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A COP28 na perspectiva do investidor

A capacidade da sociedade de se preparar e resistir aos riscos climáticos, a chamada resiliência climática, é um tema que acreditamos ainda não ser totalmente apreciado pelos investidores
Por  Axel Christensen -
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Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

A transição para uma economia global de baixo carbono é uma das cinco megaforças, ou mudanças estruturais, que pesquisamos na BlackRock para oportunidades de investimento. É por isso que estamos acompanhando de perto a conferência climática das Nações Unidas (COP28) em Dubai, onde identificamos três temas centrais.

Em primeiro lugar, a resiliência climática, a capacidade da sociedade de se preparar e resistir aos riscos climáticos, é um tema que acreditamos ainda não ser totalmente apreciado pelos investidores. O Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) das Nações Unidas tem relatado aumentos persistentes nas temperaturas médias anuais, precipitação e nível do mar. A frequência e a intensidade de eventos climáticos agudos, como calor extremo e inundações generalizadas, também aumentaram.

Vemos empresas desenvolvendo produtos e serviços que impulsionam a resiliência climática para se tornarem uma oportunidade cada vez mais reconhecida. O número de eventos climáticos nos EUA que geraram mais de US$ 1 bilhão em danos, por exemplo, aumentou constantemente nas últimas quatro décadas. À medida que esses riscos aumentam, há sinais de demanda crescente por soluções de resiliência climática, como equipamentos de filtragem de ar para residências no nordeste dos EUA, onde a demanda aumentou após os incêndios florestais do Canadá no início de 2023.

Em segundo lugar, temos de acompanhar de perto a evolução das políticas que possam desbloquear oportunidades de investimento nos mercados, que abordarão os riscos climáticos a níveis muito mais agudos, dada sua maior exposição a danos climáticos físicos. Estima-se que os mercados emergentes serão responsáveis por mais da metade da demanda de energia e das emissões de carbono até 2050.

No entanto, é provável que o investimento relacionado à transição nesses países seja menor do que nos mercados desenvolvidos, devido ao alto custo de capital gerado pelo maior risco de investimento percebido e maior exposição ao clima físico. Reduzir o déficit de financiamento exigiria grandes reformas do setor público e inovação do setor privado, com o capital público e o capital privado se unindo. Reformas bem-sucedidas podem fazer com que o investimento nos mercados aumente em média US$ 200 bilhões por ano entre 2030 e 2050.

Por fim, vemos que as políticas e regulamentações impulsionam o desenvolvimento de soluções de resiliência climática. Qualquer acordo da COP28 sobre um plano global de adaptação climática estimulará novas políticas.

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Já existem vários incentivos para investir em resiliência, incluindo US$ 50 bilhões em políticas industriais dos EUA. Os países na COP28 parecem prontos para concordar com uma meta de triplicar a capacidade até 2030. No entanto, o Índice Global de Energia Limpa caiu cerca de 28% este ano.

Mesmo com esse crescimento das energias renováveis, o atendimento da demanda global de energia dependerá da energia tradicional por algum tempo. Acreditamos que, às vezes, pode ter melhores resultados, especialmente quando há divergência entre oferta e demanda.

 

Axel Christensen Diretor de Estratégia de Investimentos para a América Latina da BlackRock

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