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SÃO PAULO – Para o sociólogo e cientista político Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise, embora haja muito chão pela frente até o dia da eleição, a presidente Dilma Rousseff já entrou em uma “zona de perigo” a partir do momento em que perdeu os 34% de aprovação dos eleitores, segundo dados da última pesquisa Vox Populi. Cair para esse patamar levou a chance de vitória por avaliação da presidente sair de 40% para próxima a 0%, indica um estudo feito por ele, com base em 104 eleições para governador ocorridas entre 1994 a 2010.
Em entrevista ao InfoMoney, Almeida comenta que não há mais gordura para a perda de pontos da avaliação do governo e que pioras adicionais na soma de ótimo e bom de Dilma resultariam em sua derrota na eleição deste ano. “Dilma não é mais a favorita absoluta para a vitória”.
Segundo ele, o brasileiro quer um presidente que melhore a qualidade diária de vida dele especificamente no consumo, na sua capacidade de compra. Se essas questões estiverem caminhando razoavelmente bem, o governante tende a ir bem. “O cenário para a eleição ainda está nebuloso. O desemprego nunca foi tão baixo, não há recessão nem crises, mas ao mesmo tempo você teve uma forte inflação nos alimentos. O panorama é ainda de pouca visibilidade”, comenta. Para Almeida, o cenário deve continuar nebuloso até pelo menos a Copa do Mundo. Só a partir do meio do ano, haverá uma definição maior no rumo da eleição, avalia.
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Confira os principais pontos da entrevista:
INFOMONEY: Qual presidente o Brasil quer?
ALBERTO ALMEIDA: Ele quer um presidente que melhore seu poder de compra. Em 2006, por exemplo, foi um ano bom, com programas sociais como o Bolsa Família. Tudo transita em torno da capacidade de compra do eleitor. Embora transitem questões sobre saúde e educação, no fundo a razão principal para o voto é o poder de compra. Se ele tiver razoavelmente bom, o governante tende a ir bem.
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INFOMONEY: Depois das manifestações no final do ano passado, você vê uma mudança no perfil do eleitor?
ALBERTO ALMEIDA: O eleitor é um pouco diferente da época do Fernando Henrique Cardoso. A demanda mudou e os políticos são mais sensíveis a isso. Hoje, os eleitores querem lazer, poder comer fora com a família e sair aos finais de semana.
Acredito que não existe um eleitor mais ou menos consciente. O que ele pode fazer é passar a ver as coisas de forma diferente. Em um determinado período, as pessoas podem não dar mais tanta importância a questão tributária, por exemplo. Um estadista inglês falava que a estabilidade da moeda não é tudo, mas tudo sem a estabilidade não é nada. As questões vão mudando. Os temas se acumulam, mas a inflação é sempre um tema recorrente.
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INFOMONEY: O que Dilma precisa fazer para conseguir reverter o quadro de queda na popularidade e em intenção de voto?
ALBERTO ALMEIDA: Ela vem adotando medidas desde o ano passado. Houve mudanças no rumo da política econômica e a própria mudança nos planos de concessões. Entretanto, há fatores fora do controle do governo, como a inflação dos alimentos, que deve-se principalmente ao clima. Há questões que o governo não tem controle.
INFOMONEY: Qual o discurso que a oposição teria que adotar para ganhar ainda mais espaço?
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ALBERTO ALMEIDA: A oposição ainda não encontrou um discurso para o eleitor médio. O que eu noto é que eles estão pouco à vontade nesse terreno. Eles falam bem com o empresariado, com a indústria, mas ainda não conseguiram adotar um discurso para o eleitor médio. Quando eles ficarem mais à vontade nesse terreno, eles tendem a ganhar mais.
INFOMONEY: Lula ainda será um fator determinante para a vitória de Dilma?
ALBERTO ALMEIDA: Será bem menos. Isso porque no passado ele era o presidente, ou seja, quem quisesse uma continuidade do governo iria votar no seu sucessor. Hoje, ele não tem mais esse poder. Ele servirá mais como um ponto de apoio para a candidatura de Dilma.
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INFOMONEY: Qual será o tema da eleição este ano?
ALBERTO ALMEIDA: O tema econômico será inevitável. Desemprego e inflação devem vir com tudo este ano.
INFOMONEY: As próximas pesquisas ainda devem vir sem muita direção?
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ALBERTO ALMEIDA: Acredito que sim. Ainda tem muito coisa pela frente. Tem a Copa do Mundo no meio. Os candidatos ainda serão atacados e se atacaram mutuamente. A campanha ainda não começou oficialmente. Tem muito chão até a eleição.
INFOMONEY: Por que você diz que abaixo de 34% a aprovação a presidente não conseguiria se reeleger?
ALBERTO ALMEIDA: A afirmação está dentro do contexto das eleições para governador. Existe uma certa equivalência entre o eleitor e o representante quando se trata de governador e presidente. São cargos distantes do eleitor, então a avaliação é mais impessoal. Nos casos estudos (de 1994 a 2010), 100% dos governadores que disputaram a reeleição com a soma de ótimo e bom igual ou maior do que 46% foram reeleitos, enquanto 100% dos governadores que disputaram a reeleição com soma de ótimo e bom igual ou inferior a 34% foram derrotados. Já com avaliação de 40% a 43%, a derrota é menos frequente.
No caso, a última pesquisa Vox Populi apontou Dilma com 32%, o que deixa a presidente em uma posição desconfortável. Não há mais gordura para a perda de pontos da avaliação do governo. Nesse patamar, Dilma não é mais favorita para ser reeleita.
INFOMONEY: Qual o poder das pesquisas de intenção de voto neste momento?
ALBERTO ALMEIDA: Neste momento, com o cenário ainda nebuloso, as pesquisas tem o poder principalmente de mexer nos preços do mercado e eliminar candidaturas.
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