Vanquish, gestora de antigos fundos da Infinity, convoca nova assembleia e pauta substituição da gestão

Fundo que é objeto da reunião está fechado para resgates desde o último dia 17 após problemas com falta de liquidez de ativos

Bruna Furlani

(Getty Images)
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A novela envolvendo um grupo de fundos que pertenciam à gestora Infinity Asset Management – e foram transferidos para a Vanquish Asset Management – parece longe de acabar.

A RJI Corretora, administradora do antigo Infinity Select, atual Vanquish Pipa, convocou os cotistas para uma nova assembleia marcada para 9h do dia 7 de junho. A gestão da carteira foi passada da Infinity para a Vanquish em abril, após uma assembleia de cotistas realizada em março.

O Vanquish Pipa encontra-se congelado para resgates desde o último dia 17, após problemas devido à falta de liquidez de ativos – essa é a segunda vez em que o fundo é fechado para saques apenas neste ano. Nos cinco dias entre o fechamento do fundo e a última segunda-feira (22), o valor das cotas caiu de R$ 1,72 para R$ 0,26, uma queda de mais de 84%.

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Na pauta da assembleia está a discussão de uma possível substituição do administrador, do gestor ou de ambos. Outro ponto é a reabertura ou a manutenção do fechamento do fundo para resgates, além da possibilidade de pagar os cotistas com ativos financeiros e da cisão ou até mesmo liquidação do fundo.

O Vanquish Pipa possui atualmente cerca de 5 mil cotistas, contra mais de 10 mil no início de dezembro de 2022. O patrimônio líquido do produto também encolheu nos últimos meses. No fim do ano passado, era de R$ 308,6 milhões, contra R$ 43,7 milhões agora no fim de maio, mostram dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

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Carteiras concentradas e negociação com contraparte

Nas últimas duas semanas, a Vanquish congelou os resgates de quatro fundos que pertenciam à Infinity: Vanquish Coral, Vanquish Pipa, Vanquish Forte e Vanquish Safira. O antigo Infinity Select, atual Vanquish Pipa, tem o maior número de cotistas.

Atualmente, a casa possui sete fundos sob gestão, sendo que cinco vieram da antiga Infinity. Em dezembro do ano passado, a Vanquish possuía R$ 521,8 milhões sob gestão, enquanto no fim de abril o volume cresceu para R$ 604,0 milhões.

Em carta aos cotistas divulgada na segunda (22), a Vanquish alegou que, nas datas de transferências dos fundos da Infinity para a nova gestora, as aplicações das carteiras estavam concentradas em opções IDIs flexíveis, que foram estruturadas pelo antigo gestor e com registro na Cetip.

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“Como não apresentam liquidez, isso impossibilitou a execução de zeragem desses ativos. A alternativa adotada então foi no sentido de se aguardar a liquidação de tais operações em seu vencimento, previsto para 17 de maio deste ano”, diz a carta.

Cotistas ouvidos pela reportagem sob condição de anonimato aguardam a apresentação da minuta de negociação entre a Vanquish e a contraparte – documento que, segundo os investidores, foi prometido pela gestão da casa até esta quinta-feira (25).

Em nota, a Vanquish informou que entregou a minuta à RJI (administradora) nesta quarta (24). No documento, segundo a gestora, estão os detalhes do plano de negociação com a contraparte, que será apresentado e debatido na assembleia. A reportagem tentou entrar em contato com a administradora, mas não obteve sucesso.

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De acordo com o especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, Ricardo Jorge, opções IDIs são um instrumento utilizado pelo mercado institucional em que o principal objetivo é tentar “acertar” o ritmo de altas ou quedas de juros que será adotado nas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom) até a data de vencimento do ativo.

Jorge explica que há opções IDIs padrão e IDIs flexíveis – sendo que as primeiras são as mais comuns no mercado e as mais líquidas. Já as últimas se diferenciam por não ter características pré-definidas pela Bolsa. Na prática, as definições ficam a cargo das partes (comprador e vendedor) e podem envolver o tamanho do contrato, o vencimento etc.

Ao adquirir parte das operações de gestão da Infinity, a gestora também incorporou os principais executivos responsáveis pela gestão, como Felipe Wada de Souza, indicado como diretor de gestão da Vanquish na proposta comercial apresentada para absorver os fundos. Souza era gestor de volatilidade e de fundos de fundos na própria Infinity Asset.

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Entenda o caso

No começo de fevereiro, a conhecida gestora Infinity Asset, fundada em 1999, anunciou o fechamento para resgates e aplicações de três fundos de renda fixa da casa: Infinity Tiger Alocação Dinâmica, Infinity Lotus e Infinity Select.

A medida foi tomada em razão do “aumento repentino e atípico, considerando o histórico do fundo, de pedidos de resgate por parte dos cotistas”, segundo fato relevante divulgado na época. Os saques na gestora começaram após a casa perder o selo da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) em dezembro de 2022.

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De acordo com informações da associação, a casa foi desligada por causa do descumprimento de melhores práticas, como a realização de investimentos em violação aos limites previstos nos regulamentos; falhas no processo de acompanhamento dos riscos de crédito das operações realizadas nos fundos; falhas na administração de potenciais conflitos de interesses; falta de independência na área responsável por gestão de risco e compliance e falhas no processo de rateio de ordens.

O julgamento pelo conselho de melhores práticas da Anbima aconteceu em dezembro de 2020, mas os efeitos da decisão estavam suspensos em cumprimento de liminar, que tinha sido concedida à Infinity em ação que tramita em segredo de Justiça no Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro.

A perda do selo da Anbima não impedia a gestora de continuar operando, já que a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é o órgão responsável por autorizar o funcionamento e registro da instituição.

Em fato relevante divulgado na época, a Infinity defendia que não foi assegurado o seu pleno exercício do contraditório e da ampla defesa na ação judicial. A casa disse ainda que permanecia “cumprindo em todos os seus atos as diretrizes contidas nos manuais de melhores práticas e respeitando os códigos da Anbima”.