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O choque nos preços de commodities desde o início da invasão russa à Ucrânia tem elevado a expectativa para a inflação em todo o mundo. As novas projeções podem refletir na estratégia dos investidores de fundos imobiliários, que devem encontrar nos FIIs de “papel” uma alocação menos arriscada.
O tema foi um dos destaques da edição desta terça-feira (9) do Liga de FIIs, que teve a apresentação de Maria Fernanda Violatti, analista da XP, Thiago Otuki, economista do Clube FII, e Wellington Carvalho, repórter do InfoMoney.
Na avaliação de Maria Fernanda, episódios como o da guerra entre Rússia e Ucrânia refletem em todos os segmentos e em todo o mundo. Segundo ela, os fundos imobiliários, não estão imunes aos acontecimentos – ainda que no caso deles o impacto seja indireto, especialmente pela elevação ainda maior da inflação e a perspectiva de juros altos por mais tempo para combatê-la.
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Liga de FIIs
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Duas semanas após o início do conflito, o avanço nos preços de algumas matérias-primas básicas sugere que o impacto da inflação no bolso do consumidor deve ser forte. No início da tarde desta quarta-feira (9), o petróleo Brent caía US$ 6,56 dólares, ou 5,13%, cotado a US$ 121,36 por barril, depois de subir acima de US$ 131 dólares. O petróleo dos EUA (WTI) caía US$ 6,31, ou 5,10%, para US$ 117,39. Antes da invasão russa, os preços estavam abaixo dos US$ 100.
As commodities agrícolas e metálicas, que têm na Rússia e na Ucrânia importantes produtores globais, também seguem a tendência do petróleo, reforçando a ameaça inflacionária e os reflexos do aumento de preços.
Destaques nas listas de melhores desempenhos, os fundos de “papel” – que investem em títulos de renda fixa que acompanham a inflação e os juros – se beneficiaram da elevação de índices como o IPCA, IGP-M e a própria taxa básica de juros da economia, a Selic, nos últimos anos. Com a previsão de arrefecimento dos indicadores, a atratividade desse tipo de fundo começou a ser questionada no início de 2022. Os FIIs de tijolo, que estavam sendo negociados com desconto, ganhavam espaço nas carteiras.
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Os reflexos do conflito na Ucrânia poderão exigir do investidor nova mudança na estratégia de alocação dos fundos imobiliários, de acordo com Otuki.
“No início do ano, os fundos de tijolo, mais descontados, eram considerados a bola da vez”, relembra o economista do Clube FII. “Agora, os investidores deverão conseguir capturar rendimento, com maior segurança, com os fundos de recebíveis”.
O último relatório Focus do Banco Central apontou que o mercado financeiro elevou, pela oitava semana seguida, a expectativa para a inflação oficial do País no final de 2022, para 5,65%. O percentual está acima do teto da meta definido pelo governo federal para o ano, de 5%.
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Na tentativa de conter a elevação dos preços, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne na próxima semana para definir o novo patamar da taxa básica de juros da economia nacional, a Selic, atualmente em 10,75% ao ano. Antes do conflito, o mercado trabalhava com um cenário para o indicador em 12,25% no final de 2022.
Maria Fernanda, analista da XP, afirma que os fundos de “tijolo” seguem descontados e atrativos. Ela reflete, porém, que a recuperação das carteiras que investem em shoppings, escritórios e galpões logísticos pode demorar mais do que estava previsto.
Os analistas lembram ainda que o investidor deve enfrentar ainda mais volatilidade no curto prazo de um mercado que já discutia as incertezas fiscais, eleitorais e da Covid-19.
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Fundos mais recomendados para março
Além da expectativa em torno do aumento da inflação, o Liga de FIIs também discutiu os fundos imobiliários mais recomendados para março.
Levantamento realizado pelo InfoMoney compila os fundos imobiliários mais recomendados por dez corretoras. Em março, 55 fundos imobiliários foram citados. Do total, 20 são FIIs de “papel”, que investem em títulos de renda fixa ou certificados de recebíveis imobiliários (CRI), atrelados a índices de inflação ou à taxa do CDI (certificado de depósito interbancário).
A compilação apresenta os cinco ativos mais recomendados para o mês. Para critério de desempate, são selecionados aqueles com maior volume médio de negociação nos últimos 12 meses, com base em dados da provedora de informações financeiras Economatica.
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Confira a seguir os fundos imobiliários mais recomendados pelos analistas para fevereiro, o número de recomendações e a rentabilidade de cada papel em novembro, no acumulado do ano e nos últimos 12 meses:
Ticker | Fundo | Segmento | Recomendações | Retorno em janeiro de 2022 (%) | Retorno em 2022 (%) | Retorno em 12 meses (%) |
BRCO11 | Bresco Logística | Logística | 7 | 2,68 | -1,52 | -2,10 |
BTLG11 | BTG Pactual Logística | Logística | 5 | -1,48 | -2,51 | -2,76 |
TRXF11 | TRX Real Estate | Renda Urbana | 5 | 0,64 | 1,47 | 2,49 |
KNCR11 | Kinea Rendimentos Imobiliários | Recebíveis | 4 | -1,01 | 0,14 | 18,76 |
HGRU11 | CSHG Renda Urbana | Renda Urbana | 4 | -1,39 | -2,95 | -3,97 |
IFIX | – | – | – | -1,29 | -2,24 | -3,89 |
OBS.: A rentabilidade leva em consideração o reinvestimento dos dividendos e a cotação do dia 03/02/2022
Fonte: Economatica e corretoras (Ativa Investimentos, BB Investimentos, BTG Pactual, Genial, Guide, Mirae Asset, Órama, Santander Corretora e Rico)
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Produzido pelo InfoMoney, o Liga de FIIs vai ao ar todas as terças-feiras, às 19h, no canal do InfoMoney no Youtube. Você pode conferir também todas as edições do programa.