Lira veta mudança no Simples pedida por governadores

Recado foi dado diretamente aos líderes estaduais em reunião a portas fechadas na última quinta-feira

Estadão Conteúdo

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), durante sessão de posse dos deputados eleitos para a 57ª legislatura (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), durante sessão de posse dos deputados eleitos para a 57ª legislatura (Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados)

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O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), vetou o pedido dos governadores de assumirem a administração do Simples Nacional e disse a eles que tentativas de mexer no regime especial de tributação podem ameaçar a viabilidade da reforma tributária.

O recado foi dado diretamente aos líderes estaduais em reunião a portas fechadas na última quinta-feira. Naquele mesmo dia, à noite, o relator da reforma, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), admitiria que não havia espaço para avançar nessa frente.

“É o mesmo que dar um tiro na testa da reforma. Esqueçam isso, não tem nem possibilidade de a gente tratar desse assunto porque é um tema muito sensível”, disse Lira, aos governadores. “Essa inovação a gente já descarta por aqui.”

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Na semana passada, secretários estaduais de Fazenda haviam deliberado, por maioria, que a administração do Simples deveria ficar a cargo do conselho federativo a ser criado pela reforma – e que gerenciará o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), novo imposto que unificará o ICMS (estadual) e o ISS (municipal).

Dada a relevância do Simples – são quase 22 milhões de empresas no regime, e, em alguns Estados, elas representam quase a totalidade dos CNPJs -, os secretários dizem que é preciso dar uma “gestão mais técnica” ao modelo, assumindo, inclusive, a responsabilidade de definir os limites de enquadramento.

Teto

Hoje, os tetos são atualizados pelo Congresso e, por isso, calibrados ao sabor da política. O último reajuste ocorreu em 2018, quando o limite subiu de R$ 3,6 milhões para R$ 4,8 milhões de receita bruta por ano. Mas há um projeto de lei que propõe dobrar esse valor.

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Para os secretários estaduais de Fazenda, essas atualizações têm impacto na arrecadação de todos os entes da federação, pois empresas de maior porte passam a entrar no regime simplificado e a recolher menos tributos. Por isso, eles entendem que essas decisões devem ser tomadas à luz da análise fiscal.

O assunto foi levado à reunião com Lira pelo presidente do Comsefaz (Conselho dos Secretários de Fazenda), Carlos Eduardo Xavier, que enumerou pedidos dos Estados na reforma, alguns deles ainda em aberto, e que serão objeto de negociação nesta semana.

Na conversa, Lira e Ribeiro, que também participava da reunião, ouviram que a maioria dos Estados prefere uma transição mais curta na mudança da arrecadação do local de produção para o destino do consumo, em vez dos 50 anos previstos por Ribeiro – 26 anos, com a fixação de um seguro contra perdas de arrecadação. E também uma fórmula para a divisão do Fundo de Desenvolvimento Regional (FDR) – que vai compensar Estados e municípios pelo fim dos incentivos – que leve em consideração o “PIB invertido”, ou seja, que regiões mais pobres recebam mais.

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Estados dizem que querem salvaguardar comércio

Dias antes do encontro do presidente da Câmara, Arthur Lira, e do relator da reforma tributária, Aguinaldo Ribeiro, com o representante do Comsefaz, Carlos Eduardo Xavier, governadores do Centro-Oeste e do Espírito Santo disseram a Ribeiro que mexer no Simples era também uma forma de criar salvaguardas ao comércio local. A proposta é estipular que empresas do regime simplificado não podem gerar e usufruir de créditos em operações interestaduais, restringindo o benefício a operações internas.

O intuito, segundo o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes (União Brasil), é evitar que grandes varejistas do comércio eletrônico, que servem como pontos de venda online, engulam o varejo local.

Até agora, Ribeiro limitou-se a prometer que o Simples terá o mesmo tratamento diferenciado concedido à Zona Franca. Tributaristas dizem que a proposta de Ribeiro não prevê que as empresas do Simples vão usufruir do benefício da “não cumulatividade plena”, que é o espírito da reforma tributária, e delega a decisão para legislação complementar.

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