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SÃO PAULO – A combinação de um ambiente de polarização do debate político e de excessiva fragmentação de candidaturas no campo mais localizado ao “centro” do espectro ideológico tem mobilizado lideranças partidárias em torno de tentativas de unificação. A ameaça de um segundo turno ser disputado entre figuras da extrema-direita e da esquerda na corrida presidencial é uma das principais motivações do lançamento do “Manifesto por um polo democrático e reformista” por siglas como PSDB, MDB, PPS, PV, PSD e PTB, nesta quinta-feira (28), em São Paulo. Um dos nomes engajados nesta articulação é Roberto Freire, presidente nacional do PPS e suplente de deputado federal, entrevistado com exclusividade pelo InfoMoney (confira a íntegra pelo vídeo ao final desta matéria).
Na avaliação do experiente parlamentar, as duas candidaturas que hoje se destacam naquilo que ele chama de “polo democrático e reformista” seriam a do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), nome com indicação prévia de apoio do PPS, e da ex-senadora Marina Silva (Rede). Para ele, contudo, não há nada definido e, em ambos os casos, há fragilidades que precisam ser avaliadas. “Temos dificuldades de ter um candidato que represente essas forças que não estão nesses dois polos, seja o do lulopetismo ou do bolsonarismo. É uma área imensa e a ampla maioria que as pesquisas indicam. Mas não consegue ter uma candidatura que empolgue e que tenha boa base de sustentação, até porque isso fica separado. Você pode ter uma candidata com bom recall (Marina) e você tem a candidatura de Geraldo [Alckmin], que tem uma boa base que tende a crescer, talvez pela vinda do DEM e de outros partidos em São Paulo (isso pode pressionar um pouco para que ocorra em nível nacional). Essas duas candidaturas podem ser as que vão se afunilar o processo. Será que vão se juntar? Seria ótimo”, avaliou.
Freire tem minimizado o poder das pesquisas eleitorais nesta etapa do processo. Segundo ele, os levantamentos não têm condições de justificar a escolha de um ou outro representante pelos partidos, já que as interpretações são, muitas vezes, subjetivas, sobretudo em momentos de tamanha incerteza política. O dirigente partidário sustenta que há uma série de variáveis que precisam ser levadas em consideração neste processo. “Nunca foi pesquisa que definiu. Se fosse pesquisa, o prefeito de São Paulo seria Doria, nessa época? As pesquisas não indicavam ele com maior chance de vitória”, argumentou.
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Por outro lado, o suplente de deputado admitiu preocupação com a situação apontada pelas pesquisas para Alckmin em São Paulo, seu próprio colégio eleitoral. Segundo levantamento feito pelo Ibope por encomenda da Rede Bandeirantes em abril, o tucano tinha 15% das intenções de voto em um dos cenários que desconsideram a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), tecnicamente empatado com o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ), com 16%. “Se não preocupasse, muito provavelmente ele (Alckmin) já estaria consolidado como candidato. Se ele estivesse muito bem em São Paulo neste momento, não teria que estar discutindo muito unidade. Estaria consolidando forças políticas já definidas”, reconheceu.
O PPS fez um importante aceno à pré-candidatura de Geraldo Alckmin, mas não descarta a possibilidade de mudar de posição até a definição das alianças, entre julho e agosto. “O partido está conversando e admite conversar com qualquer um dos candidatos que possa fugir deste polo [lulopetista ou bolsonarista], onde está incluído aquele que nós, em nosso congresso nacional, indicamos como nosso candidato (Alckmin)”, afirmou. “Estamos trabalhando na busca pela unidade e, evidente, como qualquer partido que estiver integrado nisso com seriedade, tem que admitir que não vai impor seu candidato, mas está aberto a discutir qual candidato que pode melhor nos representar. Senão não cabia ir a ato e assinar nenhum manifesto. Nós assinamos e estamos indo para os atos e eventos na busca da unidade. Não vamos impor nosso candidato, ele faz parte dessa discussão de quem pode melhor nos representar”.
“Precisamos enfrentar essa questão. Se não acontecer a unidade, pelo menos nós tivemos a responsabilidade de tentar fazê-la”, explicou Freire. Durante a conversa, ele também apresentou diferenças entre o atual momento e a fragmentada corrida eleitoral de 1989, detalhou algumas medidas que considera prioritárias para o Brasil na próxima gestão, analisou o atual momento de ceticismo da sociedade em relação aos políticos e à política e observou os dilemas a serem enfrentados pelo futuro mandatário na gestão de uma coalizão no Legislativo mais fragmentado do mundo. Confira a íntegra da entrevista pelo vídeo abaixo:
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