Stock Picking na prática: o que levou a FAMA Investimentos a incluir a Raia Drogasil na carteira?

Fabio Alperowitch, gestor da FAMA, fala sobre o processo de seleção das ações do portfólio do fundo e sobre escolha recorrente da farmacêutica desde 2008

Stéfani Inouye

Foto: Divulgação
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SÃO PAULO – Analisar as mais de 300 empresas listadas na bolsa e selecionar um grupo de 10 a 15 ações para compor o portfólio do fundo, na tentativa de garantir o melhor rendimento para o investidor.

O dia a dia de um gestor de fundos é forrado de tomadas de decisões difíceis, porém pautadas em um processo de análise cauteloso conhecido como Stock Picking. Mas como isso acontece na prática?

Na segunda live da série “Operação Stock Pickers”, Fabio Alperowitch, gestor da FAMA Investimentos, compartilhou alguns dos os pontos que considerou em sua análise ao selecionar as ações da Raia Drogasil para compor a carteira do fundo e conversou com Eugênio de Zagottis, vice-presidente da companhia, sobre o futuro da empresa. Para conferir o episódio na íntegra, clique aqui.

Confira alguns dos melhores momentos dessa conversa:

Inovações

Formada pela união das duas farmacêuticas Droga Raia e Drogasil em 2011, a Raia Drogasil tem como um dos principais pontos de interesse da companhia investir em inovação. Durante o bate-papo, Zagottis contou alguns dos planos da empresa e deu detalhes sobre a criação do novo sistema de pontos por compra em parceria com o Grupo GPA.

“Já temos 2200 lojas espalhadas em 23 estados do país e pretendemos continuar crescendo. Nossa expectativa é manter o guidance de expansão de 240 lojas por mês este ano e conquistar ainda mais espaço no ambiente digital”, afirmou o empresário.

“Estamos trabalhando agora no lançamento do Stix, que será um programa de pontos por compra em comum das lojas da Raia Drogasil e Grupo GPA, que também contará com uma parceria com o banco Itaú. Isso vai permitir que o consumidor crie uma verdadeira jornada de compra e também tenha benefícios em investir mais na sua saúde.”

Para Alperowitch, esse investimento pesado em inovações faz parte do leque de características que ele pondera na hora de investir em uma determina empresa. Contudo, o gestor ressalta a importância do gerenciamento de risco da companhia.

“Eu prefiro buscar empresas que tenham essa capacidade de enxergar uma oportunidade, testar, errar, de se reinventar e, quanto vier ao mercado, chegar com força. Geralmente, são empresas que cometem erros, mas que têm a consciência prévia de que, caso esses erros ocorram, eles não representarão uma grande perda para o negócio como um todo.”

“É importante que as empresas tenham capacidade de inovação, mas também de adaptação ao cenário, que muitas vezes pode ser volátil”, completa o gestor.

Projeções

Segundo Alperowitch, uma das grandes dificuldades na hora de se analisar uma ação está na construção das projeções de longo prazo para a companhia. Ele afirma não acreditar nos modelos que fazem cálculo de valores de uma empresa e que prefere errar positivamente em suas apostas.

“Na minha opinião, o que realmente importa é a perpetuidade da companhia daqui a dez anos. Mas, minha visibilidade desse período de tempo é muito pequena, então, olhar para uma empresa e dizer que sei como ela estará em 2030 é de extrema arrogância. Faço sim minhas projeções, mas sou extremamente conservador com elas. Prefiro estar posicionado em empresas que entre hoje e 2030 vão fazer com que eu erre de longe e positivamente na minha projeção”, afirma.

“A Raia Drogasil está no nosso portfólio desde 2008 e deve continuar. Confesso que antes eu tinha alguns pés atrás com a companhia, pois ela tinha uma margem muito baixa e eu não costumo gostar de empresas com margens limitadas. Mas enxergamos nela um potencial de crescimento e perpetuidade e temos investindo continuamente em suas ações desde então.”

Análise de valores

Alperowitch também contou que, apesar de também levar os valores das ações em consideração, esse não é o fator decisivo na hora de selecionar uma empresa para o portfólio do fundo.

“Logicamente, que quero comprar barato, mas esse não é meu único objetivo. Eu não estou procurando ações cujo o preço está mais baixo do que o valor de mercado, estou procurando empresas que vão me trazer boas surpresas, uma agenda de criação de valor e opcionalidades, que vão me trazer um valor que eu não esperava enxergar”, afirma.

“Meu objetivo é chegar em 2030 e ver que eu estava completamente errado quando subestimei a performance dessa empresa no dia de hoje.”

O primeiro e segundo episódio “Operação Stock Pickers” estão gravados e você pode assistí-los na íntegra clicando aqui.

Os demais episódios da série serão exibidos ao vivo na próxima sexta (02) e segunda-feira (05) e contarão com a presença de Gustavo Heilberg, gestor da HIX Capital, e Fernando Ferreira, estrategista-chefe e dead de research da XP Investimentos. Para se inscrever e garantir seu acesso, clique aqui.

Stéfani Inouye

Analista de conteúdo do InfoMoney, aborda temas ligados à educação financeira e mercado de ações.