“O governo parece um filme de terror”, diz Renan Calheiros

Na avaliação do peemedebista, pela gravidade da denúncia apresentada, o caminho da saída de Michel Temer do cargo parece ser inevitável

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Existe um intenso desgaste generalizado governo Michel Temer entre os mais diversos segmentos da sociedade brasileira que faz de uma travessia inevitável. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ex-presidente do Senado Federal Renan Calheiros (AL) e líder da bancada do PMDB na casa legislativa até o final de junho, aponta o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), como possível condutor desse momento difícil pelo qual passa o país.

Na avaliação do peemedebista, crítico às reformas do governo praticamente desde o princípio, o maior equívoco de Michel Temer foi “defender uma agenda unicamente do mercado”. “O presidente, pela circunstância, foi colocado na cadeira de piloto de um avião sem plano de voo, sem saber de onde estava vindo nem para onde estava indo. Lá atrás, os passageiros estavam aguardando sinais do comandante. Ele disse: ‘Fiquem calmos, temos um rumo, devemos chamá-lo de ‘Ponte para o Futuro’ e vamos rapidamente, sem sobressaltos chegar lá’. Num primeiro momento, foi alívio e alguma esperança. Aí, acontece um desastre: o avião entra numa tempestade e um raio fora do radar atinge as duas asas”, observou o experiente parlamentar.

“Ninguém aguenta mais. Por isso, esse sentimento de que o governo já foi. Não devemos descartar o Rodrigo Maia como alternativa constitucional e como primeiro e decisivo passo para essa inevitável travessia que nós deveremos ter de fazer”, defendeu Renan Calheiros. Segundo o senador, “quase todos apoiam uma saída, porque a turbulência está insuportável”, e o deputado representaria o “equilíbrio” e a “responsabilidade” que as circunstâncias exigem.

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“É preciso construir uma saída. O problema de Temer é que ele sempre foi a ponta mais vistosa, mais diplomática de um iceberg. As investigações implodiram a parte que ficava abaixo da linha d’água”, observou. “O governo nasceu com uma razão questionável do ponto de vista político, que era reanimar a economia e estabilizar a política. Mas a política nunca esteve tão caótica e a economia continua desfalecendo. O governo parece um filme de terror”, complementou.

Na entrevista ao jornal, o parlamentar ainda fez duros ataques a seu correligionário Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados e preso no âmbito da operação Lava Jato. Para Renan, Temer “era o líder dessa facção” e “foi alertado em vários momentos” do comportamento do ex-deputado de chantagem com atores econômicos e abuso de poder. Na avaliação de Renan, a Câmara dos Deputados vai entender a gravidade do que foi apresentado na denúncia pelo procurador-geral Rodrigo Janot. “Pela gravidade, esse parece ser um caminho sem volta”.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.