‘Houve equívoco na criação da taxa de juro do BNDES’, diz conselheiro da Fiesp

Governo quer fazer ajustes para tornar TLP menos volátil para as empresas tomadoras dos empréstimos

Estadão Conteúdo

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Presidente do Conselho Superior de Inovação e Competitividade da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o empresário Pedro Wongtschowski diz em entrevista ao Estadão que a Taxa de Longo Prazo (TLP) foi uma solução errada e precisa ser alterada urgentemente.

A TLP é usada nos empréstimos concedidos pelo BNDES e está no centro do debate econômico após o governo sinalizar que quer fazer ajustes para torná-la menos volátil para as empresas tomadoras dos empréstimos.

“Houve um equívoco, um erro técnico na forma como a TLP foi fixada”, diz ele, que integra os conselhos de Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) e de várias empresas. A seguir trechos da entrevista.

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Qual sua opinião sobre a mudança da Taxa de Longo Prazo (TLP) para os empréstimos do BNDES?

A TLP foi uma solução ruim e tem de ser urgentemente modificada. É extremamente volátil. Quando ela foi criada, em 2017, ao mesmo tempo se criou um fator de redução porque é o IPCA mais a média da NTN-B de cinco anos. E havia um fator de redução que vigorou durante cinco anos, de 2018 a 2022, aplicado sobre a taxa da NTN-B, mas esse fator de redução acabou. Ele começou com 0,57% em 2018 e, em 2022, era 0,92% e acabou. Hoje se chega facilmente em 15% ao ano a taxa de juros de um empréstimo tomado na base da TLP.

Quando a TLP foi criada, havia um discurso em defesa da redução dos subsídios após o início da devolução dos empréstimos do Tesouro ao BNDES. Esse debate mudou?

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O funding principal do BNDES é o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Não vejo nenhuma razão para remunerar o FAT na base de 15% ao ano, com a inflação correndo na faixa de 6%. Então, acho que houve um equívoco, um erro técnico na forma como a TLP foi fixada. Me parece que o discurso da atual gestão do BNDES é correto. A ênfase que o banco está dando em inovação, exportação, infraestrutura, pequena e média empresa, sustentabilidade, são todas absolutamente corretas. O BNDES precisa, sim, aumentar o seu volume de operações para atender a todas essas demandas.

Há risco de uma recessão econômica no Brasil?

Acho que vai haver um crescimento baixo este ano. A preocupação é 2024. Dependendo de como o governo vai definir a política industrial, ancorar as expectativas em relação às contas públicas, fixar as taxas de juros do BNDES, pode induzir o BC num caminho virtuoso de redução das taxas de juros. E pode levar a um ano muito bom de 2024 em diante.

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Como uma das lideranças industriais, como responde às críticas dos outros setores de que a proposta de reforma está sendo feita para a indústria?

A reforma tributária é para o crescimento da economia brasileira como um todo. Ela vai trazer benefícios para todos os setores, serviços, indústria e o agronegócio porque vai distribuir melhor a carga tributária e tornar a concorrência mais leal. Hoje, uma das implicações do nosso sistema tributário é não só o alto grau de litígio, mas também de sonegação, de fraude. A sonegação irá diminuir se for criado um sistema mais simples, transparente.

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