Como a Netflix deslanchou após um tiro no pé

Hoje uma gigante, empresa causou a disrupção do próprio mercado.

Renato Santiago

Reed Hastings, fundador da Netflix (Divulgação)
Reed Hastings, fundador da Netflix (Divulgação)

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Ttexto originalmente enviado aos assinantes da newsletter do Stock Pickers no dia 13 de março. Para receber a newsletter, clique aqui.

Se alguém lhe desse o seguinte conselho:

“Destrua o negócio que traz mais renda para sua empresa e coloque todas as suas fichas neste novo serviço, que muito pouca gente está usando. Vai dar certo.”

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Você aceitaria?

Antes de pensar na resposta, imagine que quem deu esse conselho foi Reed Hastings, fundador e CEO da Netflix, que hoje fatura, US$ 25 bilhões por ano e tem mais de 200 milhões de assinantes no mundo todo.

E se você entrasse para o mercado financeiro? Esta série de lives vai te mostrar como se tornar um dos profissionais mais disputados da área.

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Não sabemos se Hastings já deu esse conselho para alguém, mas descobrimos na semana passada (pelo menos eu descobri, quando fizemos a primeira Imersão na Gestora do Clube Stock Pickers, com o fantástico time da IP) que foi exatamente isso que ele fez na própria empresa, lá atrás. Também descobrimos que essa é uma “fórmula” que outra empresa tão bem sucedida quanto a Netflix também adotou.

Autodisrupção

Eu não estava lá, mas tenho certeza quando Hastings contou sua estratégia de autodisrupção alguém disse: esse doido está dando um tiro no pé.

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O plano que Hastings executou, segundo nos contaram o Gabriel Raoni e o Rafael Cattley, da IP, se desenrolou da seguinte forma: percebendo que vender DVDs, que era o principal negócio da Netflix, não iria longe, ele passou a alugá-los.

Enviar DVDs pelo correio e depois recebê-los de volta também não era, ainda, o futuro. Então Hastings resolveu dar um tiro no outro pé, e passou a desenvolver o streaming, mesmo com sua principal concorrente no negócio, a Blockbuster, já falida.

Com US$ 300 milhões de geração de caixa, 95% vinda da venda de DVDs, Hastings havia dado um tiro em cada pé. Dez anos depois, o resultado é uma companhia em que hoje fatura US$ 6 bilhões em um trimestre, é um dos maiores e melhores produtores de conteúdo do mundo, ganhando seis dos principais prêmios do Globo de Ouro.

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Disrupção assim, no mundo da tecnologia, é algo relativamente comum, principalmente quando promovidas por uma empresa que está transpondo um mercado, como o de distribuição de conteúdo, do mundo físico para o digital. Em outros mercado já consolidados, isso é impossível.

Então prepare-se para ouvir como uma empresa do mercado financeiro renasceu e prosperou também dando um tiro no pé.

Raoni e Cattley também nos contaram sobre a Charles Schwab, a corretora americana que inspirou a XP Investimentos. Em 2019 a companhia zerou a corretagem e suas ações despencaram, afinal, como pode uma corretora viver sem corretagem?

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Hoje parece óbvio, e até simples, o que a Charles Schwab fez. Ao abrir mão da taxa, a companhia captou muito, concentrando 30 milhões de clientes, e é capaz de extrair lucros bilionários apenas reinvestindo o dinheiro que os clientes deixam parados em suas contas.

Hoje, metade dos US$ 600 bilhões de receita vêm desse negócio. E se os juros americanos eventualmente subirem um ponto percentual, por exemplo, de 1,5% para 2,5%, ao ano, são mais US$ 6 bilhões no caixa.

Antes de seus momentos de auto-disrupção, Netflix e Charles Schwab não eram empresas problemáticas, ou que estavam à beira de falir. Mas também não eram os gigantes dominantes que são hoje. Acima de tudo, no entanto, elas são a prova de que um tiro no pé pode fazer bem.

Um abraço,

Renato Santiago
Fundador do Stock Pickers e do Clube Stock Pickers

Renato Santiago

Renato Santiago é jornalista, coordenador de conteúdo e educação do InfoMoney