Haddad diz que Brasil tem “gordura” que o mundo não tem e alerta para impactos de falência do SVB sobre juros

Ministro diz não esperar uma crise sistêmica, mas indicou que o episódio pode impactar os rumos da política monetária em diversas economias

Marcos Mortari

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), concede entrevista coletiva sobre a pauta dos combustíveis (Foto: Washington Costa/MF)
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), concede entrevista coletiva sobre a pauta dos combustíveis (Foto: Washington Costa/MF)

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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou, nesta segunda-feira (13), que há pouco espaço para aumento de taxas de juros no mundo e que o Brasil tem uma “gordura” para possivelmente reduzir a Selic, atualmente fixada a 13,75% ao ano.

“Hoje há pouco espaço para aumentar taxas de juros no mundo e eu diria que há uma gordura no Brasil que permite a nós, tomando as providências que estão sendo tomadas e vêm sendo reconhecidas pelo Banco Central nas atas que ele divulga… Penso que temos um espaço [para reduzir juros] que o mundo não tem”, disse.

O ministro participou do evento “E agora, Brasil? A reforma tributária e os desafios econômicos do Brasil”, realizado pelos jornais O Globo e Valor Econômico em Brasília.

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Questionado sobre os desdobramentos globais da falência do Silicon Valley Bank (SVB) nos Estados Unidos, Haddad disse não esperar uma crise sistêmica, mas indicou que o episódio pode impactar os rumos da política monetária em diversas economias.

“Não vi ninguém ainda tratar deste episódio como um Lehman Brothers, mas o fato é que é grave o que aconteceu. O Fed (Federal Reserve, autoridade monetária dos EUA) agiu no final de semana, e vamos ver ao longo do dia se a autoridade monetária do Brasil vai ter que tomar alguma providência em virtude dos efeitos sobre as economias periféricas”, disse.

“Estamos em sintonia fina com os bancos brasileiras e com o presidente do Banco Central. Vamos ter mais clareza ao longo do dia”, assegurou. O ministro também reforçou que o sistema bancário brasileiro é “muito robusto” e enalteceu a governança e regulação interna do setor.

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Durante o painel, Haddad defendeu a realização de debates de questões técnicas sem dogmas, como a questão da meta de inflação no Brasil e o horizonte temporal para que o Banco Central persiga o objetivo. O ministro também defendeu que autoridades monetárias considerem as consequências de suas ações na busca pelo atingimento de metas inflacionárias em momentos de crise.

“As declarações do [Jerome] Powell (presidente do Fed) na semana passada eram de que ele não iria parar aqui, que ia continuar buscando o centro da meta. Mas entra em cena o chamado prudencial. Qual é o limite prudencial que você tem para aumentar juros sem desorganizar a economia como um todo, o setor produtivo? E há setores que vão dizer que vai chegar uma hora que você vai esbarrar nesse limite, em que vai haver mais dificuldades de se buscar o centro da meta em um período muito curto”, disse.

Para ele, após a falência do SVB (episódio que interpretou como consequência de um aumento abrupto nos juros nos Estados Unidos, além de decisões equivocadas da companhia e problemas regulatórios), “as pessoas vão começar a olhar um horizonte mais longo para acomodar as tensões e impedir uma crise maior” que provoque aumento de desemprego.

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No caso brasileiro, Haddad repetiu que “se harmonizarmos a política fiscal e monetária, conseguimos ancorar [expectativas] e navegar em mares internacionais revoltos”. “Estamos preparados para qualquer cenário”, sustentou.

“O Brasil tem um potencial de crescimento acima da média mundial, se nós fizermos ajustes pontuais, mas sem sobressaltos e sem ter compromisso de fazer mudança que não vai impactar positivamente o cenário”, afirmou.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.