Eurasia eleva chance de aprovação da Previdência para 80% e lista 4 gatilhos

Apesar de tsunami político, consultoria vê ambiente mais favorável para a proposta entre deputados e senadores

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Apesar das dificuldades enfrentadas pelo governo Jair Bolsonaro (PSL) no Congresso Nacional e do primeiro percalço nas ruas após contingenciamento na educação, o cenário para a aprovação da reforma da previdência melhorou em maio. Essa é a avaliação da consultoria de risco político Eurasia Group, que monitorou a mudança de humor dos deputados e senadores sobre o tema ao longo dos últimos meses.

Segundo o levantamento, distribuído pela consultoria na última quarta-feira (15), o número de deputados federais autodeclarados contrários à reforma diminuiu de uma faixa de 149 a 209 em março para um nível entre 128 e 172 em maio. Os tombos foram observados tanto entre siglas da oposição – como PSB e PDT –, quanto no PSL, que apresentava postura mais errática sobre o tema alguns meses atrás. Praticamente todas as siglas do chamado “centrão” também registraram diminuição nas taxas de resistência à proposta apresentada pelo governo.

No campo da oposição moderada, alguns deputados têm indicado a possibilidade de votar a favor da proposta, desde que sejam alterados pontos específicos. A deputada Tabata Amaral (PDT-SP), um dos ícones da sigla em seu primeiro mandato, ganhou os holofotes ao defender publicamente a necessidade de se reformar o atual sistema previdenciário. A parlamentar, porém, critica mudanças no BPC (Benefício de Prestação Continuada) e nas aposentadorias dos professores previstas na PEC (Proposta de Emenda à Constituição).

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O levantamento foi feito em parceria com a Bites, consultoria especializada no monitoramento das redes sociais. Em uma parte, a equipe da Eurasia em Brasília aplicou questionários a líderes partidários, funcionários dos gabinetes e congressistas. Na outra, o time da Bites monitorou o que deputados e senadores estavam dizendo sobre a reforma nas plataformas digitais e em veículos tradicionais de mídia. Em ambos os casos, houve recuo no grupo contrário à reforma.

A percepção de melhora levou a Eurasia a aumentar sua projeção para a aprovação da proposta de 70% para 80%. São 20% para uma reforma robusta, com economia superior a R$ 700 bilhões em dez anos; 50% para uma reforma moderada, com economia entre R$ 500 bilhões e R$ 700 bilhões; e 10% para uma proposta diluída, com impacto fiscal inferior a R$ 500 bilhões. A probabilidade atribuída ao fracasso da PEC é de 20%.

Os motivos para o ambiente mais favorável, contudo, podem não estar relacionados a ações do governo. Apesar da recriação dos ministérios das Cidades e da Integração Nacional ter mostrado alguma inclinação do presidente a dar espaço a parlamentares de centro, dizem os analistas, há uma persistente má vontade em do mundo político em relação à administração Bolsonaro.

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Para a Eurasia, quatro fatores que podem ter ajudado na melhora de humor para a reforma capturada pelo levantamento. Seriam eles: 1) o maior medo de uma crise econômica; 2) possibilidade de diluição da proposta (atendendo a múltiplos interesses de congressistas); 3) a opinião pública não tem se mostrado mais refratária à reforma; 4) o papel desempenhado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

Na avaliação dos analistas, parlamentares de centro têm buscado um equilíbrio entre o fracasso em aprovar qualquer reforma com a eliminação de elementos da proposta para mitigar os riscos de uma reação popular – o que corrobora com um cenário de aprovação com diluições na versão original.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.