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Logo após a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) que manteve o objetivo de 3% para a inflação de 2026 e definiu o uso de meta contínua a partir de 2025, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que a equipe econômica do governo espera que em agosto o Banco Central dê início a um ciclo consistente de afrouxamento monetário.
“Por tudo que está acontecendo, há uma grande expectativa da área econômica do governo de que, a partir de agosto, nós tenhamos cortes consistentes das taxas de juros, em virtude do fato de que os indicadores todos estão demonstrando convergência e uma preocupação muito grande com o resultado do crescimento econômico a partir do ano que vem”, afirmou Haddad.
O chefe da Fazenda concedeu entrevista coletiva ao lado da ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB). O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que também integra o CMN, não participou da coletiva de imprensa. Durante a interação com os jornalistas, Tebet contou que todas as decisões tomadas nesta reunião foram unânimes.
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Segundo Haddad, a decisão de manter os parâmetros da meta de inflação em 3% até 2026 ocorreu em um contexto de convergência dos principais indicadores econômicos e das projeções do mercado e da própria autoridade monetária.
“Decidimos manter a meta para 2026 no mesmo patamar, à luz dessas considerações: 3% com 1,5 p.p. de intervalo, lembrando que as projeções para 2025 já se encontram praticamente nesse patamar”, disse.
“Hoje o BC comunicou a mim e à ministra Simone Tebet que suas projeções de inflação já estão em torno de 3,1% para 2025. Então, não nos cabia neste momento uma alteração que pudesse, para baixo, implicar um aperto monetário ainda maior, e, para cima, sinalizar um descompromisso no combate à inflação no momento e que a inflação demonstra uma trajetória consistente”, explicou.
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Já sobre a alteração da metodologia do “ano calendário” para a meta flexível, o ministro classificou o movimento como “fundamental” para o futuro do país, colocando o Brasil em sintonia com as principais economias do mundo.
“O que se fazia no Brasil era abrir mão da meta para cumprir o ano-calendário. Agora você faz o contrário: mantém a meta abrindo mão do ano-calendário. É uma diferença de metodologia”, pontuou. Isso, segundo o ministro, confere um horizonte de prazo mais longo para o Banco Central conduzir a política monetária e seus efeitos, independentemente de circunstâncias políticas.
Durante a entrevista coletiva, Haddad explicou que a mudança metodológica ocorrerá apenas em 2025 para respeitar o mandato de Roberto Campos Neto no comando da autoridade monetária, que vai até dezembro de 2024.
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“A decisão do CMN hoje é uma norma legal. Você tinha que fixar hoje a meta de 2026. Isso estava programado desde o começo do ano e nós não nos antecipamos, porque entendemos que era um processo de maturação para saber como a economia brasileira ia chegar hoje. E ela chega bem. Ela chega a uma situação em que cortes robustos da taxa de juros podem ser praticados a partir de agosto sem nenhum risco de desancoragem. As trajetórias estão dadas. Foram dissipadas algumas dúvidas do mercado sobre o novo governo, sobre como nós íamos proceder, sobre o marco fiscal, qual a regra que ia substituir o teto de gastos, que nunca funcionou”, frisou.
O ministro, por outro lado, ponderou que a equipe econômica tem razões para se preocupar com a desaceleração da atividade econômica provocada pela manutenção da Selic a 13,75% por sete reuniões consecutivas do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central.
“Temos razões para nos preocupar com a desaceleração que está sendo vista neste momento e queremos garantir para a sociedade brasileira um 2024 melhor do que 2023. Entendemos que praticar uma taxa de juros que está hoje na casa de 9% em termos reais ou mais é algo que devia ser revisto em proveito da sociedade à luz dos indicadores”, disse.
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“Estou convencido de que não podemos conviver com essa taxa de juros. Estamos falando de 13,75% contra uma inflação projetada para 2025 pelo Banco Central de 3,1%. Mais técnico, impossível. Não estou falando de política, estou falando de matemática”, pontuou em um recado a Campos Neto.
“É uma operação bem simples: 13,75% contra uma inflação projetada de 3,1%, há muito espaço para acomodar isso. O que vai implicar uma melhoria do resultado primário, porque melhora a atividade econômica, a arrecadação e o emprego. E, como há capacidade ociosa na economia, você tem uma grande chance de ter um ciclo virtuoso pela frente, acomodando todos os indicadores – emprego, renda, crescimento, inflação, câmbio”, pontuou.
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