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As eleições para governador tiveram três importantes características: 1) a tendência ao continuísmo; 2) a força do lulismo e do bolsonarismo, que alavancaram o desempenho eleitoral de PT e PL.; e 3) o fim de longevas hegemonias estaduais.
Dos 20 governadores que concorreram à reeleição, 12 conquistaram um novo mandato: Gladson Camelli (PP-AC); Ibaneis Rocha (MDB-DF); Ronaldo Caiado (União Brasil-GO); Carlos Brandão (PSB-MA); Mauro Mendes (União Brasil-MT); Romeu Zema (Novo-MG); Helder Barbalho (MDB-PA); Ratinho Júnior (PSD-PR); Cláudio Castro (PL-RJ); Fátima Bezerra (PT-RN); Antonio Denarium (PP-RR); e Wanderley Barbosa (Republicanos).
Temos ainda 6 governadores disputando o segundo turno: Paulo Dantas (MDB-AL); Wilson Lima (União Brasil-AM); Renato Casagrande (PSB-ES); João Azevedo (PSB-PB); Eduardo Leite (PSDB-RS); e Marcos Rocha (União Brasil). E 2 governadores buscavam à reeleição foram derrotados já no primeiro turno: Carlos Moisés (Republicanos-SC) e Rodrigo Garcia (PSDB-SP).
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Caso os 6 governadores que estão no segundo turno vençam a disputa no dia 30 de outubro, o número de reeleitos poderá saltar para 18. Como podemos observar, há forte tendência ao continuísmo nas eleições para o Poder Executivo em nível estadual.
Outra característica observada é um voto orientado para a centro-direita/direita. No primeiro turno, União Brasil (2), PL (1), PP (2), PSD (1), Republicanos (1) e Novo (1) elegeram 8 dos 15 governadores. O PT, embora tenha três candidatos vitoriosos – Elmano de Freitas (CE), Fátima Bezerra (RN) e Rafael Fonteles (PI) –, está com sua força restrita à região Nordeste.
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Outra característica importante das urnas nas eleições para governador, e que é uma consequência da força e do enraizamento social da polarização do lulismo contra o bolsonarismo, é a nacionalização das disputas estaduais.
O PT, por exemplo, além das vitorias mencionadas, disputa o segundo turno com Jerônimo Rodrigues (BA), Rogério Carvalho (SE), Décio Lima (SC) e Fernando Haddad (SP). O PL, por sua vez, além da vitória de Cláudio Castro (RJ) no primeiro turno, disputa o segundo turno com Carlos Manato (ES), Marcos Rogério (RO), Onyx Lorenzoni (RS) e Jorginho Melo (SC).
O crescimento do PL contrasta, por exemplo, com o declínio do PSDB, que perderá, a partir de 2023, o controle de São Paulo (SP), estado que governa desde 1995. Além disso, o nome mais expressivo da nova geração de tucanos, Eduardo Leite, terá um segundo turno difícil no Rio Grande do Sul.
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O desempenho do PL tem o potencial de transformar a sigla no partido de direita mais relevante do país, pois é a legenda que abrigou o bolsonarismo, movimento responsável por alavancar o desempenho da legenda.
O PT, por outro lado, apesar da recuperação observada em relação a 2018, mostra uma dependência cada vez maior do lulismo. Não é por acaso que a força partidária da sigla nas eleições para governador está majoritariamente concentrada na região Nordeste.
Outra consequência importante das eleições estaduais é o fim de longevas hegemonias estaduais. Com a vitória de Elmano de Freitas (PT) no Ceará, o domínio da família Ferreira Gomes, iniciado em 1986, se esgotou. O mesmo ocorreu com o PSDB em São Paulo e com o PSB em Pernambuco, estado que os socialistas governam desde 2007.
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Abrigados, respectivamente, no PT e no PL, o lulismo e o bolsonarismo se reafirmaram nas eleições como dois polos antagônicos da política nacional. A polarização é tão intensa que não envolve apenas a eleição presidencial, mas “invadiu” os estados. Independente do desfecho do segundo turno entre Lula e Bolsonaro, essas duas forças são as novas organizadoras do jogo político no país.