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Quando ouvi esta frase, já estava chorando com a história de Cristina (nome fictício para proteger a privacidade). Esta mulher me procurou após descer do palco de um evento sobre educação financeira.
Ela queria me contar a história de superação dela – e, nesses quase oito anos trabalhando com educação financeira para mulheres, acredito que não conheci nenhuma mulher tão forte e inspiradora como ela.
O sonho de Cristina era empreender. Ela tinha um trabalho que pagava bem, mas de que não gostava. A educação empreendedora caminha junto com a educação financeira e ela se inspirou: decidiu sair do seu emprego e montar um negócio.
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O marido dela deu a maior força e sugeriu: que tal usar o dinheiro da rescisão para empreender?
Ela fez um plano de negócios completo, viu que as contas fechavam e pediu demissão. No entanto, quando foi olhar o saldo da conta corrente, não havia nada lá. A conta estava zerada.
Sem entender nada, ela foi conversar com o marido. Pela reação dele, Cristina entendeu logo: ele havia tirado o dinheiro de lá. Ele havia se apropriado do patrimônio dela.
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O que se seguiu cabe às páginas policiais. Ele a espancou e a deixou em casa, sozinha, desacordada. “Pensei que ia morrer”, ela me contou.
Quando ela deu por si, estava toda ensanguentada. “Peguei minha bolsa e fui embora dali”. Ela saiu da casa e mudou de cidade. Conseguiu um novo emprego, começou um novo relacionamento. E o principal: manteve o plano de empreender.
Cristina me relatou como fez para se reerguer, começar uma nova vida e juntar dinheiro novamente.
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Quando nos conhecemos, ela tinha acabado de pedir demissão de novo e iria (finalmente) poder utilizar a rescisão para investir no seu negócio. “Eu consegui uma vez, então sei que posso fazer de novo”, disse, vitoriosa.
Infelizmente, a parte “policial” da história de Cristina não é um fato isolado. Os casos de feminicídio (os crimes de ódio motivados pela questão de gênero) cresceram 7,3% em 2019 na comparação com 2018, segundo levantamento realizado pelo G1. Uma mulher foi assassinada a cada 7 horas no ano passado, em média.
Mas um lado menos conhecido sobre a violência doméstica é o abuso financeiro. Segundo pesquisa realizada pela Allstate Foundation em 2014 nos Estados Unidos, 98% das vítimas de violência doméstica também sofreram abuso financeiro.
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A educação financeira é uma ferramenta que pode ajudar milhares e milhares de mulheres a garantir a sua independência e integridade física.
É dolorido olhar para os casos de abuso e violência doméstica, mas neste dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher, é também necessário. Quando uma mulher consegue bancar as suas contas, ela passa a ter, de fato, poder de escolha.