Governo prepara resposta emergencial para atingidos por seca no Amazonas e Acre, diz Marina

risco imediato é o desabastecimento das cidades, tanto de alimentos e água como de medicamentos

Reuters

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), assume o cargo, durante cerimônia de transmissão, no Salão Nobre no Palácio do Planalto (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), assume o cargo, durante cerimônia de transmissão, no Salão Nobre no Palácio do Planalto (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)

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O governo federal prepara uma resposta emergencial para atender as populações do Amazonas e do Acre atingidas por uma seca histórica dos rios da região, que inclui envio de medicamentos, água e cestas básicas, antecipação do período de defeso da pesca e liberação de recursos do FGTS, disse nesta quarta-feira (27) à Reuters a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva.

“Temos uma situação que é muito preocupante, por isso o governo federal já estabeleceu uma força tarefa para o caso do Amazonas e provavelmente o Acre vai entrar na mesma situação. É uma estiagem muito grande, prejudicando todo o sistema de transporte, que é fluvial, uma grande mortandade de peixe que já começa a acontecer, risco de desabastecimento”, disse a ministra.

Marina afirmou que o risco imediato é o desabastecimento das cidades, tanto de alimentos e água como de medicamentos. A mortandade dos peixes contamina a água dos rios, que é usada para consumo pelas comunidades. Até agora, segundo a Defesa Civil do Amazonas, 15 municípios estão com estado de emergência decretado, e a seca já atinge 111 mil pessoas, mas esse número pode quintuplicar.

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“Estamos já mobilizando principalmente a Força Aérea brasileira para dar o suporte para esse processo de abastecimento das cidades, e um processo de atendimento com cestas básicas, porque boa parte da proteína das populações vem da pesca, e isso vai ficar prejudicado por algum tempo”, disse a ministra.

O governo trabalha com os Estados nesse atendimento emergencial e também em um de médio prazo, que inclui a liberação do FGTS para as famílias atingidas, e medidas como uma espécie de defeso antecipado, para compensar o fato de que as famílias de pescadores ficaram sem atividade por algum tempo.

“É uma articulação que está sendo feita pela Casa Civil envolvendo os Ministérios do Desenvolvimento Regional, da Pesca, do Transporte, Meio Ambiente e Saúde. São vários setores do governo numa força-tarefa e o Ministério da Integração Nacional e a Defesa Civil cuidam de uma parte mais emergencial e depois os demais ministérios vão desdobrando nas ações seguintes, inclusive a questão da liberação do FGTS também para essas comunidades afetadas”, disse Marina.

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O governador do Amazonas, Wilson Lima, disse que é a pior seca da história no Estado. “Nunca vimos algo assim”, afirmou em entrevista à CNN Brasil.

O governo também destinou 140 milhões de reais para a dragagem de rios e portos na região, já que boa parte do transporte na área é feito por hidrovias.

No longo prazo, disse a ministra, o governo prepara um seminário técnico para discutir a prevenção dos efeitos de eventos climáticos extremos.

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“É um trabalho que vai em duas frentes, a frente da emergência e a frente da prevenção. Então nós teremos um seminário técnico-científico dia 28 para criar uma dinâmica que é inédita no mundo de como prevenir os efeitos deletérios dos eventos extremos. Inclusive vem a representantes das Nações Unidas acompanhar esse seminário”, afirmou.

A seca na Região Norte, assim, como as enchentes e os ciclones no Sul, são resultado do fenômeno El Niño, que aquece as águas dos oceanos e ocorrem periodicamente. Mas, este ano, seus efeitos estão muito superiores aos registrados regularmente. Marina Silva afirma que isso é o resultado de um cruzamento do El Niño com os efeitos do aquecimento global.

“O que está acontecendo é o cruzamento, uma intersecção de dois fenômenos, um natural que é o El Niño e o outro, o fenômeno produzido pelos seres humanos, que é a mudança da temperatura da terra. Esses dois eventos se cruzando há uma potencialização daquilo que seria uma estiagem do El Niño, que é agravada pela mudança do clima em função do aquecimento dos oceanos. É incomparavelmente mais forte e pode vir muito mais amiúde, com muito mais frequência”, advertiu.

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