Tarcísio é favorito para suceder Bolsonaro na direita após inelegibilidade no TSE, dizem analistas

Além de liderar o maior colégio eleitoral do país, Tarcísio tem conquistado espaço nas negociações em torno da reforma tributária em tramitação no Congresso

Marcos Mortari

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em cerimônia de assinatura de pagamento de subsídios habitacionais (Foto: Mônica Andrade/Governo do Estado de SP)
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), em cerimônia de assinatura de pagamento de subsídios habitacionais (Foto: Mônica Andrade/Governo do Estado de SP)

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A decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de tornar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) inelegível por 8 anos, contados a partir das eleições gerais de 2022, deve abrir espaço para uma disputa por nomes alternativos no campo da direita para os próximos pleitos.

Embora ainda caibam recursos junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter o entendimento de que Bolsonaro cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação durante reunião realizada no Palácio da Alvorada com embaixadores estrangeiros no dia 18 de julho do ano passado, especialistas não acreditam em reversão.

O ministro Alexandre de Moraes, atual presidente do TSE, vai ser o responsável por analisar a admissibilidade de eventual recurso extraordinário de Bolsonaro no STF. Caberá a ele verificar se haverá questões constitucionais a serem tratadas e se a matéria tem repercussão geral.

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Caso o pedido seja negado, a defesa ainda teria a possibilidade de lançar um agravo contra o despacho denegatório de recurso especial, que seria distribuído para análise de outro ministro do Supremo Tribunal Federal. Como as chances são avaliadas como remotas no mundo político, nos bastidores já ocorre uma movimentação de peças pela “sucessão” de Bolsonaro.

Na 46ª edição do Barômetro do Poder, levantamento feito mensalmente com consultorias e analistas independentes sobre alguns dos principais temas em discussão na política nacional, o InfoMoney foi atrás das apostas para a liderança da direita com Bolsonaro inelegível.

O estudo, realizado entre os dias 28 e 30 de junho (portanto, antes de o TSE declarar a inelegibilidade do ex-presidente), mostra que 64% dos especialistas consultados acreditam que o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), é o favorito para ocupar o espaço de Bolsonaro no campo da direita.

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Ex-ministro da Infraestrutura na gestão de Bolsonaro, Tarcísio tem se destacado nas negociações sobre a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que trata da reforma tributária em tramitação no Congresso Nacional. Ao contrário de seu padrinho político, que trabalha pela rejeição do texto, o governador sugeriu mudanças, mas agora diz que apoia 95% do projeto.

O Barômetro do Poder também mostra que outros 29% acreditam que, mesmo inabilitado a disputar eleições até 2030, Bolsonaro continuará como a principal liderança no campo da direita. Já 7% apontaram para o nome da ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro (PL).

Outros nomes, como Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais; Rogério Marinho (PL-RN), líder da oposição no Senado Federal; Hamilton Mourão (Republicanos-RS); e Sérgio Moro (União Brasil-PR) não foram mencionados pelos analistas consultados.

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“A inelegibilidade criará um vácuo no campo da direita, e uma batalha silenciosa pelo espólio eleitoral já está sendo travada nos bastidores. No entanto, seria pouco prudente uma personalidade se posicionar como o herdeiro do ex-presidente, sob o risco de iniciar um processo de fritura pública”, afirmou um analista consultado.

“Bolsonaro não deve apresentar um sucessor no curto prazo, mesmo após sua condenação. O ex-presidente ainda deve apostar na narrativa de perseguição política e recorrer da decisão no STF. Uma das estratégias deve ser similar a de Lula em 2018, manter uma possível candidatura até os 45 do segundo tempo”, apostou outro especialista.

“A questão não é mais a inelegibilidade de Bolsonaro, mas se depois de ela ocorrer qual será a velocidade das ações para a sua prisão e a articulação do meio político para parar o processo por aí”, pontuou um terceiro analista participante.

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Esta edição do Barômetro do Poder ouviu 10 consultorias políticas – Control Risks; Dharma Political Risk & Strategy; Empower Consultoria; Medley Global Advisors; Patri Políticas Públicas; Ponteio Política; Prospectiva Consultoria; Pulso Público; Tendências Consultoria Integrada; e XP Política – e 3 analistas independentes – Antonio Lavareda (Ipespe); Carlos Melo (Insper); e Thomas Traumann.

Conforme acordado previamente com os participantes, os resultados são divulgados apenas de forma agregada, sendo preservado o anonimato das respostas e dos comentários.

Clique aqui para acessar a íntegra.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.