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Era uma manhã de sábado tranquila, quando as primeiras mensagens começaram a pipocar no meu Whatsapp e Twitter. :
Como estava em uma festa de família, em um primeiro momento virei para o meu tio (que é operador de mercado há mais de 30 anos) e falei: “você não acredita, metade da produção de petróleo da Arábia Saudita foi interrompida”. Na hora ele não entendeu muito bem o que poderia acontecer, mas fiquei pensando naquilo o fim de semana todo.
Quando vi o petróleo abrindo com alta de quase 20% na noite do último domingo, pensei: “será que o Fed (BC dos EUA) vai cortar juros? E o BC do Brasil, será que vai mesmo cortar os 50 pontos que o mercado ta colocando na conta?”
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Para entender a dimensão do evento, os ataques terroristas destruíram algumas unidades do maior complexo petrolífero da Arábia Saudita, provocando o corte de metade da produção local de petróleo (5,7 milhões de barris por dia), o equivalente a 5% da produção global.
Seria o pior corte de produção da história do petróleo, mais até do que os choques de ofertas que tivemos em 1973 e 1979.
Confesso que em algum momento cheguei a pensar que a ‘casa’ poderia cair: economia global já não vai bem, choques de petróleo antecederam grandes crises e a inflação poderia disparar no mundo. Eu realmente estava sendo atraído pelo canto da sereia. Em alguns momentos, informação demais atrapalha em vez de ajudar.
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Mas por que a inflação poderia disparar?
Pelo simples fato de estar atrelado a praticamente todos os custos da economia, o petróleo acaba exercendo um grande poder sob os preços.
Imagine uma empresa que opera com uma frota de carros. Os custos aumentariam, afinal ela continuaria colocando gasolina nos carros. Será que ela repassaria o aumento dos custos em seus serviços? Se sim, os produtos ficariam mais caros. Se não, suas margens de lucro seriam menores. Ou seja, nenhum dos dois casos é bom. Mas diante deles, a inflação é a mais temida.
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Para quem não é tão familiarizado com o assunto, o principal diagnóstico de um Banco Central para corte ou elevação de juros é a inflação. Embora seja temida, a inflação no mundo e no Brasil não tem preocupado. O consenso (com raras exceções) é que os juros devem ficar baixos durante algum tempo, inclusive nos EUA, maior economia do mundo. No Brasil, dada a pior recessão econômica da nossa história, a inflação não tem dado indícios de que deverá pressionar os preços. Diante disso o mercado acreditar que os juros devem cair para pelo menos 5% ao ano até o fim de 2019. Repito: pelo menos.
Importante: Na próxima quarta-feira teremos decisão de juros nos EUA e no Brasil.
Então pensei: seria este um Cisne Negro? Por ser um evento totalmente inesperado, ele não estava ‘nas contas’ de ninguém. E assim que este evento acontece, o mercado perde a referência do que pode acontecer daqui pra frente, e essa incerteza gera toda uma volatilidade. A estes eventos inesperados que bagunçam toda a estrutura do mercado dá-se o nome de Cisne Negro. Segundo Nassim Taleb, a natureza humana nunca foi preparada para assimilar cisnes negros.
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Durante esta segunda-feira, o dia se mostrou mais calmo do que o que eu havia pensado – com exceção das companhias aéreas, que derreteram na bolsa. Os juros futuros por aqui continuaram caindo. A saber: a expectativa de juros do mercado para todos os períodos (ou vértices) continuaram caindo. Seria essa uma oportunidade? Ou será que o mercado de fato não deu tanta relevância para o evento. Se não deu, por que será?
Para entender essa dinâmica e por que o mercado se comportou dessa maneira, convidamos Ivo Chermont, economista chefe da Quantitas Asset, economista com mais de 14 anos de experiência cobrindo Brasil e mercados internacionais, para o nosso Stock Pills versão extraordinária sobre petróleo.
Com todo o seu conhecimento no assunto, ele nos ajudou a entender os possíveis impactos do petróleo tanto no Brasil quanto no mundo.
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