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O ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) Augusto Heleno disse, nesta terça-feira (26), em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos ataques de 8 de janeiro, que não considerava o acampamento montado por bolsonaristas em frente ao quartel-general do Exército após a derrota do então presidente Jair Bolsonaro nas eleições do ano passado uma ameaça à segurança.
Segundo as investigações, foram desse acampamento que saíram vândalos bolsonaristas que invadiram e depredaram o Palácio do Planalto e os prédios do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 8 de janeiro defendendo um golpe contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No depoimento, Heleno negou que tenha comparecido ao local e afirmou que considerava o acampamento uma “manifestação política pacífica”.
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“Nunca considerei o acampamento algo que interessasse à segurança institucional”, disse o general da reserva, que foi o chefe do GSI durante os quatro anos de governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Heleno também disse que, embora fosse um militar, não era um ministro da área militar e, por isso, não era chamado por Bolsonaro quando o então presidente queria se reunir com comandantes militares.
Ao ser indagado sobre as informações divulgadas na imprensa de que o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro tenente-coronel Mauro Cid teria afirmado em delação premiada que Bolsonaro levou aos chefes militares uma proposta de golpe de Estado após a eleição, Heleno disse que “não existe essa figura de o ajudante de ordens participar de reuniões do presidente”.
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Heleno disse não ter conhecimento desta suposta reunião e repetiu por mais de uma vez que Bolsonaro afirmava que atuaria “dentro das quatro linhas” da Constituição.
“O presidente da República disse várias vezes na minha presença que jogaria dentro das quatro linhas”, disse. “Não era minha missão convencer o presidente a sair das quatro linhas.”
O ex-chefe do GSI também negou ter conhecimento da existência da chamada “minuta do golpe”, documento apreendido na casa do ex-ministro da Justiça de Bolsonaro Anderson Torres e que era o rascunho de um decreto para uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de forma a anular as eleições.
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“Nunca nem ouvi falar”, disse ao ser indagado se conhecia o documento. “Eu não tinha tempo no GSI de ficar zanzando por aí procurando assunto.”
No depoimento, o ex-ministro também disse que jamais tratou sobre política com seus subordinados no GSI e negou ter deixado um “DNA bolsonarista” no órgão.
“O único ser político do GSI era eu mesmo, os demais eram servidores do Estado brasileiro”, disse.
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Heleno foi indagado pela relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), sobre um episódio nos últimos dias do governo Bolsonaro em que, ao entrar no carro para deixar o Palácio do Planalto, respondeu “não” ao ser perguntado por um apoiador do então presidente se “o bandido vai subir a rampa”. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva é chamado de “bandido” por bolsonaristas.
“Eu até hoje continuo achando que bandido não sobe a rampa”, respondeu Heleno, sem elaborar.
Ao final das perguntas da relatora, Heleno mostrou irritação e soltou palavrões quando Eliziane lhe perguntou se ele considerava que a eleição presidencial de 2022 havia sido fraudada.
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“Já tem o resultado das eleições, já tem o novo presidente da República, não posso dizer que foram fraudadas”, disse, antes de ser interrompido pela senadora, que afirmou “então o senhor mudou de ideia” e encerrou os questionamentos, provocando irritação do general.
“Ela fala as coisas que ela acha que estão na minha cabeça!”, disparou Heleno, visivelmente irritado e falando palavrões.
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