Haddad: Não queremos deixar dívida com precatórios ao sucessor, seja quem for

Governo solicitou ao STF uma mudança na classificação das despesas com precatórios para quitar essa dívida por meio da abertura de crédito extraordinário

Estadão Conteúdo

O ministro da Fazenda Fernando Haddad em entrevista coletiva (Diogo Zacarias)
O ministro da Fazenda Fernando Haddad em entrevista coletiva (Diogo Zacarias)

Publicidade

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta sexta-feira (29), que espera uma solução sobre o pagamento dos precatórios até dezembro, de modo a limpar todo o balanço de passivos deixados pelo governo anterior já em 2024, primeiro ano do arcabouço fiscal e quando o governo tem como meta zerar o déficit das contas primárias.

O governo solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) uma mudança na classificação das despesas com precatórios para quitar essa dívida por meio da abertura de crédito extraordinário – portanto, fora do limite de gastos do novo marco fiscal. A intenção da equipe econômica é que parte da dívida judicial, cujo estoque total soma R$ 95 bilhões, seja considerada despesa financeira, o que retiraria o gasto do resultado primário.

Hoje, durante apresentação dos resultados do programa de renegociação de dívidas Desenrola, Haddad frisou que não quer deixar a conta para o próximo governo, seja quem for o presidente a partir de 2027.

Continua depois da publicidade

“Não queremos jogar a dívida para o sucessor. Seja lá quem for sucessor, tem que encontrar o País em ordem”, declarou o ministro, acrescentando que o objetivo é “varrer” não apenas a dívida com precatórios, mas também outros R$ 30 bilhões referentes a compensações a Estados por perdas de arrecadação em razão da desoneração dos combustíveis, feita durante o governo de Jair Bolsonaro.

Tais dívidas são, segundo Haddad, uma herança ilegal deixada pelo ex-presidente. “Estamos interagindo com o Supremo para equacionar esse problema”, disse o ministro, referindo-se aos precatórios. “Espero que seja equacionado neste ano para começar o ano que vem com o marco fiscal tendo varrido todo prejuízo causado ao Brasil”, acrescentou.

O ministro explicou que o governo concorda que a dívida tem de ser paga. Considerou ser um escândalo o Brasil dar um calote em dívidas atestadas pela Justiça, ao falar da emenda constitucional, aprovada em 2021, que fixou um limite ao pagamento dos precatórios até 2026. A equipe econômica defende, porém, que os encargos dessa dívida – ou seja, o que não é o principal – sejam considerados despesas financeiras, assinalou Haddad.