SÃO PAULO – Reforma da Previdência, uma economia que ainda não voltou a crescer, a falta de habilidade do novo governo em sua articulação política e preocupações na cena externa, com a guerra comercial entre Estados Unidos e China e temores de uma desaceleração global.
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São tantos os acontecimentos de 2019 que o investidor brasileiro não tem tido tempo para respirar, com os nervos testados a todo instante. Diante de um cenário de intensa volatilidade e de maiores incertezas sobre o médio prazo, fazia um bom tempo que a palavra calma não fazia tanto sentido como no momento atual.
Nesse ambiente de maior tensão, o trabalho de quem seleciona ativos para os clientes ficou ainda mais desafiador. Em busca de recomendações financeiras para investidores com patrimônio de R$ 1 milhão, o InfoMoney conversou com cinco gestoras de patrimônio —Andbank, Claritas, More Invest, Tag Investimentos e Taler — para entender como montar uma boa carteira, diversificada e preparada para eventuais turbulências.
Para as recomendações, foram determinados três perfis de investidor, com diferentes níveis de exposição a risco: conservador, moderado e arrojado. Os valores sugeridos para a renda fixa e a variável são uma média das cinco casas consultadas.
O primeiro caso se refere a investidores cujo objetivo principal seja a preservação de capital. Neste caso, os gestores recomendam em média uma alocação de cerca de 80% do portfólio em produtos de renda fixa.
Clientes que aceitam correr um pouco mais de risco, mas ainda estão em fase de construção de patrimônio, são classificados como moderados. Nas carteiras desses investidores, as gestoras recomendam deixar 60% em renda fixa e destinar o restante ao mercado de renda variável, com destaque para os fundos multimercados.
Por fim, investidores arrojados, dispostos a correr mais risco em troca dos melhores retornos possíveis, podem ter ainda mais posições em renda variável, como metade do patrimônio.
Confira a seguir as sugestões dos gestores para investidores com patrimônio de R$ 1 milhão conforme os perfis de risco:
Conservador
De acordo com os gestores ouvidos pelo InfoMoney, mesmo o investidor que deseja aplicar R$ 1 milhão e se enquadra em um perfil conservador deve olhar para além da renda fixa, principalmente com a taxa de Selic em sua mínima histórica.
Na prática, essa abertura pode se traduzir em investir em fundos multimercados (que podem ter exposição a diferentes ativos, como câmbio, juros, ações e investimentos no exterior) e até uma posição mais tímida diretamente em renda variável, via fundos de ações, por exemplo.
Aproximadamente 20% da carteira pode ser utilizado para buscar rendimentos em classes de ativos de maior risco, como a dos fundos imobiliários. Otávio Vieira, sócio da Taler, considera indicado ter uma parcela de 5% do portfólio nos FIIs, que ganham ainda mais atratividade em um cenário de juros baixos, como o atual.
“Fundos imobiliários bem escolhidos, em boas praças, estão pagando dividendos em torno de 7%. Achamos que é uma boa rentabilidade e o produto é isento de Imposto de Renda”, afirma, referindo-se à isenção fiscal sobre os proventos distribuídos pelos fundos.
Na renda fixa, dentre os ativos preferidos dos gestores estão os títulos Tesouro IPCA+ (antiga NTN-B), principalmente os papéis de médio prazo, que, além de oferecerem um ganho real, podem ser interessantes em um cenário de aprovação da reforma da Previdência. Hoje, esses títulos pagam um prêmio anual em torno de 4% (acrescido da inflação) no Tesouro Direto.
“Temos um possível cenário de queda de juros, então o cliente vai ser beneficiado pela parte prefixada e pela parcela de inflação”, afirma Leonardo Hojaij, diretor de private bank do Andbank.
Enquanto Carlo Adriano Moratelli, diretor da More Invest, acredita que as NTN-Bs são o grande destaque do ano, com o melhor risco-retorno no país, o diretor comercial da Claritas Investimentos, Ernesto Leme, afirma que a maior parte dos ganhos já aconteceu.
