obrigação de qualquer comunicação acerca de atualização ou revisão.

O autor está engajado na venda do ativo mencionado nessa publicação para sua carteira proprietária e/ou para a de clientes sob sua gestão remunerada.

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Marcelo López

Marcelo López tem certificação CFA, é gestor de recursos na L2 Capital Partners, com MBA pelo Instituto de Empresa (Madrid, Espanha) e especialização em finanças pela principal escola de negócios da Finlândia (Helsinki School of Economics and Business Administration). Atuou como Gestor de Carteiras e de Fundos em grandes gestoras internacionais, tais como London & Capital e Gartmore Investment Management.