OCDE vê Brasil com desigualdade ainda elevada, mesmo com mais transferência de renda

Alto nível de informalidade do mercado de trabalho, além da renda instável para os trabalhadores mais vulneráveis representam entraves

Estadão Conteúdo

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A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) avaliou que o aumento da transferência de recursos para as famílias de baixa renda e a ampliação da esfera de cobertura de programas sociais ainda não conseguiram reduzir a pobreza no Brasil, que segue alta. E a desigualdade social continua bem maior que as dos países que integram a entidade com sede em Paris.

Para a OCDE, o alto nível de informalidade do mercado de trabalho, além da renda instável para os trabalhadores mais vulneráveis com qualificação profissional limitada representam entraves para melhorar essa condição, de acordo com o relatório “Going for Growth 2023”.

Entre as recomendações para estimular o crescimento, a OCDE sugere o fortalecimento do foco dos gastos sociais nos benefícios que visam efetivamente os agregados familiares de baixos rendimentos. A expansão do acesso à educação infantil para melhorar a igualdade de oportunidades e permitir que mais mães procurem emprego, além do aprimoramento da qualidade do ensino primário e secundário para reduzir a lacuna de habilidades, seguem entre os passos sugeridos para alavancar o crescimento do País.

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O Brasil tem um caminho a seguir também para melhorar o mercado de trabalho e o ambiente para os negócios, incluindo a redução de barreiras tarifárias e não tarifárias, além da imposição adicional de limites para o papel das associações profissionais na fixação de preços, diz a entidade.

A OCDE diz que as barreiras comerciais continuam elevadas no mercado brasileiro e aponta que a facilitação do comércio poderá trazer novos progressos para o País. “A concorrência das empresas estrangeiras é limitada pelas elevadas tarifas de importação, além de barreiras não tarifárias, incluindo requisitos de conteúdo local”, diz o documento.

Na visão da OCDE, outro ponto que deveria ser endereçado é o das barreiras à concorrência em seis profissões regulamentadas, incluindo contadores, arquitetos, engenheiros civis, agentes imobiliários, advogados e notários. Para a organização, as barreiras para atuação nessas áreas profissionais continuam elevadas.

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“Estas barreiras incluem restrições à forma jurídica que as empresas podem assumir nestes setores e conferem às associações profissionais amplos poderes na definição do acesso ao mercado e dos preços mínimos”, ponderou a OCDE.

A organização voltou a constatar que a qualidade do ensino brasileiro é baixa e considerou subdesenvolvido o nível de treinamento profissional. Para fazer frente a essa questão, a entidade sugere aumento dos recursos para cursos de formação profissional para preencher lacunas de competências e melhorar a integração no mercado de trabalho.

Transição digital

A OCDE apontou que 56% das empresas do Brasil tem um website ou uma home page, um porcentual inferior aos 78,1% observado entre os países membros da OCDE.

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Na esfera da transição digital, a OCDE identificou que o uso da internet no Brasil aumentou para 80% da população em 2020. Mas no Brasil, o acesso a redes de banda larga segue limitado a 17% dos usuários. A ampliação do investimento público para dar suporte à cobertura de banda larga é a recomendação da OCDE para melhorar essa proporção.

A entidade cita que o comércio eletrônico também evoluiu no país, impulsionado pela introdução de sistema de pagamento imediato do Banco Central.

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