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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta terça-feira (8), que a Cúpula da Amazônia, que reúne países membros da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) em Belém (PA), será um divisor de águas na discussão global sobre o clima.
Em seu programa semanal “Conversa com o Presidente”, transmitido por seu canal no YouTube e pelas redes sociais, Lula destacou a alta participação de autoridades e movimentos sociais no evento e defendeu a construção de uma agenda comum entre os países amazônicos e detentores de grandes florestas para os debates nas cúpulas internacionais.
“A história da defesa da Amazônia, da defesa da floresta, da questão da transição ecológica vai ter dois momentos: antes e depois deste encontro, porque ele é a coisa mais forte já feita em defesa da questão do clima”, afirmou o mandatário durante o programa.
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“A ideia básica é a gente sair daqui preparado para, de forma unificada, todos os países que têm floresta ter uma posição comum, nos Emirados Árabes, na COP-28, e mudarmos a discussão”, disse.
Na conversa, Lula defendeu a soberania brasileira sobre a porção da Floresta Amazônica localizada sob seu território, mas disse que o país está aberto a receber contribuições do mundo, sejam elas financeiras e através de pesquisas científicas. Ele também destacou a necessidade de garantir direitos básicos às populações locais e condições para que elas possam se desenvolver preservando o bioma.
Lula também alertou para a urgência para que ações sejam tomadas para frear o aquecimento global. “A questão do clima hoje não é mais uma coisa trivial. A questão do clima hoje é uma coisa muito séria. Nós estamos vendo chover demais onde nunca choveu, chover pouco onde chovia muito. Nós estamos vendo aumentarem as queimadas em todo lugar e vamos ter que trabalhar com muito mais força, com muito mais carinho e esforço para que a sociedade aprenda a se cuidar. Nós não temos o direito de continuarmos a ser o único animal do planeta Terra a destruir o seu lugar”, disse.
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O presidente disse, ainda, que a Amazônia não pode ser vista como apenas um “santuário da humanidade”, mas que se avaliem formas de tirar proveito de sua biodiversidade com a manutenção da floresta em pé.
“Se a Amazônia é importante para a questão da água, para a questão do ar, para a questão da de descarbonização do planeta Terra, nós temos que utilizar a Amazônia para isso. Embora o Brasil seja soberano, ele precisa compartilhar, do ponto de vista da ciência, com o mundo, que quer estudar e investir, para que a gente possa cuidar da Amazônia gerando emprego e oportunidade”, disse.
“Eu não trabalho com a ideia de ver a Amazônia ser um santuário da humanidade. Eu quero que a Amazônia seja um lugar em que o mundo tire proveito para poder experimentar a riqueza da nossa biodiversidade, para sabermos o que podemos fazer a partir dessa riqueza da biodiversidade. Não há outro jeito se não compartilharmos com o mundo. Cientistas do mundo inteiro serão convidados a participar, mas nós precisamos, primeiro, valorizar os cientistas brasileiros, os institutos que já cuidam disso aqui no Brasil”, continuou.
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Durante a entrevista, Lula destacou que esta é a primeira vez em que estão reunidos os presidentes dos 8 países amazônicos e defendeu a necessidade de que outros países sejam envolvidos nas discussões ‒ inclusive do mundo desenvolvido, que, na sua avaliação, têm uma dívida histórica pelo desmatamento provocado em seus próprios territórios.
“Na medida em que o mundo desenvolvido, que já destruiu suas florestas, que já destruiu aquilo que eles tinham no passado, valoriza as florestas, nós precisamos então cobrar deles recursos para que haja investimentos e cobrar a participação científica deles. Porque nós não sabemos o que podemos utilizar na indústria de fármacos aqui na Floresta Amazônica. Não temos noção do que podemos utilizar na indústria de cosméticos”, disse.
Lula também disse não querer “só dinheiro” dos países desenvolvidos para garantir a preservação da floresta, mas participação científica. E manifestou preocupação com as condições de vida das populações locais. “Queremos poder ter os recursos necessários para salvar uma espécie que está morando na Amazônia, que são os ribeirinhos, pescadores, extrativistas, indígenas, quilombolas. Precisamos salvar essa gente e dar a eles sentido de vida de qualidade”, pontuou.
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O presidente aproveitou o encontro para mais uma vez defender uma nova governança global. Nesse sentido, Lula repetiu sua avaliação de que a Organização das Nações Unidas (ONU) precisa passar por uma reformulação, de modo que a correlação de forças entre os Estados espelhe as mudanças pelas quais o mundo atravessou ao longo das últimas décadas.
“A ONU precisa ser remodelada. A ONU não pode continuar com a mesma estrutura que foi criada em 1945. É preciso que a gente tenha mais países, países africanos, da América Latina, asiáticos. É preciso que países como a Índia estejam dentro da ONU, que a Alemanha esteja dentro da ONU, que o Japão esteja dentro da ONU. Por que não? É preciso mais gente no Conselho de Segurança como membro permanente. E é preciso acabar com o direito de veto”, disse.
“As últimas três guerras foram feitas por gente que é membro permanente do Conselho de Segurança: Estados Unidos com o Iraque; Inglaterra e França com a Líbia e agora o Putin na Ucrânia. Se essa gente é membro permanente do Conselho de Segurança e faz guerra sem discutir, qual é o respeito que eles vão ter dos outros?”, prosseguiu.
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“O que queremos é que, pelo menos na questão climática, haja uma governança de que, quando a gente decidir, seja lei para os países cumprirem”, argumentou.
Para Lula, o modelo ideal contaria com algum mecanismo de enforcement, no qual os países signatários de um novo acordo envolvendo decisões voltadas ao meio ambiente e ao clima teriam o compromisso de garantir o cumprimento das metas decididas.
“Essa gente precisa ter em conta que a responsabilidade de cuidar do planeta não é só do Brasil que tem a Amazônia, o Cerrado, o Pantanal, a Caatinga. Não. A responsabilidade é de todos. Se eles já destruíram para se industrializar, eles agora têm uma dívida do passado que é preciso repor para ajudar os países que ainda podem fazer manutenção da floresta”, salientou.
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