Chico Buarque recebe Prêmio Camões com quatro anos de atraso

Quando o artista venceu a indicação à honraria, Jair Bolsonaro se recusou a assinar o diploma da premiação, o que atrasou a cerimônia

Reuters

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O músico e escritor Chico Buarque recebeu o prêmio literário de maior prestígio da língua portuguesa nesta segunda-feira (24), em cerimônia realizada quatro anos depois de sua vitória devido a um impasse causado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.

Em 2019, Buarque foi prestigiado com o Prêmio Camões, que todos os anos reconhece um autor de um país de língua portuguesa. No passado, o prêmio foi dado a nomes como o português José Saramago e a moçambicana Paulina Chiziane.

A honraria, batizada em homenagem ao poeta português Luis de Camões, foi criada por Portugal e Brasil em 1988. Cada país contribui com 50 mil euros para o prêmio.

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Quando Buarque o venceu, Bolsonaro se recusou a assinar o diploma da premiação, o que atrasou a cerimônia.

O artista, reverenciado no Brasil como um herói nacional pelas suas músicas políticas contra a ditadura militar, é um apoiador do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, e criticou abertamente as políticas culturais de Bolsonaro.

Durante seu governo, Bolsonaro fechou o Ministério da Cultura e o reduziu a uma secretaria dentro do Ministério do Turismo.

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“Quatro anos de um governo funesto duraram uma eternidade, porque foi um tempo em que o tempo parecia andar para trás”, disse Buarque durante a cerimônia realizada em um palácio em Queluz, perto da capital portuguesa.

“Aquele governo foi derrotado nas urnas, mas nem por isso podemos nos distrair, porque a ameaça fascista persiste, no Brasil, como um pouco por toda a parte”, acrescentou.

O salão do palácio estava lotado de políticos, escritores famosos e outros artistas, que aplaudiram de pé a entrada de Buarque. Seu trabalho inclui romances premiados, como Estorvo e Budapeste.

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Buarque também foi um oponente da ditadura militar no Brasil, que começou em 1964 e durou duas décadas.

Lula chegou em Portugal na sexta-feira para uma visita de cinco dias, sua primeira à Europa desde que foi empossado como presidente, e compareceu ao evento de Buarque.

“É uma satisfação corrigir um dos maiores erros e um dos maiores absurdos cometidos contra a cultura brasileira nos últimos tempos”, disse Lula. “O ataque à cultura, em todas as suas formas, foi uma dimensão importante do projeto que a extrema direita tentou implementar no Brasil”

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