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SÃO PAULO – Traçando um paralelo com o Carnaval, marcado pelo tom político e com críticas às reformas, a publicação britânica The Economist destaca em edição desta semana as dificuldades para a aprovação da reforma da Previdência este ano e quais são as questões de deixá-la para o próximo governo.
“Ninguém sabe quem governará o Brasil a partir de janeiro. Lula está na frente nas pesquisas, apesar da condenação de corrupção que pode impedi-lo de correr. Ele é um feroz crítico da reforma da previdência. Seu concorrente mais próximo é Jair Bolsonaro, um demagogo de direita, cujas opiniões sobre a previdência são vagas. [Michel] Temer, que entende o quão destrutivo é o atual sistema de previdência, desperdiça uma oportunidade de ouro para corrigi-lo”, aponta a publicação.
Conforme aponta a publicação, sem as mudanças, o sistema previdenciário sobrecarregará o governo com uma dívida mais pesada e prejudicará outras prioridades, como a redução da pobreza e o crescimento econômico.
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“No entanto, as perspectivas são ruins. A reforma exige uma emenda constitucional, que deve ser aprovada por maioria dos três quintos nas duas casas do Congresso. Com uma eleição geral marcada para outubro, muitos congressistas têm medo de apoiar uma medida que provoca contrariedade da população. Espera-se que a Câmara dos Deputados vote no final de fevereiro. O governo tem pelo menos 40 votos a menos dos 308 necessários”, aponta a The Economist.
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De acordo com a publicação, o Congresso que está contemplando a reforma da previdência é “um testemunho das virtudes do presidente do Brasil, o centrista e pró-empresariado Temer”. Mas, se eles não aprovarem, “será em parte devido às fraquezas” do presidente, aponta a revista. A The Economist aponta que o medebista tomou muitas medidas que ajudaram a recuperar a confiança na economia e que, ao contrário da sua antecessora Dilma Rousseff, ele sabe formar uma maioria do Congresso.
Ultimamente, porém, Temer concentrou-se mais na sua sobrevivência política do que na economia, afirma a revista, principalmente após a divulgação das gravações de sua conversa com Joesley Batista, da J&F, fazendo com que ele tivesse que lutar para barrar duas denúncias contra ele. Enquanto isso, o presidente conta com baixos índices de popularidade.
De qualquer forma, afirma a revista, “a impopularidade de Temer não torna menos necessário consertar a previdência”.
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A revista cita dados apontando que, atualmente, a idade média de aposentadoria é de 54, comparados ao 65 anos de aposentadoria na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), composta por um grupo de 35 países, principalmente ricos. “Um homem brasileiro que se aposenta aos 55 anos recebe uma pensão que paga em média 70% de seus ganhos pré-aposentadoria; na OCDE, um trabalhador pode esperar ganhar um pouco mais da metade”.
Os gastos com previdência consomem um terço das despesas federais antes dos pagamentos de juros e representa 9,1% do PIB. Com o número de brasileiros com mais de 65 anos devendo passar dos atuais que se espera que aumente de 17 milhões para 58 milhões até 2060, as despesas com previdência deverão aumentar para um quinto do PIB.
Neste cenário, o governo está defendendo uma reforma diluída em programas de televisão como se fosse um “elixir econômico”, diz a revista, mas os eleitores ainda não estão impressionados e não apóiam a reforma. Alguns analistas esperam que o Congresso não faça nada agora, deixando o problema para o sucessor de Temer, ainda mais tendo em vista a reforma diluída. Contudo, em meio às incertezas políticas, pode ser arriscado deixar a reforma para o próximo governo, aponta a publicação.
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