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Com demanda crescente, Latam Brasil contrata pilotos, mas chegada de aviões deve atrasar

Número de funcionários da cabine de controle se reaproxima do patamar pré-pandemia

Mitchel Diniz

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A Latam Brasil está contratando e deve fechar 2023 com algo em torno de 1.900 pilotos. Até o final do ano que vem, a expectativa é ampliar esse número para 2.400, nível semelhante ao que a companhia tinha antes das demissões relacionadas à pandemia e ao processo de recuperação judicial, do qual o Grupo Latam saiu há pouco mais de um ano. A recomposição do quadro de funcionários acompanha um aumento na demanda de voos no país e a ampliação da frota, ainda que a aérea não tenha escapado dos atrasos nas entregas de aeronaves, que também impactaram suas concorrentes.

Atualmente, a Latam Brasil tem dois processos seletivos em aberto. Um para a contratação de 20 novos comandantes em voos domésticos nas aeronaves Airbus 320, e que receberá candidaturas até este sábado (25). O segundo, vai selecionar mais de 100 copilotos e está aberto até o próximo dia 1º de dezembro. Os cargos serão ocupados ao longo de 2024.

A vaga de comandante exige que o candidato tenha ao menos cinco mil horas de voo no currículo, sendo 500 horas como comandante em aeronaves a jato. Possuir carteira válida para aeronaves da família Airbus vai ser um diferencial.

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“Quando eu contrato um comandante [de fora], eu corto pela metade o tempo de formação [desse profissional] e a gente consegue crescer mais rápido, com um custo menor também”, disse Harley Meneses, diretor de Operações da Latam Brasil, ao IM Business. Para  assumir o comando de uma aeronave de corredor único, o profissional precisa passar por duas formações de copiloto, em voo doméstico e internacional. Os gastos da empresa com esse tipo de formação é de R$ 200 mil por funcionário.

Apesar de estar atenta aos custos, a companhia garante dar prioridade a quem já é da casa. A Latam Brasil trouxe 170 copilotos de fora em 2023, mas também promoveu 72 profissionais que trabalhavam na empresa à função de comandante. Todos os pilotos de voos internacionais da companhia são formados dentro da Latam.

Harley Meneses, diretor de operação da Latam Brasil

Meneses também explica que a companhia tem tentado trazer mais diversidade à cabine de controle, destinando parte das vagas dos processos seletivos a mulheres – hoje são apenas 56 dentro do total de pilotos. De qualquer forma, a Latam não espera que o número de funcionários fique exatamente igual ao que era antes da pandemia.

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“A gente conseguiu um nível de eficiência absurdo. Estamos voando bem, melhor, e precisando de menos gente. Também revisitamos nossa malha de forma que seja mais eficiente em número de tripulantes”, afirma Meneses. O executivo explica que a oferta de assentos no mercado doméstico já ultrapassou a do período pré-pandemia, mas a dos voos do Brasil para o exterior está em torno de 90% dos níveis de 2019.

Cronograma de entregas

A Latam Brasil, hoje, possui 134 aeronaves. Sete foram adicionadas este ano, sendo cinco Airbus do modelo A320neo e dois A321neo. Os aviões possuem motores mais eficientes e são equipados com tecnologias que reduzem o consumo de combustível, emissões de carbono e poluição sonora.

A expectativa é que mais oito unidades da família NEO sejam adicionadas à frota da Latam Brasil até o final do ano, em substituição aos modelos CEO, também da Airbus. Meneses conta que as aeronaves já deveriam ter sido entregues.

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“A gente teve um atraso na entrega de aeronaves, no retrofit [modernização] de alguns 787 [da Boeing] e, devagarzinho, estamos cadenciando isso”, afirma.

O executivo explica que a companhia revisitou a cadeia de manutenção de aeronaves após a notícia de que defeitos nos motores fabricados pela Pratt & Whtiney impediria o voo de centenas de aviões do modelo A320neo.

“A gente adiantou algumas manutenções e vai manter alguns aviões que iríamos devolver. Com isso, a gente atende a nossa perspectiva de crescimento para 2024. Então eu espero que falta de aviões não seja um problema para nós”.

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Meneses também diz que o regime de intercâmbio com aeronaves matriculadas no Chile, do Grupo Latam, ajuda a contornar potenciais atrasos nas entregas de aeronaves. “São aviões que chegam para o Chile e não para o Brasil, mas a gente acaba operando esses aviões”..

Segundo ele, isso dá uma flexibilidade à Latam Brasil, que consegue operar essas aeronaves com tripulação brasileira à bordo, desde que habilitada a operar esse tipo de avião. “Isso também gera maior produtividade e economia de recursos de tripulação”, afirma Meneses.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados