Carnaval 2023: 5 golpes financeiros que podem acabar com a folia (e como se proteger)

Aglomerações e distração são ingredientes para furtos e roubos de celulares e uso de maquininhas adulteradas

Giovanna Sutto

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A festa mais popular e colorida do Brasil está de volta. O Carnaval vai atrair uma multidão de foliões por ruas de pequenas, médias e grandes cidades do país a partir desta sexta-feira (17). Mas a festança regada a muita música e bebida alcoólica também tem um outro lado que muita gente esquece: os golpes financeiros.

Entre os perigos estão:

“Os criminosos aproveitam o excesso das pessoas e a falta de atenção das vítimas no período para executar diferentes tipos de golpes. O cenário é propício para um deslize e um potencial prejuízo financeiro”, afirma Alessandro Gratão, sócio da KPMG na área de riscos e compliance.

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A reportagem do InfoMoney consultou especialistas e listou os principais golpes desta época do ano e o que é preciso fazer para se proteger de cada um deles. Confira:

1. Furto de celular

O furto de celular é um dos problemas mais comuns durante o Carnaval e, além do prejuízo financeiro por ter que comprar outro aparelho, há também o risco de os criminosos conseguirem acessar apps de bancos, senhas e informações pessoais da vítima. Segundo dados da Anatel, em 2022, foram registrados quase um milhão de pedidos de bloqueio de celulares por furto ou roubo no país.

“Já há criminosos especializados em roubos de celular e isso vem afetando cada vez mais as pessoas. Considerando o clima de Carnaval, o celular é peça-chave seja para chamar um táxi ou carro por aplicativo para voltar para casa, se comunicar com amigos para encontrá-los nos bloquinhos ou realizar pagamentos por aproximação”, afirma Fabiano Tricarico, diretor de consumo da Kaspersky para Américas.

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Há várias formas de os criminosos aplicarem golpes para enganarem as vítimas para furtarem os aparelhos: eles aproveitam momentos de distração, como abraços e até beijos, que são comuns nas aglomerações do Carnaval, tumultos em volta da vítima, ou mesmo de forma mais agressiva, com spray de pimenta.

Como se proteger? 

Em termos de dicas de segurança, Alessandro Gratão, Sócio de prática forense da KPMG, explica que se o consumidor levar o celular aos blocos de Carnaval é importante usar as chamadas “doleiras” ou guardar o aparelho em locais próximos ao corpo.  “Outra medida, mais conservadora, é desinstalar os apps de bancos e instituições financeiras para ir à folia, tentando minimizar o risco de acesso às contas”, explica.

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Outra dica é não deixar nenhum tipo de senha no bloco de notas do aparelho. “Para mitigar o acesso a serviços online, remova ainda as senhas salvas também no navegador, assim como os logins automáticos”, acrescenta Tricarico.

Por último, ele sugere um bloqueio do atalho “Modo avião” na tela inicial, para que o dispositivo fique online e você possa ter acesso remoto a ele — é muito comum os criminosos furtarem o celular e na hora já ativarem o “modo avião” que deixa o aparelho offline.

Para não correr esse risco, siga os passos: no sistema operacional Android busque por “configurações”, depois “notificações”, em seguida “notificações na tela de bloqueio” e aparecerá “abrir área de notificações na tela”. Desabilite essa função. No sistema iOS, “ajustes”, depois “touch ID ou FaceID/código”, e desabilite as seguintes funções: “central de controle”, “central de notificações” e “acessório USB”.

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Não esqueça de deixar habilitada a função de rastreio do celular para conseguir apagar os dados do aparelho e localizá-lo remotamente, se necessário. Além disso, é importante guardar do código do IMEI do celular em algum local seguro para bloquear a linha e o aparelho em caso de roubo, furto ou perda, conforme orienta Camila Leite, advogada especializada em direito bancário.

Outra dica é não utilizar o SMS no duplo fator de autenticação, pois em caso de roubo de celular, facilmente conseguirão acessar suas contas de redes sociais.

Em caso de prejuízo, o consumidor deve fazer um boletim de ocorrência e entrar em contato com seu banco para notificar que o telefone vinculado à sua conta foi roubado. Deve pedir, ainda, o bloqueio de qualquer transação feita por este dispositivo, orienta Tricarico.

