2º dia de bloqueios em estradas registra ocorrências em 19 estados

Há 190 pontos de bloqueio ou interdição em estradas no momento e 419 manifestações já foram desmobilizadas, segundo PRF

Rikardy Tooge Lucas Sampaio

Pontos da Via Dutra foram interditados por caminhoneiros apoiadores do       presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), na altura do quilômetro       149, em São José dos Campos (SP), na manhã desta terça-feira, 01 (LUCAS LACAZ RUIZ/ESTADÃO CONTEÚDO)
Pontos da Via Dutra foram interditados por caminhoneiros apoiadores do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), na altura do quilômetro 149, em São José dos Campos (SP), na manhã desta terça-feira, 01 (LUCAS LACAZ RUIZ/ESTADÃO CONTEÚDO)

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O segundo dia de bloqueios de vias, que ocorrem após a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no segundo turno contra o atual presidente e ex-candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), atingem 21 estados e o Distrito Federal, segundo o último balanço divulgado pela Polícia Rodoviária Federal (PRF), por volta das 20h30.

Há no momento 190 pontos de bloqueio ou interdição em estradas brasileiras, segundo a corporação. A PRF diz que esse número chegou a 421 na madrugada e que 419 manifestações já foram desmobilizadas até o momento (veja abaixo).

Há interdições e bloqueios em rodovias federais de 19 estados, segundo a PRF (as exceções são Amapá, Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Maranhão Paraíba, Rio Grande do Norte,  e Sergipe). Os estados com mais problemas são Santa Catarina (36 bloqueios), Mato Grosso (26), Pará (21) e Paraná (9 interdições e 7 bloqueios).

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Por volta das 16h40, o presidente Jair Bolsonaro (PL) se manifestou contrário aos bloqueios, mas disse que as manifestações refletem o “sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral”.

“As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir”, disse.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira (1º) o uso das polícias militares para o desbloqueio das vias — inclusive as federais, cuja responsabilidade é da PRF. Após a decisão, os governadores de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro determinaram que todas as rodovias bloqueadas pelos bolsonaristas nos três maiores estados do país sejam liberadas.

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Moraes afirmou em sua decisão que as PMs têm poder para desbloquear vias federais, estaduais ou municipais e também multar e prender os responsáveis pelos bloqueios. Na segunda-feira (31), a Suprema Corte já havia formado maioria para referendar uma outra decisão do ministro, que determinou que a PRF agisse para liberar as estradas (veja mais abaixo).

A Advocacia-Geral da União (AGU), que representa a PRF na Justiça, disse que já obteve treze liminares autorizando os policiais a adotar as medidas necessárias para desobstruir pelo menos 71 trechos de rodovias federais interditados em 13 estados do país.

As decisões foram obtidas por meio de 17 ações movidas com os objetivos de: assegurar a livre circulação de veículos nas estradas; preservar a ordem e a segurança dos usuários e dos próprios manifestantes que estão realizando os bloqueios; evitar o desabastecimento de municípios.

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Na manhã desta terça, a Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), entidade que reúne as empresas de transporte rodoviário de cargas, afirmou que não apoia o “movimento de caminhoneiros autônomos”, em linha com o posicionamento da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) de ontem, que repudiou os protestos.

bloqueio na marginal tietê
Bloqueio na Marginal Tietê na noite de segunda-feira (31)

Entidades criticam movimento

Diversas entidades de classe já se manifestaram contra os bloqueios. A CNT (entidade que representa as empresas de transporte) criticou as interdições e entrou com pedido no STF para liberação das estradas. A confederação diz que os bloqueios causam “transtornos econômicos”, além de afetar a locação de pessoas doentes e de produtos de primeira necessidade, como alimentos, medicamentos e combustíveis.

A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) disse que os bloqueios nas estradas afetam os consumidores brasileiros e que há risco de desabastecimento no setor. “Fazemos um apelo para que as rodovias sejam liberadas para cargas vivas, ração, ambulâncias e outros produtos de primeira necessidade e/ou perecíveis”, disse a frente parlamentar em nota.

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A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) também condenou os bloqueios. O presidente nacional da OAB, Beto Simonetti, disse em nota que as interdições são inaceitáveis. “A OAB nacional convoca a sociedade a enaltecer e a fortalecer a liberdade de escolha por meio do respeito ao voto popular e ao resultado das eleições presidenciais”.

Representantes não reconhecem manifestações

O deputado federal Nereu Crispim (PSD-RS), presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Caminhoneiros Autônomos e Celetistas, afirmou em nota oficial que os caminhoneiros não irão parar para protestar contra o resultado das eleições.

A categoria “não participa e nem participará de nenhum movimento de paralisação ou bloqueio de rodovias para protestar e questionar o resultado das eleições que elegeu o candidato Luiz Inácio Lula da Silva como novo presidente do Brasil”, afirmou Crispim.

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O diretor da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Transportes e Logística (CNTTL), Carlos Alberto Litti Dahmer, disse que se trata de uma “ação antidemocrática de alguns segmentos que não representam a categoria dos caminhoneiros autônomos de não aceitação do resultado das urnas”.

A entidade havia promovido anteriormente chamados de greve contra os preços dos combustíveis. Dahmer afirma que a pauta permanente dos caminhoneiros “não é política, mas econômica”, inclusive reivindicações como a consolidação da tabela do frete e a redução dos preços dos combustíveis.

(Com Reuters e Estadão Conteúdo)

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Rikardy Tooge

Repórter de Negócios do InfoMoney, já passou por g1, Valor Econômico e Exame. Jornalista com pós-graduação em Ciência Política (FESPSP) e extensão em Economia (FAAP). Para sugestões e dicas: rikardy.tooge@infomoney.com.br