Os liberais no cinema: Mostra reúne filmes clássicos para debater a liberdade

SÃO PAULO – Em tempos de um país dividido politicamente, o cinema pode ter uma importância que vai além do simples fato de distrair as pessoas sobre as tensões do mundo real. Imagine não ter liberdade para se expressar, ou não ter direito a votar e ter sua casa própria? Alguns filmes nos ajudam a ver como foi e como poderia ser um mundo assim.

Ocorre neste fim de semana a 1ª Mostra Cinema & Liberdade, realizada pelo IFL-SP (Instituto de Formação de Líderes de São Paulo) com o objetivo de levantar reflexões sobre os valores de liberdade.

Cada um dos 7 filmes que serão exibidos representará a liberdade em uma ou mais vertentes: econômica, politica, religiosa, cultural e de expressão. E se você é uma daquelas pessoas que prefere ir ao cinema apenas por “diversão”, a mostra também é uma ótima oportunidade para conhecer algumas das maiores obras do cinema.

Divididos entre obras realistas e distopias, estes filmes ajudam o espectador a entender melhor histórias reais de perdas de diretos e liberdade individuais, principalmente para o público mais jovem, que tenta ganhar uma voz política hoje, mas não viveu os horrores que o mundo já passou.

Do outro lado, alguns filmes que em um primeiro momento podem parecer apenas uma ficção científica, levantam debates sobre possibilidades em relação ao autoritarismo e riscos que, pode não parecer, mas recaem sobre a sociedade democrática.

Os filmes
A mostra abre nesta sexta-feira com um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempo segundo a Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema): “Memórias do Cárcere“, de Nelson Pereira dos Santos. A obra baseada no livro homônimo de Graciliano Ramos em que ele descreve o período em que ficou preso após a Intentona Comunista em 1935, período em que o governo tomou medidas que suspendiam as garantias das liberdades individuais de todos os brasileiros.

Já no sábado (10) o dia abre com o clássico “O Ovo da Serpente“, uma das obras mais conhecidas de Ingmar Bergman e que mostra como estava o ambiente na Alemanha de 1923 e que facilitou o crescimento do Nazismo e a acensão de Adolf Hitler.

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Na sequência será exibido “Roma Cidade Aberta“, obra que dá início ao neorrealismo italiano, em que Roberto Rossellini mostra a luta dos partigiani (resistência italiana) contra os nazistas. Completa o sábado, “Afterimage“, último filme de Andrzej Wajda e que mostra que conta a história real de um pintor polonês deficiente que lutou contra o regime socialista para mostrar sua arte.

Por fim, no domingo, a Mostra apresenta três grandes clássicos. No primeiro, François Truffaut mostra, em “Fahrenheit 451“, um período em que livros são queimados para tirar uma fonte de conhecimento e criação de um pensamento crítico da população. Já em “Alphaville“, Jean-Luc Godard imagina uma sociedade controlada por um grande computador.

Encerrando o evento, “Laranja Mecânica“, de Stanley Kubrick, que debate um mundo que sofre com a violência onde surge um método de terapia para “curar” bandidos de forma torturante. Um dos mais complexos filmes da Mostra, esta é considerada uma das maiores obras do cinema.

Seja olhando para o passado ou imaginando um futuro de ficção, estas obras do cinema são importantes para debater o mundo em que vivemos hoje. Em um período onde as pessoas falam sobe fascismo, repressão e censura, será que todos entendemos realmente os riscos que estas palavras são para a sociedade?

A 1ª Mostra Cinema & Liberdade começa nesta sexta-feira (9) às 20h45 (horário de Brasília) e ainda contará com debates sobre os temas com participações do filósofo Luiz Felipe Pondé e a crítica de cinema Isabela Boscov. A programação e ingressos podem ser conferidos clicando aqui.

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