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2. Troca de cartão

Os criminosos, disfarçados de vendedores, aproveitam a grande movimentação ao redor para prestar atenção quando a vítima digita sua senha na maquininha de compra e depois trocam o cartão na hora de devolvê-lo — por um exatamente igual. Na pressa, a pessoa não checa o cartão que recebeu e fica com um cartão que não é seu. Com o cartão e senha em mãos, fica fácil para o golpista utilizar o dinheiro.

“Ao comprar algo na rua, nunca entregue seu cartão para alguém inserir na maquininha e realizar o pagamento. Sempre faça este processo você mesmo”, diz a advogada Camila Leite.

Tricarico orienta que os foliões deem preferência em utilizar o cartão de crédito em vez do de débito durante o Carnaval. “Muitos cartões de crédito têm embutido no sistema uma proteção contra fraudes que reembolsa as vítimas caso algo de ruim aconteça. Além disso, ao efetuar a compra, preste atenção ao digitar a senha — tampe os números com sua mão livre e verifique se não há ninguém suspeito por perto tentando ver sua senha”, explica.

3. Problema no cartão por aproximação

Outro golpe que vem sendo aplicado com cartão envolve a tecnologia NFC ou por aproximação e é recente. O golpista, também se passando por um vendedor, alega que a aproximação não está funcionando e pede para a vítima inserir o cartão na maquininha e digitar a senha. Ao colocar o cartão na máquina, são roubados os dados da transação, incluindo o número do cartão, que são utilizados em uma nova transação-fantasma pelos golpistas.

Quando acontece isso, pode aparecer a seguinte mensagem na maquininha: “Erro aproximação. Insira o cartão”. Se observar isso, decline da operação e busque outro vendedor.

O InfoMoney destrinchou esse golpe em uma reportagem recente, explicando como funciona e o que fazer.

Tricarico acrescenta que o consumidor pode também manter o cartão protegido com um porta-cartão ou carteira com bloqueador de NFC para evitar golpes por aproximação enquanto se desloca.

Gratão, da KPMG, também lembra que o consumidor deve configurar a opção NFC apenas para valores mais baixos para que, ao fazer uma compra mais cara, o cartão exija a senha para finalizar a transação.

Outro golpe que pode acontecer no Carnaval é o do visor da maquininha apresentando algum tipo de problema, não permitindo visualizar o valor da compra. Assim, quando o consumidor vai fazer uma compra durante o Carnaval de água ou cerveja, por exemplo, ele não consegue confirmar o valor que aparece na tela.

“O risco é R$ 10 virar R$ 1.000, por exemplo, e o consumidor sair no prejuízo sem perceber”, diz Gratão. “Por isso, é crucial sempre checar o visor e pedir o comprovante impresso para evitar problemas e confirmar os valores”, complementa.

Leite acrescenta que o consumidor deve evitar fazer a compra, se o visor da maquininha estiver danificado, impedindo que seja visualizado o valor real que está sendo pago.

Nos casos de golpes envolvendo cartão, o consumidor deve entrar em contato com o banco ou bandeira do cartão e sinalizar que a transação foi fraudulenta.

5. QR Code do Pix com valores errados

Outro golpe pode envolver o QR Code do Pix. O sistema instantâneo de pagamentos ganhou uma escala nacional muito rápida também entre os vendedores. Uma das opções de pagamento é via QRCode, quando o cliente escaneia o código para efetuar o Pix. No Carnaval o que pode acontecer, segundo Gratão, é o código estar configurado para um valor diferente do da venda.

“Se o consumidor não confere o valor, faz o Pix e fica com o prejuízo. Por isso, é importante pedir o comprovante para confirmar o valor pago”, diz o sócio da KPMG. Segundo ele, para o Carnaval, uma opção é levar dinheiro físico, na tentativa de mitigar potenciais fraudes durante a festa.

Giovanna Sutto

Repórter de Finanças do InfoMoney. Escreve matérias finanças pessoais, meios de pagamentos, carreira e economia. Formada pela Cásper Líbero com pós-graduação pelo Ibmec.