Conteúdo editorial apoiado por

Light faz aceno para suspender RJ de geradora, mas credores mantêm ceticismo

Companhia reforçou em fato relevante que, se houver acordo com credores, braço de geração de energia pode sair da recuperação judicial

Lucinda Pinto

Um jogo de palavras. Foi assim que os credores da Light classificaram a petição encaminhada pela Light S.A. à Justiça, para que a Light Energia seja retirada do processo de Recuperação Judicial. Na petição, que foi anexada aos autos nesta segunda-feira (2), a companhia diz que seu braço de geração de energia pode sair da RJ caso haja avanço no processo de negociação de suas dívidas junto a credores.

O advogado Carlos Victor Ximenes, do Castro Barros Advogados, observa que a petição se refere exclusivamente à  Light Energia, que é uma empresa saudável, e não à Light SESA, subsidiária de distribuição de energia, que tem uma dívida de cerca de R$ 11 bilhões.

Para comunicar ao mercado sobre sua decisão, a Light divulgou um fato relevante, em que afirma que enviou à Justiça petição para “a remoção da relação jurídico-processual no âmbito da Recuperação Judicial” de sua geradora. Mas que isso depende da “conclusão satisfatória das referidas negociações extrajudiciais com seus credores e demais stakeholders, a ser oportunamente informada ao Juízo da RJ”.

Na prática, o que a Light fez foi comunicar ao juiz o que  á é de conhecimento público: há negociações com credores em curso e, quando elas forem concluídas, a Light Energia poderá ser retirada do processo de RJ. A questão é que representantes dos credores da Light SESA – a joia da coroa da companhia e onde se concentram os principais problemas – afirmam que as negociações pouco evoluíram até aqui. E que essa manifestação ao juiz não deve ter, portanto, efeitos práticos. “É mais um factoide”, afirma um dos interlocutores ouvido pelo IM Business, em condição de anonimato.

Há um mês, a empresa já havia divulgado um plano de encerramento do processo de RJ, também condicionado a um acordo de reestruturação da dívida, estimada em cerca de R$ 11 bilhões. Entretanto, segundo interlocutores, ainda não houve progressos consistente nesse entendimento.

Lucinda Pinto

Editora-assistente do Broadcast, da Agência Estado por 11 anos. Em 2010, foi para o Valor Econômico, onde ocupou as funções de editora assistente de Finanças, editora do Valor PRO e repórter especial.