Conteúdo editorial apoiado por

Latam aposta em code-share com ex-Passaredo para expandir rotas no Brasil e chegar a cidades menores

Com custos mais baixos, após reestruturação, companhia mira em destinos que antes eram considerados pouco sustentáveis do ponto de vista financeiro

Mitchel Diniz

Publicidade

No próximo dia 3 de novembro, a Latam Airlines completa um ano fora do Chapter 11. A reestruturação de custos e renegociação de contratos, que permitiu à companhia sair do programa da Justiça dos Estados Unidos para recuperação de empresas, hoje deixa a aérea em uma posição confortável para expandir suas operações no Brasil.

“O nosso custo mais baixo, fruto da nossa reestruturação, permitiu que a gente olhasse para a malha doméstica e internacional e avaliasse destinos que antes não seriam sustentáveis financeiramente no longo prazo”, explicou Jerome Cadier, CEO da Latam no Brasil, durante apresentação dos números da companhia no terceiro trimestre de 2023. “Por isso você vê a Latam voltando a crescer em quantidade de destinos nos últimos tempo”.

Desde 2021, 11 destinos nacionais foram adicionados à rede da Latam. A companhia passou a operar e vender voos para Jericoacoara (CE), Juazeiro do Norte (CE), Vitória da Conquista (BA), Petrolina (PE), Presidente Prudente (SP), Montes Claros (MG), Juiz de Fora (MG), Cascavel (PR), Sinop (MT), Caxias do Sul (RS) e Passo Fundo (RS).

Continua depois da publicidade

Jerome Cadier, CEO da Latam Brasil (Foto: Claudio Gatti)

A parceria via code share com a Voepass, ex-Passaredo Linhas Aéreas, também tem permitido que a Latam se conecte a cidades menores. As rotas Recife-Campina Grande, Campina Grande-Fortaleza, Recife-Natal, Natal-Mossoró, Mossoró-Fortaleza e Salvador-Vitória da Conquista serão operadas a partir de 1º de janeiro do ano que vem – todas pela Voepass, conhecida por sua frota de turboélices ATR, que comportam em média 70 passageiros.

“O que a gente vê, desde maio, é um caminho para buscar uma capilaridade em cidades onde um Airbus talvez seja muito grande para a demanda atual”, afirma  o CEO.

Contudo, Cadier afirma que a Latam tem primado pela racionalidade. As rotas serão testadas e, caso não entreguem a rentabilidade desejada, podem ser descontinuadas. “A Latam lidera o mercado há praticamente dois anos no Brasil, mas sempre tomando decisões que fazem muito sentido do ponto de vista de sustentabilidade financeira”.

Continua depois da publicidade

O executivo lembra que a companhia sempre concentrou operações em aeronaves com capacidade para, ao menos, 150 passageiros, e isso não deve mudar. Afinal, foi com essa estratégia que a empresa conseguiu construir uma rede de conectividade ampla dentro do país e na América do Sul, afirma Cadier.

A Latam encerrou o terceiro trimestre de 2023 com 245 aeronaves Airbus narrow body (fuselagem estreita), 58 Boeing wide body (fuselagem larga) e 18 aeronaves Boeing cargueiras, totalizando 321 aviões. No período, a companhia recebeu seu primeiro Airbus A321neo, modelo que garante mais eficiência de custos.

“No próximo ano e o restante dos aviões a serem entregues em 2023, quase todas [as aeronaves] que vamos receber serão destinadas ao mercado brasileiro”, afirma Ramiro Alfonsín, CFO do grupo Latam.

Continua depois da publicidade

Custos voláteis

A avaliação do CEO da Latam Brasil é a de que os custos das companhias aéreas estão em um momento de alta volatilidade, o que dificulta a previsão de tarifas mais baratas. “O petróleo, por conta da guerra na Ucrânia já estava em volatilidade muito grande, mas nas últimas quatro semanas, em função da guerra em Israel, ficou ainda mais volátil. É difícil prever o que vai acontecer, mas o que a gente tem visto são preços [de passagens] que refletem o aumento do combustível”, afirma.

Segundo Cadier, ainda que as tarifas aéreas tenham ficado, em média, 37% mais caras nos últimos cinco anos, a evolução do preço dos combustíveis foi da ordem de 110% nesse mesmo intervalo de tempo. “Eu não vejo tendência ou capacidade de prever uma queda. Vamos continuar olhando com muito cuidado os fatores de custo para poder continuar essa tendência de resultado positivo nos últimos meses.”

O CEO diz que ainda não é possível antecipar a necessidade de novos aumentos nos preços das tarifas.

Continua depois da publicidade

“É  óbvio que a gente gostaria que a tendência de preço fosse de estabilidade ou um patamar que atraísse mais pessoas a voltar a voar. Ainda assim, vemos um mercado bastante resiliente hoje, com patamares mais altos de tarifa, mas com crescimento em relação ao ano anterior em quantidade de assentos e alta ocupação das aeronaves”.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados