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Passados quase três meses da oferta subsequente de ações (“follow-on”) que injetou R$ 5,4 bilhões no caixa da BRF, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) quer mais informações antes de se posicionar sobre a entrada da Companhia Saudita de Investimento Agrícola e Pecuário (Salic, na sigla em inglês), um dos fundos soberanos da Arábia Saudita, na composição acionária da dona da Sadia. Os árabes abocanharam 10,7% do capital da empresa, investindo R$ 1,62 bilhão no follow-on realizado em julho.
O motivo é que a Salic é acionista histórica da Minerva com mais de 30% do negócio, empresa essa que é concorrente da Marfrig, controladora da BRF, no mercado de carne bovina. Segundo uma fonte próxima à operação ouvida pelo IM Business, a dona da Sadia é agente passivo no negócio e caberá ao fundo saudita dar os esclarecimentos extras ao Cade.
Vale lembrar que, em meados de agosto, Minerva e Marfrig realizaram um negócio de R$ 7,5 bilhões, em que a primeira comprou 16 plantas frigoríficas da segunda — também será necessário o aval do Cade neste M&A. Considerando a hipótese de que o deal Minerva-Marfrig será aprovado sem restrições, haveria uma mudança de posicionamento das empresas, o que pode ajudar a desatar o nó órgão dentro do antitruste para a Salic.
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Enquanto o frigorífico da família Vilela de Queiroz pisa no acelerador do mercado de carne “commodity”, a empresa de Marcos Molina centra foco em alimentos processados, em um movimento que traz mais sinergia com Sadia e Perdigão.
No entanto, para o Cade, as informações prestadas até o momento pela Salic não deram garantias ao órgão para uma aprovação sumária. Em despacho publicado na última terça-feira (10), a superintendência geral cita que ainda há dúvidas sobre a “possibilidade de coordenação entre os grupos econômicos das Partes no mercado de comercialização de carne bovina in natura” e que não se pode descartar a possibilidade de haver uma concentração de mercado superior a 20%, a depender do cenário considerado.
Com isso, o Cade decidiu pela realização de instrução complementar, o que significa que haverá uma diligência por parte do órgão antitruste antes de dar a palavra final sobre o negócio.
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Procurada, a BRF diz que não comenta o caso. O IM Business tenta contato com a Salic.