“Fiquei muito surpreso com o comportamento do Lula” diz Luis Stuhlberger, da Verde Asset

Stock Pickers recebe um dos maiores gestores de fundos do Brasil para falar sobre projeções e riscos na Bolsa

Rafaella Bertolini

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2023 mal começou e existem agravantes que colocam o mercado em uma situação complexa. Um deles — talvez o mais contundente — é a mudança política com a entrada do novo governo de Luís Inácio Lula da Silva (PT).

Na avaliação de Luis Stuhlberger, sócio-fundador da renomada gestora Verde Asset e um dos maiores gestores do país, o atual presidente “deixa um grau de angústia e apreensão” depois de seus mais recentes discursos.

Isso porque, para o gestor, as expectativas eram de que houvesse um governo semelhante ao esboçado no discurso de vitória, no dia 31 de outubro, na Avenida Paulista — focado em governar para todos.

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Porém, segundo Stuhlberger, em alguns dias, tudo mudou. Passando pelo período de nomeações, PEC de transição, até o discurso da posse, “fiquei surpreso com o comportamento do Lula”, afirma o gestor.

Stuhlberger cita três motivos que fizeram a conduta do atual presidente mudar de tom.

Em primeiro lugar, o gestor aponta que Lula acredita que o mesmo modelo de 2003, de gastos elevados que depois se revertem em PIB mais alto, ainda é aplicável aos dias atuais. “A esquerda, mundo afora, acredita que se gastando mais com pessoas o retorno vem”.

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O segundo ponto é que o governo de Jair Bolsonaro, especialmente no último ano, entre redução de receita e aumento de despesas, deixou R$ 200 bilhões de gastos e a sociedade não se opôs. Na leitura de Stuhlberger, Lula também quer “seus R$ 200 bilhões” sem ser visto como “irresponsável fiscalmente”, o que seria uma espécie de “revanche”, afirma.

Por fim, Lula tem uma grande preocupação na rápida elevação do Produto Interno Bruto (PIB), visto que grande parte do seu eleitorado faz parte do que o gestor chama de “Brasil que recebe PIB”. Portanto, seu cacife eleitoral está fortemente atrelado a esse fator.

O executivo chama a atenção para o fato de que, mesmo em meio a um cenário mais complexo, o Brasil está muito descontado, o que pode fazer com que os ativos caminhem. O mercado doméstico também pode ser um grande beneficiário do atual cenário internacional, desde que o governo não exagere nos ruídos.

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“[O Brasil] tem tudo para se beneficiar na geopolítica. Basta o governo mostrar que não é um populismo de esquerda argentino, ou venezuelano, que os mercados [capitais] vêm para cá”, afirma Stuhlberger.

Para completar, na avaliação de Stuhlberger, o investidor estrangeiro é muito pragmático ao olhar para os países emergentes, cujo foco é sempre o preço. Neste caso, os ativos no Brasil estão muito baratos.

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Rafaella Bertolini

Editora de redes sociais do Stock Pickers e Do Zero ao Topo. Escreve reportagens sobre empreendedorismo, gestão, inovação e mercados para o InfoMoney.