Já estamos adiantando minutas entre Cidadania e Caixa para auxílio, diz Daniella Marques

Nova presidente da Caixa isentou o presidente Jair Bolsonaro de não ter se posicionado sobre denúncias de assédio envolvendo Pedro Guimarães

Equipe InfoMoney

Após tomar posse como presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, participa de coletiva de imprensa (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)
Após tomar posse como presidente da Caixa Econômica Federal, Daniella Marques, participa de coletiva de imprensa (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil)

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A nova presidente da Caixa, Daniella Marques, disse nesta terça-feira, 5, que o banco já está adiantando minutas contratuais com o Ministério da Cidadania para agilizar o pagamento do reforço de R$ 200 ao Auxílio Brasil, bem como outros benefícios incluídos na PEC que ainda precisa ser aprovada pelo Congresso Nacional. “Não consigo dizer se (o reforço do auxílio) chegará em julho ou agosto, mas a operacionalização será rápida”, garantiu.

Marques afirmou que pretende seguir o rito de governança interna para a escolha de novos vice-presidentes. “Não tenho alçada para indicar ninguém. Algumas pessoas irão participar do processo seletivo. Vou conversar com as vice-presidências jurídica e de gestão para fazermos as substituições”, respondeu.

A nova presidente da Caixa repetiu três nomes que chegarão ao banco como consultores estratégicos e função de confiança junto ao gabinete. A primeira é Danielle Calazans, que é funcionária de careira da Caixa e vai auxiliar a mapear a parte de pessoas, logística e controles internos.

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Já Alexandre Mota, que atuava na Engea – a estatal de recuperação de ativos – atuará na parte de atacado, varejo e crédito. “E também a Caroline Bussato, que formulou comigo estratégia de empreendedorismo feminino e tem vasta experiência no setor corporativo. Ela vai trabalhar no desenvolvimento de campanhas de empreendedorismo feminino e sustentabilidade (ESG). Pretendemos posicionar a Caixa como referencia de sustentabilidade”, completou.

Ex-secretária especial de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia, Daniella assumiu o comando do banco após uma série de denúncias assédios sexual e moral levarem ao afastamento do ex-presidente da Caixa, Pedro Guimarães. Líder da instituição desde o início do governo de Jair Bolsonaro – e próximo ao presidente -, Guimarães nega as denúncias.

Sobre isso, Daniella afirmou que não tinha conhecimento que seu antecessor havia dito que pediria vídeos internos da Caixa com o intuito de comprovar que as denúncias de assédio sexual e moral contra ele não são verdadeiras. Guimarães escreveu um artigo de opinião, publicado na edição de ontem do jornal Folha de S.Paulo, em que nega mais uma vez as acusações e diz que ele e sua famílias estão sofrendo um massacre “insano e inquisitorial”.

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Apesar de afirmar que não tinha conhecimento do pedido, Daniella disse que, se houver liberação do conselho do banco e da parte jurídica, vai enviar às gravações para Guimarães. Além disso, ela também comentou sobre a reportagem da Folha que afirmou que a Caixa pagou por melhorias na casa do ex-presidente do banco em uma área nobre de Brasília. Segundo ela, chegou ao seu conhecimento que Guimarães sofria ameaças.

Bolsonaro

A nova presidente da Caixa isentou o presidente Jair Bolsonaro de não ter se posicionado até o momento sobre as denúncias de assédio envolvendo Pedro Guimarães e focou nas atitudes práticas do chefe do Executivo. “Bolsonaro tomou a atitude necessária para proteger imagem da Caixa, afastou envolvidos”, afirmou em coletiva de imprensa.

“Ninguém tem interesse em perseguir nem proteger ninguém”, acrescentou. De acordo com Daniella, ela foi bem recebida pelas mulheres do banco. “Brinquei com presidente que foi ano-novo das mulheres. Dos 20 maiores, não tem nenhum banco sendo presidido por mulheres”, seguiu. Em seguida, relatou como foi convidada por Bolsonaro a chefiar a Caixa. Ela recebeu uma ligação do presidente na terça à noite para comparecer ao gabinete no dia seguinte pela manhã.

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“Vou trazer esse olhar aqui para dentro mas pretendo abrir uma frente de diálogo através da Febraban e mundo corporativo. Não é aceitável que se esteja ainda falando de assédio ou violência doméstica”, reiterou Daniella. “A gente vai tentar fazer frente ampla de união, eu fiz convite amplo para que todos se juntem à Caixa”.

Assédio

“Estou abrindo hoje um canal de diálogo com empregados. “Diálogo Seguro Caixa vai ser canal de diálogo aberto exclusivamente para mulheres nos próximos 30 dias. Diretamente comigo todas as mulheres e empregadas da Caixa poderão e serão acolhidas, ouvidas e protegidas, para que eu entenda um pouco e me aprofunde em cima de indícios relatados”, afirmou.

De acordo com Daniella, todas as políticas de integridade, governança e prevenção a assédio serão revisadas na Caixa. “Quando há risco de qualquer natureza, é natural que processos sejam revisados”, declarou. Ela lembrou em seguida que dois vice-presidentes já pediram afastamento da instituição com a troca de comando. “Tudo ligado ao episódio de assédio já foi feito”, afirmou. “A partir de amanhã, estamos focados para ter ambiente seguro de apuração”.

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A nova presidente da Caixa ainda declarou que está redesenhando a estrutura da Caixa a partir de seu perfil. “Estou desenhando estrutura que atende ao meu modelo de gestão, gosto de gestão descentralizada, temática, nuclear”.

O resultado de uma investigação contratada pelo banco com uma empresa externa sobre a denúncias de assédio sexual deve sair ainda esta semana. No entanto, Daniela não deu um prazo para a conclusão do trabalho, que também é realizado por áreas internas de governança do banco.

“Eu sou mulher, mas não sou mágica. Estou há dois dias e meio na Caixa. Não tenho como dar um prazo para as investigações, o banco já tinha contratado uma empresa independente para realizar as investigações. Depende da amplitude do caso. A gente quer que ocorra em sigilo, porque isso expõe as pessoas. Não queremos proteger, mas nem perseguir ninguém”, respondeu.

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Além de programas para coibir casos de assédio e violência contra as mulheres, Marques confirmou que o banco vai criar programas de estímulo ao empreendedorismo feminino. “Vamos abraçar as mulheres e seremos grande promotor da causa feminina. A Caixa já tinha programa de crédito para empreendedoras e vamos ampliar. Vamos apoiar e proteger as mulheres em todas as dimensões”, concluiu.

Privatização

Segundo Daniella, não há nenhuma orientação do governo para a privatização do banco público. “A privatização da Caixa não é objeto nem de discussão nesse momento. Na pandemia, houve a criação de um banco digital que tem muito valor, mas vamos respeitar os ritos de governança da Caixa para avaliar esse valor. Não está em discussão no momento nem a privatização da Caixa e nem a venda de nenhum ativo”, respondeu.

“Além das suas atividades convencionais, a Caixa vinha desenvolvendo uma plataforma de microcrédito muito ampla e esse é um foco estratégico nosso, incluindo a renovação dos fundos garantidores do Pronampe e do Peac, com até R$ 90 bilhões em crédito para PMEs e MEIs”, disse. “A Caixa já vinha desenvolvendo no setor de agro, mas preciso me reunir com as vice-presidências do banco para definir a estratégia e as prioridades para o segundo semestre”, completou.

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(Com Estadão Conteúdo)

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