Publicidade
Os atos golpistas que culminaram na invasão do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) no último domingo (8), em Brasília, são “dramáticos”, mas não devem gerar riscos de curto prazo. Os maiores desafios estariam para o futuro do governo.
É o que avaliam os analistas da Eurasia Group, consultoria de risco político internacional, em relatório distribuído a clientes. Para os especialistas, é possível que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) até ganhe maior apoio no Congresso Nacional e de parte da opinião pública ao longo dos próximos dias e semanas.
“Há um risco de agitação sustentada, dadas medidas duras do governo Lula, mas isso parece improvável. As repercussões de curto prazo parecem limitadas”, afirmam. Também jogam contra tal cenário o baixo apoio popular e político aos atos, além dos esforços do atual presidente em manter, tanto quanto possível, elevados índices de popularidade – o que se verificou com medidas como a prorrogação da isenção de imposto federal sobre combustíveis.
Newsletter
Liga de FIIs
Receba em primeira mão notícias exclusivas sobre fundos imobiliários
Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.
Por outro lado, a consultoria observa desafios para o novo governo no longo prazo. “Mesmo que os eventos de hoje minem a credibilidade do movimento bolsonarista devido ao engajamento violento, que a classe política e mesmo o público condenarão, eles são um forte lembrete que Lula enfrenta um país profundamente polarizado”.
Os analistas lembram que Lula deve enfrentar, ao longo de todo seu mandato, uma oposição simpática ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que se sente lesada pelo último processo eleitoral e que pode tomar as ruas em ações que podem se tornar violentas no futuro.
Os riscos, eles avaliam, podem crescer na medida em que o atual governo perde apoio popular, em meio aos desafios econômicos postos. Há uma percepção de que as restrições fiscais impostas e o quadro de juros altos podem prejudicar uma retomada mais vigorosa da economia brasileira, dependendo dos caminhos escolhidos pela nova administração.
Continua depois da publicidade
“Embora especialistas argumentem que os eventos fortalecem Lula e isolam Bolsonaro, o último precisa ser visto com muita cautela. Sim, é verdade que Lula sairá fortalecido no curto prazo e que o movimento bolsonarista estará mais isolado. A maior parte do público que votou em Bolsonaro repudiará os atos de vandalismo”, observam.
“Mas os motivos subjacentes de desconfiança contra o establishment político e a administração do PT não desaparecerão. No início do mandato de Lula, ele terá apoio popular. Mas se seus índices de aprovação cederem em um contexto de crescentes dificuldades econômicas, ter uma oposição mobilizada disposta a ir às ruas terá repercussões mais significativas sobre a governabilidade. O problema reside em como a base de Bolsonaro pode atuar como um efeito multiplicador para os desafios políticos e econômicos à frente. E assim como [Donald] Trump continua uma figura forte no cenário político dos Estados Unidos após o 6 de janeiro (data da invasão ao Capitólio), o mesmo provavelmente acontecerá com Bolsonaro no Brasil”, dizem.
Os especialistas destacam, ainda, que a possível reação das cortes superiores nos próximos dias pode aprofundar o ambiente de polarização política. E avaliam que as chances de Bolsonaro enfrentar ações que podem suspender seus direitos políticos aumentaram, embora ainda sejam consideradas por ele baixas. Este poderia ser um gatilho para mais instabilidade.
Newsletter
Infomorning
Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia
Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.