O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decretou a intervenção federal da segurança pública do Distrito Federal, na tarde deste domingo (8). A capital federal foi invadida por bolsonaristas golpistas, que depredaram os prédios do STF (Supremo Tribunal Federal), do Palácio do Planalto e do Congresso.
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Último balanço da Polícia Civil apontava que ao menos 170 pessoas haviam sido presas por elo nas depredações que, segundo Lula, são “sem precedentes” na história do Brasil.
O decreto presidencial foi apresentado em coletiva à imprensa e assinado em Araraquara, no interior de São Paulo, onde o presidente esteve para ver de perto os estragos causados pelas chuvas recentes à região. A cidade é comandada pelo petista Edinho Silva, amigo de longa data de Lula.
“O objetivo da intervenção é pôr termo a grave comprometimento da ordem pública no Estado no Distrito Federal, marcada por atos de violência e invasão a prédios públicos”, segundo trecho do decreto.
Lula chamou os golpistas de “vândalos” e “fascistas”. “Aquelas pessoas que chamamos de fascistas invadiram a sede do governo, do Congresso Nacional e da Suprema Corte, como verdadeiros vândalos”, disse. E afirmou que todos os envolvidos nas depredações ao patrimônio público serão identificados e punidos.
O presidente comparou os bolsonaristas golpistas e os brasileiros que se identificam com a esquerda, cujos militantes foram perseguidos, mortos e torturados ao longo da história. “Mas ninguém da esquerda invadiu os prédios das instituições”, afirmou.
Lula prometeu que as investigações também vão apontar quem financiou a ida dos golpistas à Brasília para os atos antidemocráticos deste domingo.
Como foi a invasão?
Os golpistas começaram as invasões pelo Congresso Nacional, ocupando a rampa e soltando foguetes. Depois, quebraram o vidro do Salão Negro do Congresso e danificaram o plenário da Casa.
Após a depredação no Congresso, os manifestantes golpistas invadiram o Palácio do Planalto, onde também subiram a rampa e conseguiram chegar até o terceiro andar, que abriga o gabinete do presidente da República. Obras de arte, como uma pintura de Di Cavalcanti, e símbolos da República entraram no alvo das depredações.
O vandalismo golpista de Brasília tem paralelos com a invasão ao Capitólio dos EUA, em 6 de janeiro de 2021, quando a sede do Legislativo americano foi invadido por apoiadores do então presidente, Donald Trump, para tentar impedir a certificação da vitória eleitoral de Biden. Mandatários de vários partes do globo expressaram repúdio aos atos e declararam apoio a Lula.
Responsabilidade da PM
O presidente Lula afirmou que a invasão de Brasília só aconteceu porque houve “má-fé”, “maldade” ou “incompetência” das forças de segurança do Distrito Federal.
“Houve incompetência, má vontade ou má-fé das pessoas que cuidam da segurança pública do DF. Não é a primeira vez. Vocês vão ver nas imagens que eles [policiais] estão guiando as pessoas na caminhada até a praça dos Três Poderes”, disse o presidente.
“Esses policiais que participaram disso não poderão ficar impunes e não poderão participar da corporação porque não são de confiança”, completou.
O secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, que está em viagem aos Estados Unidos, foi demitido logo após a invasão por Ibaneis Rocha, governador do DF. Lula nomeou como interventor da segurança Ricardo Garcia Cappelli, que hoje atua como secretário-executivo do Ministério da Justiça, pasta comandada por Flávio Dino.
Em sua primeira manifestação, Cappelli afirmou que já comanda “pessoalmente as forças de segurança do DF, cumprindo a missão que recebi do presidente da República. Ninguém ficará impune. O Estado Democrático de Direito não será emparedado por criminosos”.
O decreto de intervenção passará a valer entre este domingo e 31 de dezembro. Em coletiva aos jornalistas, Lula afirmou que ao chegar em Brasília verá de perto os estragos aos prédios dos Três Poderes.
Veja, abaixo, o decreto que marca a intervenção da segurança do DF:
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