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Copasa: entre um plano de investimento bilionário e milhões em dividendos

CEO garante que pagamento de proventos não vai afetar plano de universalização do saneamento em MG

Mitchel Diniz

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A Copasa corre para cumprir com as metas do Marco Legal do Saneamento, que prevê 99% de cobertura de água tratada e 90% de esgoto coletado e tratado em todo o país até 2033. Ao mesmo tempo, quer manter a reputação de boa pagadora de proventos: a empresa se prepara para distribuir mais R$ 128 milhões em juros sobre capital próprio, referentes ao terceiro trimestre deste ano.

A companhia é conhecida pelo payout generoso – distribui 50% do lucro líquido. Por outro lado, o plano de investimento da companhia de saneamento de Minas Gerais é de R$ 8,7 bilhões até 2027. Este ano, até setembro, foram investidos R$ 1,2 bilhão.

Parece malabarismo conciliar essas duas frentes, mas Guilherme Augusto Duarte de Faria, CEO da Copasa, garante ser possível. “Temos capacidade de cumprir com o plano de investimentos e, ao mesmo tempo, remunerar nosso acionista dentro da política de dividendos atual”, disse o executivo em entrevista ao Por Dentro dos Resultados, do InfoMoney.

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Faria descreveu a Copasa como uma grande geradora de caixa recorrente e muito firme, com alavancagem muito baixa. Foi assim até mesmo no auge da pandemia, quando a companhia enfrentou índices de inadimplência da ordem de 7%. Hoje, o indicador está em torno de 3%.

A companhia está na fila de estatais mineiras que o governador Romeu Zema pretende privatizar, junto com a Cemig. Faria explica que a administração hoje não se envolve no tema.

Por enquanto, é o governo, acionista controlador da companhia, que tenta facilitar o processo de privatização, com uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) encaminhada à Assembleia Legislativa de Minas Gerais que prevê a dispensa de um plebiscito para a desestatização.

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“Entendemos que o projeto de privatização, sob a ótica do controlador, é algo que visa, na verdade, levar a companhia pra um novo patamar de eficiência e isso é bem visto por muitas pessoas”, afirma Faria.

Mas o CEO admite que a privatização destravaria valor para a Copasa em, ao menos, duas maneiras. A primeira, pela renovação de concessões, como a da capital mineira, Belo Horizonte, que termina em 2032. “A privatização é o único movimento legalmente possível para a prorrogação de concessões por mais 30, 35 anos”, afirma.

A segunda, é pela via da inclusão de escopo. “Dos 640 municípios [onde a Copasa está], 330 são atendidos com agua e 310 com água e esgoto. Na privatização, eu posso incluir o escopo de esgoto onde só tem agua”, explica.

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A Copasa quer investir na expansão de ativos porque também sabe que isso vai remunerar melhor seu acionista. Com 99,6% de cobertura de água e quase 80% do esgoto coletado e tratado, a empresa ainda vê bastante espaço para crescer e gerar receitas.

“O esforço de acelerar é benéfico para todos e nosso plano de investimentos suporta isso”, afirma Faria, reconhecendo que “a natureza da companhia como estatal não ajuda”.

A receita líquida da Copasa no terceiro trimestre de 2023 superou as expectativas dos analistas, com um incremento anual de 17,7%, para R$ 1,62 bilhão. O lucro líquido de R$ 437,1 milhões no terceiro trimestre de 2023, com alta de 92,4% na mesma base de comparação, também veio acima do esperado.

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Mas pesou no balanço o incremento dos custos da companhia, sobretudo as despesas com energia, que avançaram 27% em relação ao mesmo período do ano passado.

Faria afirma que a gestão de energia está controlada e diz que o impacto maior veio do retorno do ICMS sobre o insumo, sobre uma base de comparação desonerada. Além disso a empresa vem, aos poucos, substituindo o consumo de energia com fornecedores do mercado livre. A meta é que metade do fornecimento venha de fontes alternativas já no ano que vem.

Sobre a conjuntura macroeconômica, o CEO explica que os juros mais baixos permitiram que a empresa fizesse, agora em outubro, a captação de R$ 900 milhões via debentures, em uma oferta com alta demanda.

“Nossos custos são atrelados ao IPCA e a receita também. Em tese, as duas coisas deveriam se compensar”, diz o executivo sobre o arrefecimento da inflação, que também contribui com um maior controle sobre os custos da companhia, o vilão do último balanço da Copasa, segundo os analistas.

Mitchel Diniz

Repórter de Mercados