Em Brasília, Lavrov agradece esforços do Brasil para solucionar conflito na Ucrânia

Chanceler brasileiro Mauro Vieira repetiu a proposta brasileira para criar um grupo de países mediadores

Luís Filipe Pereira

O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, discursa na 76ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, na sede da ONU, em 25 de setembro de 2021 na cidade de Nova York. (Foto de Eduardo Munoz/Pool via Getty Images)
O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, discursa na 76ª Sessão da Assembleia Geral da ONU, na sede da ONU, em 25 de setembro de 2021 na cidade de Nova York. (Foto de Eduardo Munoz/Pool via Getty Images)

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O ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, agradeceu, nesta segunda-feira (17), o Brasil pelo que classificou como esforços para resolver o conflito na Ucrânia.

Lavrov e o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, falaram com jornalistas após uma reunião em que discutiram planos para fomentar as transações comerciais entre os países, envolvendo a exportação de carne bovina brasileira e a venda de fertilizantes russos.

No encontro, o chanceler Mauro Vieira repetiu a proposta brasileira para criar um grupo de países mediadores do conflito que já dura mais de um ano. Até agora, entre as nações ocidentais, apenas o presidente francês, Emmanuel Macron, mostrou apoio à iniciativa.

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“Agradecemos aos nossos amigos brasileiros pela clara compreensão da gênese da situação (na Ucrânia). Agradecemos o desejo de contribuir para encontrar caminhos para resolver esta situação”, disse Lavrov antes de encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Desde o início da guerra, o ministro de Vladimir Putin tem se colocado como porta-voz das ações russas durante a operação militar na Ucrânia, em declarações contrárias à ingerência da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nas questões de defesa no continente.

Em artigo assinado no jornal Folha de S. Paulo na última semana, Lavrov disse que a invasão ao vizinho se trata de uma resposta ao fato de Estados Unidos e União Europeia tentarem reduzir a influência russa na região. Lavrov também acusou o país de Joe Biden de impedir o desenvolvimento de novos centros mundiais, no que chamou de tentativa de estabelecer uma ordem “unipolar neocolonial”.

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No mesmo artigo, o chanceler russo pontuou que América Latina e Caribe desempenham papel importante para a ordem mundial multipolar e possuem posição prioritária na agenda de política externa da Rússia. O ministro de Putin defendeu uma relação de cooperação que priorize a autonomia das nações da região, e reforçou que não tem intenção de dar ao campo das relações internacionais um caráter de palco para embate ideológico entre potências.

No fim de semana, antes de embarcar na China após visita a Xangai e Pequim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu a criação de um grupo de países para discutir alternativas para o fim da guerra. Lula tem persistido na tese de encontrar uma saída para intermediar o conflito, e criticou o fornecimento de armas dos Estados Unidos para o exército ucraniano.

Se por um lado a ideia de Lula de criar uma comissão de países para discutir o término do conflito causa ruídos na interlocução com Washington e desagrada analistas internacionais que veem maior responsabilidade do país de Putin sobre as mortes causadas na guerra, por outro existe a compreensão de uma sinalização estratégica do Brasil de buscar protagonismo no gerenciamento de grandes questões envolvendo política internacional.

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Em um gesto semelhante, Lula trouxe para si a responsabilidade de mediar um acordo nuclear iraniano durante seu segundo mandato presidencial. Na época, havia preocupação crescente da comunidade internacional com a possibilidade do país persa aproveitar pesquisas sobre enriquecimento de urânio para expandir seu arsenal nuclear. Em um esforço diplomático com a Turquia, o país participou de longa negociação com os iranianos.

Com a assinatura da Declaração de Teerã, foi reforçado o compromisso iraniano com o Tratado de Não Proliferação Nuclear. No entanto, as bases do acordo acabaram não sendo ratificadas pelas potências que possuem assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU).

(com Reuters)

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