Renan compara depoimentos na CPI da Covid à negação do nazismo e governistas reagem

Declaração provocou confusão no início da sessão desta terça-feira

Reuters

O senador Renan Calheiros (MDB-AL), durante sessão inaugural da CPI da Pandemia. (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)
O senador Renan Calheiros (MDB-AL), durante sessão inaugural da CPI da Pandemia. (Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado)

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BRASÍLIA – O relator da CPI da Covid, senador Renan Calheiros (MDB-AL), citou o Tribunal de Nuremberg, que julgou os crimes do nazismo, e comparou o comportamento de autoridades e ex-membros do governo federal que prestaram depoimento à comissão com a atitude de comandantes nazistas durante seu julgamento, o que provocou confusão no início da sessão desta terça-feira.

“Faço questão de trazer à memória de todos talvez o julgamento mais conhecido de todos, o Tribunal de Nuremberg, foi ali que o mundo procurou encontrar respostas para um crime atualmente inconcebível, o genocídio de 6 milhões de judeus nos campos de concentração no regime nazista”, disse Renan ao fazer sua introdução, provocando a ira de senadores governistas, que reagiram ao que interpretaram como uma comparação entre o governo do presidente Jair Bolsonaro e o período da Alemanha nazista.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), respondeu de forma extremamente nervosa e acusou Renan de estar fazendo um “pré-julgamento”.

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“Desculpe-me, sr. relator: é um absurdo querer comparar a situação que nós estamos enfrentando aqui com o genocídio que ocorreu na Alemanha!”, afirmou.

Apesar de não ser membro da CPI, o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente da República, começou a gritar que Renan estava desrespeitando os judeus ao falar de nazismo, enquanto o senador gaúcho Luiz Carlos Heinze (Progressistas-RS), um dos líderes da “tropa de choque” do governo na comissão, afirmava que “as 450 mil mortes são dos que negam tratamento”.

Na sequência, quando pôde novamente falar, Renan explicou que não estava fazendo uma comparação do governo com o nazismo, mas do comportamento dos depoentes com os acusados em Nuremberg, que negavam os crimes de guerra.

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“Não podemos dizer que houve genocídio. Não podemos dizer ainda. Mas podemos dizer que há sim uma semelhança assustadora, uma semelhança terrível, uma semelhança tenebrosa, uma semelhança perturbadora no comportamento de algumas altas autoridades que testemunharam aqui na CPI e o relato que acabei de ler sobre um dos marechais do nazismo no Tribunal de Nuremberg, negando tudo, enaltecendo Hitler, apresentando-se como salvadores da pátria, enquanto a história provou que faziam parte de uma máquina da morte”, disse o relator.

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