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Sob impasse sobre sua permanência como presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), o executivo Josué Gomes, herdeiro da Coteminas, recebeu neste sábado o apoio do apresentador de TV Luciano Huck, do ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, o ator Antonio Fagundes e de outros membros do conselho superior de economia criativa da entidade.
“O que mais precisamos nesse momento no Brasil é pacificar e dialogar com toda a sociedade, e testemunhamos seu empenho nessa direção, diz o manifesto de apoio à gestão Josué à frente da Fiesp. A carta também é assinada pelo ex-secretário de Cultura da cidade de São Paulo Alê Yousseff e pela presidente do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM) Elizabeth Machado, além do produtor musical KondiZilla e do presidente da Central Única das Favelas (Cufa) Preto Zezé.
“Defender a democracia e resgatar a importância política da Fiesp no debate público, coisas que o senhor tem feito com tanta competência, deveriam ser motivo de honra e aplauso de todos os membros da entidade”, diz o texto, que repudia o afastamento Josué da presidência da entidade.
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Guerra de versões
Ontem, o vice-presidente Elias Miguel Haddad enviou um e-mail para diretores, conselheiros e presidentes de sindicatos informando que assumiu o comando da entidade de forma interina no lugar de Josué Gomes. Em nota, o herdeiro da Coteminas rebateu seus opositores e disse que não “tem efeito toda e qualquer deliberação tomada em minha ausência”.
A guerra de versões se deu num dia em que Josué se encontrou em Brasília com presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para discutir a indústria de defesa com os comandantes das Forças Armadas.
No comunicado – disparado pelo endereço oficial da Fiesp -, Elias Miguel Haddad disse que a sua nomeação ocorre por decisão de assembleia geral extraordinária. Ele chegou a desmarcar uma reunião convocada por Josué na próxima segunda-feira, 23, para discutir a governança da entidade. O empresário tem 95 anos e, caso a destituição de Josué se confirme, assume o comando de forma interina por ser o vice-presidente mais velho.
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O ato ocorre após decisão da Assembleia Geral Extraordinária, convocada por meio de edital regular a pedido da maioria absoluta do Conselho de Representantes, que, após ouvir os argumentos de defesa e os rejeitar, deliberou pela destituição de Josué Gomes do cargo, na última segunda-feira (16)”, diz o e-mail assinado por Elias Miguel Haddad .
Em nota divulgada pela assessoria de imprensa da Fiesp, Josué disse que recebeu com surpresa a “informação de que teria sido dado posse ao diretor Elias Miguel Haddad”. Há, de acordo com o comunicado divulgado pelo executivo, um “escuso propósito de destituir um presidente regularmente eleito”. O empresário também classificou de “clandestina” a assembleia que votou pela sua saída do cargo.
“Advirto, outrossim, que os responsáveis sofrerão consequências administrativas, trabalhistas e eventualmente em outras esferas, servindo a presente notificação para ciência inequívoca da ilegalidade dos atos praticados nesta tarde, que comprovam a desabrida reiteração de atos ilícitos e a ambição de a qualquer modo ocupar ocupar indevidamente a Presidência”, afirma Josué em nota.
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De acordo com o jurista Miguel Reale Júnior, um dos advogados de defesa de Josué, o empresário deve levar o caso para a Justiça já no início da próxima semana.
Na segunda-feira, 16, Josué não esteve na assembleia que votou pela sua destituição. A defesa do empresário sempre tratou a decisão como um “golpe”. O executivo participou de uma assembleia anterior, convocada por ele para o mesmo dia, para explicar pontos questionados da sua gestão, como a acusação de que tem pouco interesse por assuntos setoriais.
Disputa política
Nos últimos meses, a Fiesp tem sido palco de uma disputa entre empresários ligados a Jair Bolsonaro (PL) e os que são considerados mais próximos do presidente Lula.
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O embate político dentro da instituição começou a ficar evidente com o manifesto a favor da democracia, divulgado em agosto do ano passado nos principais jornais do País. Uma parte da entidade avaliou que a carta tinha como objetivo atingir Bolsonaro, então candidato à reeleição.
Embora a Fiesp tenha sede em São Paulo, seus posicionamentos têm repercussão nacional. Em 2015, por exemplo, ainda presidida por Paulo Skaf, foi uma das principais vozes a favor do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
O manifesto também marcou o rompimento definitivo entre Josué e Skaf, que ficou 18 anos no comando da entidade e passou a estimular um movimento contra o seu sucessor. Skaf sempre foi aliado de Bolsonaro.
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