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(Bloomberg) — A disputa envolvendo o abastecimento de navios iranianos atracados na costa brasileira destaca a postura do governo em relação ao Oriente Médio, grande importador de milho, açúcar e aves do Brasil.
Sob o comando do presidente Jair Bolsonaro, a política externa do país, antes tradicionalmente neutra, agora está mais alinhada com os Estados Unidos e Israel. Um de seus primeiros anúncios depois de vencer as eleições do ano passado foi a intenção de transferir a embaixada brasileira em Israel de Tel Aviv para Jerusalém. O gesto preocupou empresas brasileiras que dependem dos mercados do Oriente Médio, mas os acontecimentos dos últimos dias intensificaram o desconforto.
A Petrobras se recusou a reabastecer dois navios iranianos por receio de sofrer sanções dos EUA, o que resultou em ameaças do Irã de suspender importações do Brasil. Embora a Petrobras tenha recebido uma ordem do Supremo Tribunal Federal para abastecer os navios, as preocupações com as relações de comércio persistem.
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O Irã é o quarto maior importador de produtos agrícolas brasileiros, respondendo por um terço de todos os embarques de milho do país. O Oriente Médio comprou US$ 7,2 bilhões em produtos brasileiros, ou 8,5% das exportações agrícolas do país no ano passado.
“Ter esse problema resolvido é uma boa notícia”, disse Sérgio Mendes, diretor-geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), em entrevista por telefone. “A maior parte da produção de grãos do Brasil vai para a Ásia e Oriente Médio. As relações comerciais não têm nada a ver com política.”
O Brasil deveria tentar uma reaproximação com a região, disse Ali Ahmad Saifi, diretor executivo da CDIAL Halal, empresa que responde por cerca de 60% de todo o frango cujo abate é certificado no país de acordo com a lei islâmica.
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Representantes do governo planejam visitar os Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e, possivelmente, o Catar em outubro.
“O Brasil tem a oportunidade de estar bem com todo o mundo”, disse Saifi. “Não precisamos importar problemas externos.”
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