Conteúdo editorial apoiado por

Credores da Light pedem à CVM investigação do diretor de RI da companhia

Credores e representantes da empresa devem se reunir para discutir plano de renegociação

Lucinda Pinto

Publicidade

Os advogados que representam parte dos credores da Light (LIGT3) decidiram entrar nesta segunda-feira (11) com um pedido de investigação pela CVM do diretor de Relações com Investidores da companhia, Eduardo Gotilla. Na visão dos representantes dos debenturistas, o executivo falha com sua responsabilidade de prezar pela transparência do processo de negociação da empresa com os credores, o que arranha a governança da companhia.

Essa acusação se baseia no fato de que a Light pediu a suspensão da eficácia das Assembleias Gerais de Debenturistas (AGD) e foi atendida: a Justiça do Rio estabeleceu o sigilo no processo da companhia. “A recuperação judicial da Light é um processo essencialmente público e impedir o mercado de capitais de acompanhar um caso é uma violência muito grande’, defende um dos interlocutores ouvidos pelo IM Business.

A ação foi tomada na véspera de uma reunião marcada entre os advogados dos credores, bancos e representantes da companhia, em São Paulo. Esse encontro foi marcado para discutir o plano divulgado pela Light, na semana passada, que tem por objetivo concluir a negociação com os credores e viabilizar a suspensão da Recuperação Judicial, em um prazo de 30 dias. “Parece que tem um senso de urgência aparecendo”, diz uma das fontes.

Continua depois da publicidade

A primeira leitura dos advogados é que esse plano poderia ser uma “cortina de fumaça”, e não um movimento concreto para avançar nas negociações da dívida, estimada em R$ 11 bilhões. “Impossível fechar um acordo em 30 dias”, diz a fonte que participa das negociações. Ao mesmo tempo, é importante que a empresa emita sinais de que quer avançar nesse entendimento com os credores e de que está perto de encerrar o processo de RJ para evoluir na negociação de renovação da concessão, que vence em junho de 2026.

A Agência Nacional de Energia Elétrica tem até 2024 para tomar essa decisão. E o risco é que a condição atual de Recuperação Judicial da companhia acabe pesando de forma contrária à renovação. Sem ela, a capacidade de pagamento da empresa ficaria ainda mais comprometida.

Na ação junto à CVM, os representantes dos credores também alegam que a companhia não está cumprindo as exigências feitas pelo Ministério de Minas e Energia. “Não há nem sinal de cumprimento um dos principais pré-requisitos, que é a capitalização da companhia”, diz o interlocutor.

Lucinda Pinto

Editora-assistente do Broadcast, da Agência Estado por 11 anos. Em 2010, foi para o Valor Econômico, onde ocupou as funções de editora assistente de Finanças, editora do Valor PRO e repórter especial.