Por isso, ele sugere ao investidor destinar a maior parte (60%) do portfólio conservador a ativos indexados ao CDI, como papéis atrelados à Selic e fundos DI.
Dependendo da liquidez desejada, Vieira, da Taler, destaca que outra opção pode ser encontrada em CDBs com retornos entre 115% e 125% do CDI – em geral, fora dos grandes bancos. “Bancos menores costumam oferecer taxas melhores”, diz.
Moderado
Investidores de perfil moderado, por sua vez, são orientados a colocar mais um pé no mercado de renda variável (com fatia de 30%), ampliando a participação dos multimercados no portfólio.
Os gestores destacam a escolha de três a quatro subclasses do produto, com estratégias “macro”, “equity hedge” e fundos de arbitragem para ter ativos descorrelacionados na carteira. Vieira, porém, não recomenda mais de 30% do portfólio alocado nessa classe de ativo.
“A única certeza que temos hoje é que vamos ter muita volatilidade. Por isso, acreditamos que os melhores participantes do mercado que podem se beneficiar disso são os multimercados”, afirma Leme, da Claritas.
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Ainda na categoria de maior risco, a exposição em fundos imobiliários é citada por Vieira, da Taler, que recomenda uma posição de até 10% na classe, e por Moratelli, com posição menor, de 5%.
“Mas é importante analisar qual é o fundo – se é de galpões, lajes corporativas etc. -, quais ativos estão dentro dele, o cap rate, os dividendos, o gestor e os tipos de contrato que o fundo tem com os inquilinos”, frisa Eduardo Akira, assessor da Vero Investimentos.
Independentemente do perfil do investidor, Marcos Papaterra, sócio da TAG Investimentos, destaca que é importante manter uma margem de liquidez no portfólio, com ativos pós-fixados como fundos DI. “São importantes para segurança em caso de emergências e contribuem para uma agilidade na hora de montar posição no mercado de renda variável, dado esse cenário ainda turbulento”, afirma.
O gestor da More Invest, por exemplo, recomenda deixar 5% da carteira em caixa, ou seja, em produtos disponíveis a qualquer momento.
Arrojado
Na visão das cinco gestoras consultadas, o investidor mais arrojado deve aumentar significativamente suas posições em ações e em fundos multimercados (com exposição média de 50% em renda variável), enquanto o restante pode estar alocado em ativos mais líquidos, indexados ao CDI.
Leme, por exemplo, afirma estar moderadamente otimista com a Bolsa, tendo aumentado em 20% a posição na classe para seus clientes dos três perfis.
Para Papaterra, mesmo com as turbulências recentes, a Bolsa é uma das classes de ativos com melhor risco-retorno no momento atual. “Temos mais possibilidade de ganho do que de perdas na bolsa brasileira”, afirma.
Felipe Macedo, sócio da Messem Investimentos, destaca, porém, que em momentos de euforia no mercado financeiro é importante dosar riscos e não se exceder nas alocações. “Investimento é que nem remédio, precisa ser na dose certa. Se for demais, vira veneno; se for pouco, vira chá”, diz.
Outra forma de ampliar a diversificação da carteira, segundo Papaterra, está na inclusão de uma pequena parcela em dólar (5%), que pode ser dedicada a fundos cambiais, como “proteção em um cenário mais catastrófico, com eventos que destroem o mercado no curto prazo”. No ano, a moeda americana avança cerca de 8,3% em relação ao real.
Rodrigo Franchini, do escritório de agentes autônomos Monte Bravo, comenta que percebeu uma mudança no perfil de seus clientes. Há quatro anos, o investidor conservador era muito defensivo, segundo ele. Hoje, com taxas de juros muito mais baixas, ele já permite uma diversificação maior na renda fixa e está aberto a fundos multimercados e até às ações.
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